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Friday, April 04, 2008

Virtual Realidade Parte 130


Francisco olhou para o monitor e o seu rosto ia-se desfigurando de estupefacção à medida que o programa se ia abrindo.
No notify de Rita, apareceu o nick Imagem que era o nick que ele usava no MIRC.
Ela insistiu em teclar com Imagem, mas ele não respondeu.
Francisco não se conteve mais e disse:
─ Amor, não insistas que ele não te vai responder!
─ Sim, já verifiquei, ausente há várias horas; mas como tens tanta certeza disso? Pode aparecer a qualquer momento.
─ Não pode. ─ respondeu ele com um sorriso enigmático ─ Então afinal o nick atiR é teu! Eu bem sabia, e tu negavas sempre!
─ Não estou a perceber como é que podes saber que ele não aparece e muito menos que este nick era meu. Alguma vez teclámos sem sabermos quem éramos? Imagem é um amigo virtual do IRC.
Sempre a sorrir, mas ainda sob o efeito da surpresa, Francisco continuou:
─ Quando esse teu amigo virtual te perguntou se o teu nome era Rita, tu negaste, não é verdade?
─ Mas o que se passa, não entendo nada! Como sabes isso?
─ Querida, olha para mim! Esse teu amigo virtual está na tua frente. O nick Imagem é meu.
Rita abriu muito os olhos para ele como quem ainda não entendia bem o que acabara de ouvir.
─ Se o nick é teu quem é que o está a usar agora, amor?
─ Esqueci-me de desligar o computador em casa do Daniel.
─ Ah! Deixa ver então… quer dizer que…eras tu!
─ Claro. Eu até adivinhei que o teu nome era Rita e tu negavas sempre.
─ E eu ficava a pensar, “mas que espertinho!” Ah, ah, meu malandro, tu também me mentiste, dizias que eras Hugo.
Rita começou a rir e abraçou-se a ele.
─ Que alegria seres o meu amigo virtual! Eu simpatizava muito com ele. Tinha até a impressão de que estava apaixonada.
─ Quer dizer que andavas a pensar trocar-me por outro que era eu mesmo. Confessa tudo!
─ Ora, tu não gostavas da atiR? Eu bem via como te fazias a ela, meu maroto! Andavas a pensar trocar-me por mim. E o Imagem sabe muito bem que nunca me fiz a ele.
─ Que gracinha!
─ E não é verdade?
─ Confesso tudo, mas tenho uma atenuante!
─ Ai tens?! E qual?
─ Eu sabia que eras tu.
─ Não tinhas a certeza.
─ O coração não me enganava.
─ É uma boa desculpa! A quantas mais te fizeste, amor? ─ perguntou ela a brincar.
─ Ah, ah, ah! Só tenho olhos para ti, fofinha! Sabes bem disso.
─ Sei?
─ Eu mostro-te.
Francisco abraçou a namorada e, beijando-a nos olhos, no nariz, no rosto, nos lábios, no pescoço, empurrou-a suavemente até à beira da cama fazendo-a sentar-se. Rita deliciada deixava-se conduzir. A mão dele começou a acariciá-la nos joelhos, subindo lentamente sob o vestido até ao cimo das coxas. Nesse momento puxou-a para baixo obrigando-a a deitar-se e estendeu-se ao lado dela continuando as carícias enquanto com a outra mão lhe abria o decote.
─ Amor, ─ pediu Rita, dominando a ansiedade ─ não vamos fazer isto agora, estão à nossa espera.
─ Tens razão. ─ concordou ele levantando-se.
─ Quero confessar-te uma coisa.
─ Sim…
─ Quando o fizermos, será a minha primeira vez. Promete que vais ser paciente e carinhoso comigo, prometes?
─ Não o tenho sido sempre, amor?
─ Claro que tens! Não é isso. Parece idiota neste tempo, mas a verdade é que tenho algum receio. Até tenho vergonha da minha ingenuidade.
─ Não digas isso e confia em mim. É verdade que não esperava. ─ disse Francisco a sorrir carinhosamente.
─ Nunca gostei verdadeiramente de ninguém como de ti. Nada me obrigava a ter sexo sem estar apaixonada.
─ Ainda estou a pensar na atiR, a minha amiga virtual. Sempre que falava com ela, parecia-me que eras tu. Tínhamos tanta coisa em comum. Comecei no IRC há uns dez anos. Conheci muita gente, gente boa, gente que não presta. Mas o mais importante é que fiz algumas amizades embora não tenha conhecido nenhuma ao vivo.
─ Eu comecei precisamente há um ano. A minha mãe ofereceu-me um computador pelo meu aniversário no ano passado.
─ Ali ninguém nos julga pela maneira como nos apresentamos, pelos nossos gestos. Podemos reflectir antes de falar, pensar antes de responder. Ninguém lê a nossa linguagem corporal nem os nossos olhos. Ninguém nos vê chorar. Não nos censuram o riso e não se mostram impacientes quando não lhes interessa aquilo que dizemos.
Outros por ninguém os conhecer dizem asneiras, palavrões, parvoíces, julgando-se muito engraçados e modernos sem perceberem a falta de respeito que estupidamente manifestam por si mesmos pela imagem que exibem.
─ E só falam de sexo sem tacto nenhum, nem maneiras. Tenho ouvido cada uma!
─ O nível geral é muito baixo. Isso fica evidente quando tentamos introduzir algo mais sério: os neurónios entram-lhes em curto-circuito e não conseguem acompanhar.
Francisco, carinhosamente, abraçou-a de novo e continuaram a trocar impressões sobre o IRC.

Ao cair da tarde, Miguel levou Sandrine ao seu sítio predilecto: uma pequena praia, nos arredores de S. Pedro de Muel chamada Pedras Negras.
Sorridente e conhecendo perfeitamente o local, ela manteve-se calada para não estragar a surpresa que Miguel lhe queria fazer.
Bebia cada letra, cada palavra da melodia que passava no rádio do carro, cantada por Maria Bethânia. A melodia era Emoções. Sentia as emoções ao rubro.
Chegados, Miguel saiu do carro e, abrindo-lhe a porta, convidou-a a sair para apreciar a bela paisagem que se avistava daquele local ermo.
─ Apresento-te o meu refúgio. Sempre que quero mergulhar no silêncio venho até aqui.
─ Não quis estragar-te a surpresa, mas tenho que te confessar que também este é o meu local favorito. Era para aqui que vinha desenhar o meu futuro. Custa-me viver longe dele.
O mar é lindo e proporciona momentos de paz, tranquilidade, serenidade e ao mesmo tempo paixão!
─ Eu também adoro o mar, mas nem sempre posso passar o tempo que desejaria.
Tranquilamente, subiram a duna apreciando o pôr-do-sol em tons de rubro e cinza. Em seguida, de mãos dadas, desceram à praia. Amena, perfumada e agradavelmente romântica, a noite começava a tombar e a lua espreitava o sol que se despedia suavemente no horizonte.
Sandrine fechou os olhos por instantes para se proteger daquele olhar sedutor que a atordoava; o seu corpo tremia, ansiando o corpo dele. Num ápice sentiu o corpo de Miguel junto ao seu, olharam-se bem no fundo nos olhos, aproximaram-se devagarinho, sentiram a respiração em conjunto com a maresia, colaram os lábios e abraçaram-se fortemente.
As suas bocas deliciaram-se num beijo apaixonado e profundo, as mãos deslizavam e eles vibraram com o momento mágico.
O Miguel foi o primeiro a reagir, suavemente reprimiu os seus desejos. Queria de Sandrine muito mais do que uns momentos de prazer. Sentiu por ela, logo que a viu, uma atracção muito forte e sabia que ela sentia o mesmo da forma como tinha correspondido aos seus carinhos.
Sandrine percebeu a luta que Miguel travava consigo próprio e disse com ternura.
─ Vamos embora! Proponho uma corrida até ao carro.
Miguel corria atrás dela, parecia uma gazela, só que ele não sabia que ela fugia de si própria.
De volta a casa, a rádio tocava a mesma música que tinha ouvido uma hora antes e essa canção seria a deles. Marcava o início de um novo amor nas suas vidas.
O ambiente em casa de Luísa continuava em festa.
Sara e Luísa, tinham simpatizado uma com a outra; o mesmo não tinha acontecido com Cristina que estava de pé atrás. Achava algo de estranho naquela amizade entre Sara e Eduardo e temia pela amiga. Chegou mesmo a comentar com o namorado sobre a sua desconfiança, mas este sossegou-a, dizendo que ela via sempre coisas onde não existiam. Conhecia bem o Eduardo, não era homem para manter duas relações ao mesmo tempo.
Luísa, naquele momento, informava Sara dos locais que poderia visitar em S. Pedro de Muel, mesmo sozinha tudo ficava perto.
─ Aconselho a visita ao farol, é uma experiência interessante; fica-se a conhecer o funcionamento de toda a maquinaria que faz com que a luz funcione desde o entardecer até ao nascer do sol, sem falha.
E não deixes de visitar a Casa Museu Afonso Lopes Vieira, que viveu entre 1878 e 1946. Fica a 1 km do farol de s. Pedro, no sentido sul ao fundo da marginal. É mesmo junto ao mar, no coração de S. Pedro de Muel. E depois, em redor, há praias pequeninas que têm paisagens belíssimas. Mas aí já precisas de carro ou, se gostares de andar a pé, torna-se um passeio muito agradável.
─ Obrigada pelas dicas. O Miguel vai trabalhar e eu irei explorar esses recantos.
Estava na hora de jantar, apenas faltavam Sandrine e o médico.
─ Esperamos mais um pouco! Disse Luísa, compreensiva pela demora dos dois.
Sara sentiu-se feliz pelo sobrinho que tinha certamente encontrado o amor.

Continua...

12 Comments:

Blogger tb said...

Continua interessante a história qeu nos vai relatando os amores e desamores das personagens. .)
Agora é esperar mais um semana. :)
Beijinhos

10:28 pm  
Blogger Teresa lucas said...

beijos e boa semana.

10:59 pm  
Anonymous Anonymous said...

Delicioso!
Tão doce!
Bom fim de semana.
Bjs de Luz*

7:28 am  
Anonymous Anonymous said...

aiiiiiiiiiiiiiiii fiquei apaixonada por este capítulo... as «cenas» virtuais... as cenas reais!!! poixxxxxxxxxx e a naturalidade com que são pintadas é uma maravilha! até eu me prendi por uma sara que foge de si própria e um arita que descobre caminhos de amor...
como de costume a maneira intimista até como as cenas são descritas prendem-nos e ficamos ali na pele das personagens...
fico encantada...
um sorriso e obrigada pela partilha @@@

4:31 pm  
Blogger Miguel Augusto said...

Eu sou suspeito pois conheço bem o local! E sim, recomendo vivamente uma visita ao farol, é magnífico! A vista, a escadaria, tudo!

7:07 pm  
Anonymous Anonymous said...

Saudades!!! E vim mata-la...li e reli...Apaixonante...Cuidem-se, fiquem bem e bjs mil

8:05 pm  
Anonymous Anonymous said...

Interessante isto escritores como aos poucos vão revelando o que perceberam no Mirc... agora tou rindo mesmo meus amigos!

É sempre engraçado quando conhecemos alguém no real, depois de muito tempo vivido no virtual... as coisas tornam-se bem diferentes... que o digam Francisco e Rita!

E nestes lugares aprazíveis de S.Pedro de Muel, com seus cantos, suas praias, dunas e mar... estes casalinhos não conseguem resistir à fonte do amor e desejo... e isto promete muito nos próximos capítulos!

Há intriga também por estes lados, que o diga Cristina... Sara, Luisa e Eduardo vão mesmo entenderem-se... agora que há maior intimidade entre eles???

Isto está muito interessante, vou esperar para ver no que dá os próximos capítulos!!!

Beijinho e abraço!

7:14 am  
Anonymous Anonymous said...

Ola amigos Isa e Luis :)

...e a vida continua ...

Deixo os meus desejos de um b f semana

beijocas***

10:35 pm  
Blogger O Lápis said...

Isa & Luis,

Obrigada pelas palavras de incentivo deixadas lá.

Era realmente hora de renascer, mas a estrada é longa e as asas também perdem as forças :)


Mas voltamos a voar :)


Um beijo e sempre um muito obrigada!

1:11 am  
Blogger Maré Viva said...

Inesgotáveis, as vossas histórias, mas sempre actuais e bem escritas, a pedirem-nos que voltemos para a semana, em busca de novidades...
Bom fim de semana, meus queridos, um beijinho de agradecimento pela gentil visita.

3:37 pm  
Blogger lena said...

aqui tudo esteve perfeito

até a mesa...

o mar testemunha do amor, da entrega, tão bem descrita

vi a praia e a emoção dos dois


um sentir tranquilo, mas profundo


amei! o cheiro a maresia veio até mim


perfeita a conversa do irc, um mergulhar na virtualidade que tão bem se transformou em realidade

os capítulos vão passando, eu continuo agarrada a cada um. com a mesma ansiedade do primeiro que li

parabéns por me prenderem

o meu carinho num abraço nosso e beijinhos aos dois

lena

10:30 pm  
Anonymous Anonymous said...

Parte 130 - atiR e Imagem conversam e descobrem-se; Sara o centro de atenções.

4:26 pm  

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