Virtual Realidade Parte 04

─ Lembras-te, Rita, quando vimos esta casa pela primeira vez?
─ Sim, mãezinha! Foi como que amor à primeira vista. Ficamos apaixonadas por todo este espaço, a que podíamos confortavelmente chamar o nosso lar.
Era uma pequena casa de planta baixa composta por dois quartos, uma grande sala de jantar, com uma sacada que abria para uma varanda, uma óptima cozinha e ainda uma outra sala mais pequena. E tinha um enorme jardim, onde canteiros de agapantos e hortênsias intervalavam zonas relvadas com tufos de arbustos. Luísa tinha mandado colocar um baloiço, um espaço com areia da praia, para que as crianças do orfanato pudessem brincar quando iam lá a casa passar o fim-de-semana. Da varanda olhavam ambas para aquela imensidão de água, numa calmaria em tons de azul e verde. Luísa entrou dentro de casa e sentou-se na frente do monitor; mds já lá estava.
─ Olá, já jantaste?
─ Sim! E tu?
─ Eu também.
─ Já estava à tua espera. Vais agora descrever-te para mim conforme ficou prometido?
─ Sim, uff, não é fácil! Lolololol, a gente contar as nossas coisas para um rosto que não se vê. Não leves a mal, estou nervosa! J Vamos a ver se começando isto passa…
─ Fica calma, não custa nada. Lembra-te de uma coisa…tudo o que me contares é como se não contasses.
─ Como assim?!
─ Assim mesmo: se a gente por acaso se cruzar numa rua, não nos reconheceremos.
─ Tens razão! Não tinha pensado nisso. Mas isso também é válido se mentirmos.
─ E que lucraríamos nós em mentir se precisamente nunca nos vimos e não nos reconheceríamos se isso acontecesse? Acho que as pessoas só mentem se tiverem alguma vantagem nisso.
─ Ok! Vamos a isso…J
─ Fisicamente, tenho 1.60 de altura, e peso 58kg.Cabelo louro curto, olhos verdes e azuis lolol. Psicologicamente sou impulsiva, amiga do meu amigo, e muito meiga. Vais também, ao longo do tempo, ver que não falo por falar.
─ Acho bem J. Eu por mim ando aqui como quem não tem nada a perder e não quer ganhar nada.
─ O que queres dizer com isso?
─ Quero dizer que o únicos motivos que me fazem andar aqui são, conhecer melhor as pessoas, trocar ideias e fazer uma ou outra amizade. Também ajudarei quem precisar de saber alguma coisa que eu saiba. Aprender e ensinar são duas das coisas que mais gosto de fazer.
─ Isso quer dizer que se eu precisar de umas dicas nisto de computadores tu me dás?
─ Se eu souber terei todo o prazer nisso.
─ Fica registado. J
─ Sempre às ordens! J É só dizeres o que queres saber. Se eu não te ajudar é porque
não sei.
─ Gostas de ser assim uma espécie de bom samaritano?
─ Não, não é nada de preconcebido; e só faço isso porque me dá prazer.
─ Não conheço ninguém como tu!
─ Eu também não espero ser igual a ninguém. Os originais são sempre melhor do que as
imitações! Lololol . Mas fala-me de ti…
─ O que queres que diga?
─ Se eu soubesse não te perguntava! Lololol
─ Foi boa essa! Lolololol
─ Desculpa a brincadeira!
─ Qual quê?! Nada a desculpar.
─ Tens bom feitio; isso é bom. Também aqui não adianta ficarmos ofendidos com nada nem com ninguém. Eu não deixo nunca que isso me aconteça.
─ Acho que estás certo. Sabes, eu ando nisto há poucos dias e ainda tenho algum receio.
Só me aparecem garotos a pedir sexo das formas mais porcas que possas imaginar. Acho que, se não fosse para teclar contigo já tinha desistido de vir aqui.
─ Pois, eu imagino! É triste que as pessoas sejam assim, mas eu até as compreendo, embora não concorde com as atitudes. Eu já andei por cá com nick de mulher e, acredita, sei do que falas. O melhor nesses casos é ignorar e eles acabam por se calar.
─ Pois é! Já começo a aprender coisas contigo. Se me continuares a ajudar vou acabar por adquirir a atitude certa para lidar com os cretinos. J
─ É bem! E certamente também irei aprender coisas contigo.
─ Acho que estamos a caminho de uma bela amizade virtual! J
─ Não há nada que nos impeça disso! Vamos convivendo por aqui a ver aonde isso nos leva…
─ Combinadíssimo!
─ Mas como tudo o que é bom acaba depressa, vou ter de ir agora. Nada de promessas: quando eu puder apareço. Um jinho doce para uma rainha…Tu. * Astalavista!
─ Astalavista!

Continua...