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Friday, March 14, 2008

Virtual Realidade Parte 128


Eduardo e Miguel tinham saído e Sandrine voltou ao quarto de Rita.
─ Agora sim, vamos transformar a Gata borralheira numa Cinderela. ─ disse Sandrine pondo mãos à obra.
─ O Francisco está prestes a chegar e eu ainda assim feia, horrorosa, sem os teus pozinhos mágicos ─ queixou-se Rita, impaciente.
Emília, atenta às outras duas, notou um brilhozinho nos olhos de Sandrine e perguntou:
─ O passeio correu bem?
─ Merveuilleusement! ─ respondeu a visada suspirando com ar sonhador, como quem se debruça sobre uma felicidade interior de que só ela possui o segredo e que os outros não entendem.
─ Hum, aí há coisa! ─ notou a irmã torta, que a conhecia muito bem, apesar de não saber ainda do encontro com o médico. ─ Não te distraias de me arranjar, mas conta-nos tudo!
Enquanto mudava o visual de Rita, a jovem partilhou com as amigas o seu passeio matinal revivendo o encontro com Miguel. Fora uma extraordinária coincidência. Tinha gostado do encontro, ansiara por ele desde que tinha conhecido o jovem médico. ─ confessou às amigas ─ Há muito tempo que não se interessava por ninguém e um novo sentimento tomava-lhe conta da alma.
─ E eu aqui desesperada à tua espera! ─ Queixou-se Rita a sorrir
─ Desculpa, maninha!
─ Se foi por uma boa causa, estás desculpada! Ele beijou-te?
─ Sim, beijou.
─ E foi bom?
─ Maravilhoso! ─ respondeu sonhadora, como se estivesse ainda a saborear aquele beijo trocado na praia, revoltantemente interrompido pelo toque do telemóvel de Miguel.
─ Estás apaixonada, menina, confessa! ─ disse Rita, continuando a suspirar pelo Francisco.
─ É difícil encontrar o nome certo do que sentimos por pessoas que mal conhecemos, emoções que emergem de uma forma tão repentina e intensa, mas tu entendes-me.
─ Pelo que contaste, estás mesmo interessada nele e ele em ti. Que pena amanhã já teres que ir embora! Não haverá uma maneira de trocares com uma colega? Assim terias mais tempo para o conheceres melhor.
─ Tenho alguma esperança de encontrar um colega que não se importe de trocar comigo. Vou ver o que posso fazer. As meninas mantêm a boca fechada, se fazem favor, quero ser eu a surpreendê-lo!
─ A minha boca não se abrirá. ─ Disseram as duas em uníssono, trocando um olhar de inteligência.
Finalmente, Rita ficou deslumbrante. Sentia-se uma verdadeira princesa à espera do seu príncipe. Rodopiou pelo quarto contentíssima com a sua transformação.
─ Pronto maninha, podes ir ao encontro do teu amado. Agora vou eu tratar de mim, senão o meu príncipe chega e eu aqui feita gata borralheira.
O semblante de Emília suavemente entristeceu. A voz do coração fez eco e era uma imensa saudade que tinha da família, principalmente do namorado, memórias que a invadiam. Ela também desejava ter o namorado ali a seu lado e ele estava a milhas de distância.
A Internet era o ponto de encontro deles, mas naquele momento não era o suficiente. Desejava muito mais do que isso e, ao ver a felicidade das amigas, não se conteve e naufragou nas suas próprias lágrimas, retirando-se para não ser notada.
Ao sair do quarto, cruzou-se com Luísa e tentou limpar rapidamente as lágrimas com as costas da mão, mas demasiado tarde:
─ Que se passa, querida, choras?!
─ Estoy comovida com a felicidade das duas.
─ Das duas?!
─ Si, das tuas duas hijas!
─ Queres dizer, da Rita?
─ Desculpa, elas que te contem. ─ respondeu evasiva. Logo depois, achando no fundo da alma um sorriso sincero cheio de ternura, acrescentou, abraçando a mãe da amiga: ─ Gosto muito de vocês todas!
─ Também gostamos muito de ti! ─ disse Luísa comovida. ─ Tenho de ir para a cozinha.
─ Te ayudo.

Em silêncio, Rita aproximou-se do namorado que se encontrava num dos recantos do jardim ouvindo o chilrear dos pássaros. O aroma da natureza fazia-se sentir ─ pinheiros, arbustos e pequenas flores silvestres faziam parte do pequeno jardim. ─ Ao longe avistava-se o grandioso manto azul do mar. Absorto naquele belo cenário, foi despertado por uma voz doce e inconfundível:
─ Bom dia amor, desculpa a demora.
Virou-se pausadamente e os seus olhos admiraram a bela mulher que tinha à sua frente.
─ Mas que sedutora! Valeu bem a pena esperar!
─ Achas mesmo que estou linda, amor?
─ Estás maravilhosamente deslumbrante!
Rita ergueu os braços, rodeou-lhe o pescoço e apertou-o contra ela.
Foi um beijo longo e apaixonado, abandonando-se no silêncio do momento tão desejado.
Ainda com o desejo preso nos lábios, eles olharam-se na dimensão daquele amor.
─ Parabéns mais um vez, minha linda Princesa! Amo-te muito.
Francisco tirou do bolso um pequeno estojo que abriu. Em seguida, tomou a mão de Rita e colocou no seu dedo um anel com uma esmeralda.
Rita, emocionada, com uma lágrima ao canto do olho, disse:
─ Obrigada amor! É belíssimo, gosto muito, mas o maior presente és tu que me ensinaste a sorrir e a ser verdadeiramente feliz.
Corpos encostados, beijavam-se e o beijo sedento descia às profundezas das suas almas. Procuraram um refúgio para estarem mais à vontade e não serem surpreendidos pelos convidados que, entretanto, começariam a chegar. Entraram na pequena cabana, ao fundo do jardim, que Luísa fazia de baú para as velharias.
Daniel já se encontrava na sala de jantar a preparar as bebidas que iriam ser servidas. Emília e Luísa estavam atarefadas de volta do pato com laranja, que era um dos pratos preferidos de Rita. A mãe queria mimar a filha naqueles dias de férias.
Cristina e Rui chegaram. Depois dos cumprimentos, logo se prontificaram a ajudar a dona da casa e Cristina perguntou pela aniversariante e pelo resto do pessoal.
Luísa, em poucos segundos, contou as novidades.
─ Estou preocupada, já foram há bastante tempo. Só se o Eduardo ainda teve que ir à Marinha Grande comprar as velas. O almoço está pronto. A Rita deve estar no jardim com o namorado, não os viste?
─ Não reparei, mas deixa-os namorar à vontade!
─ Namorar é tão bom! Se eu pudesse faria o mesmo. ─ disse Rui com um grande sorriso brincalhão.
─ Com quem, amor? ─ perguntou Cristina, embevecida.
─ Contigo, ora!
─ Vá lá, pombinhos! Há trabalho para fazer. A vida não é só namorar, já tiveram a noite toda! ─ disse Luísa tentando, a brincar, chamá-los à razão.
Sandrine apareceu junto delas, simplesmente bela e Luísa que ainda não sabia de nada admirou-se do preparo. Os elogios começaram a cair como se fossem pétalas perfumadas.
─ Parece que vai haver casamento e que tu és a noiva. Mas que linda estás! ─ disse Cristina
Rui não te conteve e disse com um ar maroto, sem tirar os olhos de cima da bela francesa:
─ Tenho a sensação de ter morrido e estar no Olimpo rodeado de três belas ninfas, mas a verdade é que me sinto bem vivo!
─ Vê lá para onde estás a olhar, meu maroto! ─ admoestou Cristina, baixo, dando-lhe uma pequena cotovelada.
O par de namorados acabara de entrar e ainda ouviram as últimas palavras de Rui.
─ Olimpo, três belas ninfas… eu vejo quatro, mas para me sentir no paraíso basta-me a minha ─ disse Francisco, olhando embevecido para a namorada com quem vinha ternamente abraçado.
─ Estás a ver, assim é que é! ─ disse Cristina, chamando a atenção do namorado e puxando-o pelo braço.
Todos caíram em estridente gargalhada.
Após uns minutos, chegou Eduardo, acompanhado de uma linda mulher, a escritora Sara, e do sobrinho.


Continua...

14 Comments:

Anonymous Anonymous said...

(Ai que lá se vai a minha querida Sandrine, apaixonou-se pelo médico forasteiro... estou desolado!)... sorrio!!!

Mas, se neste momento e nesta casa fossem medidas as tensões arteriais e emocionais a esta gente, elas batiam no tecto... isto por aqui anda a mil e tal batimentos e badaladas por suspiros... lolll...

É só amor e paixão e namoro... derreto-me todo ao sentir tanta coisa boa que por aqui se vive e respira!
(E já agora também me deslumbra o cheiro a pato caraças loll).

Mais um capítulo lindissimo meus amigos... e sempre bem escrito!

Beijinho e abraço!

6:56 am  
Blogger PoesiaMGD said...

Muito boa esta forma de contar! Imaginação, delicadeza, suspense... todos os condimentos!
Um abraço

11:03 am  
Blogger Papoila said...

Mais um capitulo cheio de amor e ternura nesta vossa forma de contar histórias de encantar.
Beijos

1:59 pm  
Blogger Teresa lucas said...

esta semana a minha visita foimai tadia, mas deu oportunidade para ler mais demoradamente este capitulo.A alegria e o amor continuam a anda no ar e de mãos dadas. beijos e até ao proximo capitulo

5:21 pm  
Blogger Teresa lucas said...

esta semana a minha visita foi mais tardia.
Agora sim. lolol, ai este teclado

5:22 pm  
Anonymous Anonymous said...

Ola querida amiga, mais um capitulo muito romântico, estava a precisar... as minhas emoções andam muito por baixo, esta lofada de romatismo fez-me sonhar por uns momentos...mais uma vez obrigada beijinhos

9:02 pm  
Blogger Carla said...

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Uma Páscoa Muito Feliz
Beijos

10:40 pm  
Anonymous Anonymous said...

Amigos a Estoria continua interessante! Páscoa Feliz

7:33 pm  
Blogger Miguel Augusto said...

Namorar é de facto muito bom! Quando se sente aquele desejo continuo de descoberta é tão bom! Continuem estou a gostar muito!

1:26 am  
Blogger Nilson Barcelli said...

O vosso romance tem um número de personagens já bastante grande, mas têm conseguido articular todos eles numa trama bem montada.
Continuem...

Leitura em dia, aproveito para vos desejar uma Boa Páscoa.

Beijinhos e abraços.

11:30 am  
Blogger tb said...

pois é e lá estou eu a comentar tardiamente embora já tivesse lido o pedacinho de boa leitura que sempre nos porporcionam com o desenrolar da vida desta história, mas n podia na altura colocar aqui as minhas impressões. Nunca é tarde e por isso cá fica.
Parabéns!
Beijinhos

8:07 pm  
Anonymous Anonymous said...

uauuuuuuuuuuuuuu as emoções estão todas ao rubro mesmo.... tudo bem encantado... e tem ninfas e eu gosto de ler assim..
e a escrita é uma maravilha, porque «corrida» e por isso é prazer ler... não vale apena repetir o que já disse noutros capítulos sobre a naturalidade que nos transporta ao mundo que é descrito

sorrisos @@@

3:26 pm  
Blogger lena said...

as emoções estão cada vez mais contagiantes

cinderela, um sonho não sei em que idade...

é um prazer estar e ler-vos.

é entrar na vossa "aventura" escrita em cada capítulo,

é viajar e deixar-me levar pela vossa criatividade, pela beleza de cada instante

obrigada por me proporcionarem momentos como este

um abraço para além da virtualidade e o meu beijo queridos amigos

lena

6:16 pm  
Anonymous Anonymous said...

Parte 128 - Ai, Jesus! Tudo reunido... (Não sei não, isto está a ficar difícil)

3:43 pm  

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