Virtual Realidade Parte 91
─ Hasta luego!
─ Hasta luego!
Francisco despediu-se de Emília, deixando-a na residência, e levou Rita a dar uma volta pela cidade.
─ Já conheces Pamplona?
─ Não. Ainda mal tive tempo de me adaptar à universidade e à língua espanhola. Só conheço a área universitária e pouco mais.
─ Os parques da cidade, nada?
─ Além do campus universitário, nada. Mas como vou ficar por cá uns anitos, tenho tempo de conhecer.
─ Es verdad.
─ Logo no primeiro dia, conheci uma estudante, que se ofereceu para me ajudar. É portuguesa também e está cá há mais anos. Foi muito prestável, mas, com o decorrer do tempo, tenho vindo a dar conta de como somos muito diferentes.
─ Ah! Mas a partir de agora quem te vai servir de cicerone serei eu.
─ Sendo a mudança para melhor, como poderei recusar a tua oferta?
─ Pois, não podes!
Francisco estacionava o carro em frente de um largo espaço verde, pontilhado de árvores ainda novas, e de onde se podia ter uma ideia de toda a extensão daquele oásis de verdura, na parte nova da cidade de Pamplona.
─ Este é o mais moderno jardim de Pamplona: o parque Yamaguchi, de inspiração japonesa.
─ É por isso que tem esse nome?
─ O nome é devido a Pamplona ser irmanada com a cidade japonesa de Yamaguchi.
─ Ah!
─ E ali no meio ─ disse Francisco, apontando naquela direcção ─ há mesmo um jardim japonês com cerca de quatro mil metros quadrados. Já vamos ver. Gosto muito deste parque.
─ Que edifício é aquele acolá ao fundo? ─ perguntou Rita, esticando o indicador na direcção de uma construção cor de tijolo num canto afastado do parque.
─ Aquele cilíndrico avermelhado?
─ Sim.
─ É o Planetário.
Francisco tinha fechado o carro e, olhando para Rita, deu-lhe a mão e perguntou:
─ Vamos?
─ Vamos! ─ respondeu, dando-lhe a dela e sorrindo.
Francisco, olhando-a nos olhos, puxou-a para si num abraço apaixonado. Rita correspondeu e as suas bocas colaram-se num longo beijo, como se tivessem vivido toda a sua vida para aquele instante.
Quando se separaram daquele amplexo de intensa ternura, Francisco disse:
─ Acabo de viver o momento mais belo da minha vida!
─ Eu também. ─ respondeu ela.
─ E nem sei como isto pode ter acontecido! Mal te conheço e é como se te conhecesse desde sempre.
─ E eu sinto-me tão bem contigo, uma confiança tão grande que até tenho medo de estar a viver um sonho e, de repente, acordar.
─ Consegues explicar?
─ É preciso?
─ Absolutamente, não. Tudo começou naquela viagem e quase desesperei de te voltar a encontrar!
─ Eu também já quase tinha perdido a esperança e, afinal estávamos tão perto! Se tivesse adivinhado que o amigo da Emília era o teu amigo... É curioso como às vezes as coisas se desenrolam: umas vezes para nos dificultarem ou impedirem de alcançar o que está perto, outras para nos proporcionarem o que está longe e que nem sequer nos atreveríamos a imaginar que existiam.
─ Es verdad, a vida é engraçada!
De mãos dadas, percorriam o jardim, iluminados pelo sol de Dezembro, e Francisco, através do olhar da arte, ia explicando o que viam.
Sentaram-se num banco em frente do lago, onde um repuxo, devido ao ângulo de incidência dos raios solares àquela hora, punha tons de arco-íris no ar, quando se olhava o espaço através dele.
De mãos nas mãos, olhavam-se de frente embevecidos naquela ternura imensa que os envolvia.
─ Eu não quero voltar a perder-te! ─ disse Francisco, numa súbita preocupação ─ Vamos trocar os contactos.
─ Eu não deixarei que me percas! ─ Retrucou Rita. E procurando dentro da carteira: ─ Tenho aqui uns cartões que fiz no computador; toma um! Tem o meu e-mail e tudo.
─ Toma também um dos meus. ─ disse Francisco oferecendo-lhe um novo cartão. ─ E agora tem cuidado quando abrires alguma janela! ─ acrescentou a rir.
─ Nunca mais voltará a acontecer!
─ Telefone fixo de casa, telemóvel de Espanha e telemóvel de Portugal. ─ explicou ele, indicando os respectivos números no cartão.
─ Ah! Tenho de arranjar um telemóvel de Espanha e quero que me aconselhes a operadora.
─ Vale. Eu trato disso.
─ Sabes, estou triste! ─ confessou Rita, com ar preocupado e apoiando a cabeça no ombro dele.
─ Mas porquê amor, se adoraste tanto como eu este nosso reencontro?
─ Por isso mesmo! É que dentro de dias vou ter de te deixar.
─ Como assim?!
─ Vou passar o Natal a casa.
─ Tens mesmo de ir?
─ Claro que tenho!
─ Pois, desculpa! Claro que tens. A tua mamã deve estar cheia de saudades. ─ respondeu Francisco afagando-lhe os cabelos. ─ Eu tenho a minha família toda cá, a minha mãe, não preciso de ir a Portugal.
─ Tens sorte!
─ Podes crer! E partes quando?
─ No inicio da próxima semana.
─ Temos uns dias ainda. E depois, não fiques triste porque estaremos sempre em contacto. Pior foi o não saber de ti este tempo todo. Queria pedir-te uma coisa para antes de partires.
─ Sim diz!
─ Gostaria que conhecesses a minha mãe.
Rita sorriu da ideia.
─ Mas com todo o prazer!
─ Já te disse que te amo?
─ Não. Parece-me que te esqueceste! ─ brincou Rita.
─ E achas que é preciso dizer?
─ Eu gostaria de ouvir.
─ Nunca senti por ninguém algo assim: amo-te! ─ disse, apertando-a contra o peito.
─ Também te amo muito! ─ exclamou ela entregando-se completamente àquele abraço.
Aquela tarde de Dezembro ia decorrendo serena e soalheira, os dois corações amenos de ternura. Enlaçados percorreram o resto do parque, Francisco explicando cada pormenor do que viam.
Passeavam vagarosamente, apreciando tudo em seu redor; viram crianças a brincar nos baloiços, outras a correr em direcção ao lago; onde os patos ensinavam os filhotes a mergulhar.
Ela contou-lhe que estudara em Leiria, mas que morava em S. Pedro de Moel, jogava ténis, falava francês e adorava crianças.
Tarde curta, de Inverno, que logo se aproximou do fim anunciando uma noite fria. Tomando a cabeça dela nas suas mãos, e mostrando-lhe um vasto relvado inundado de penumbra e silencioso que se estendia até um horizonte limitado pela linha avermelhada dos prédios circunvizinhos do parque, Francisco disse:
─ É tempo de irmos embora, mas havemos de cá voltar na Primavera. Vamos?
─ Sim, vamos. ─ respondeu Rita.
─ Hasta luego!
Francisco despediu-se de Emília, deixando-a na residência, e levou Rita a dar uma volta pela cidade.
─ Já conheces Pamplona?
─ Não. Ainda mal tive tempo de me adaptar à universidade e à língua espanhola. Só conheço a área universitária e pouco mais.
─ Os parques da cidade, nada?
─ Além do campus universitário, nada. Mas como vou ficar por cá uns anitos, tenho tempo de conhecer.
─ Es verdad.
─ Logo no primeiro dia, conheci uma estudante, que se ofereceu para me ajudar. É portuguesa também e está cá há mais anos. Foi muito prestável, mas, com o decorrer do tempo, tenho vindo a dar conta de como somos muito diferentes.
─ Ah! Mas a partir de agora quem te vai servir de cicerone serei eu.
─ Sendo a mudança para melhor, como poderei recusar a tua oferta?
─ Pois, não podes!
Francisco estacionava o carro em frente de um largo espaço verde, pontilhado de árvores ainda novas, e de onde se podia ter uma ideia de toda a extensão daquele oásis de verdura, na parte nova da cidade de Pamplona.
─ Este é o mais moderno jardim de Pamplona: o parque Yamaguchi, de inspiração japonesa.
─ É por isso que tem esse nome?
─ O nome é devido a Pamplona ser irmanada com a cidade japonesa de Yamaguchi.
─ Ah!
─ E ali no meio ─ disse Francisco, apontando naquela direcção ─ há mesmo um jardim japonês com cerca de quatro mil metros quadrados. Já vamos ver. Gosto muito deste parque.
─ Que edifício é aquele acolá ao fundo? ─ perguntou Rita, esticando o indicador na direcção de uma construção cor de tijolo num canto afastado do parque.
─ Aquele cilíndrico avermelhado?
─ Sim.
─ É o Planetário.
Francisco tinha fechado o carro e, olhando para Rita, deu-lhe a mão e perguntou:
─ Vamos?
─ Vamos! ─ respondeu, dando-lhe a dela e sorrindo.
Francisco, olhando-a nos olhos, puxou-a para si num abraço apaixonado. Rita correspondeu e as suas bocas colaram-se num longo beijo, como se tivessem vivido toda a sua vida para aquele instante.
Quando se separaram daquele amplexo de intensa ternura, Francisco disse:
─ Acabo de viver o momento mais belo da minha vida!
─ Eu também. ─ respondeu ela.
─ E nem sei como isto pode ter acontecido! Mal te conheço e é como se te conhecesse desde sempre.
─ E eu sinto-me tão bem contigo, uma confiança tão grande que até tenho medo de estar a viver um sonho e, de repente, acordar.
─ Consegues explicar?
─ É preciso?
─ Absolutamente, não. Tudo começou naquela viagem e quase desesperei de te voltar a encontrar!
─ Eu também já quase tinha perdido a esperança e, afinal estávamos tão perto! Se tivesse adivinhado que o amigo da Emília era o teu amigo... É curioso como às vezes as coisas se desenrolam: umas vezes para nos dificultarem ou impedirem de alcançar o que está perto, outras para nos proporcionarem o que está longe e que nem sequer nos atreveríamos a imaginar que existiam.
─ Es verdad, a vida é engraçada!
De mãos dadas, percorriam o jardim, iluminados pelo sol de Dezembro, e Francisco, através do olhar da arte, ia explicando o que viam.
Sentaram-se num banco em frente do lago, onde um repuxo, devido ao ângulo de incidência dos raios solares àquela hora, punha tons de arco-íris no ar, quando se olhava o espaço através dele.
De mãos nas mãos, olhavam-se de frente embevecidos naquela ternura imensa que os envolvia.
─ Eu não quero voltar a perder-te! ─ disse Francisco, numa súbita preocupação ─ Vamos trocar os contactos.
─ Eu não deixarei que me percas! ─ Retrucou Rita. E procurando dentro da carteira: ─ Tenho aqui uns cartões que fiz no computador; toma um! Tem o meu e-mail e tudo.
─ Toma também um dos meus. ─ disse Francisco oferecendo-lhe um novo cartão. ─ E agora tem cuidado quando abrires alguma janela! ─ acrescentou a rir.
─ Nunca mais voltará a acontecer!
─ Telefone fixo de casa, telemóvel de Espanha e telemóvel de Portugal. ─ explicou ele, indicando os respectivos números no cartão.
─ Ah! Tenho de arranjar um telemóvel de Espanha e quero que me aconselhes a operadora.
─ Vale. Eu trato disso.
─ Sabes, estou triste! ─ confessou Rita, com ar preocupado e apoiando a cabeça no ombro dele.
─ Mas porquê amor, se adoraste tanto como eu este nosso reencontro?
─ Por isso mesmo! É que dentro de dias vou ter de te deixar.
─ Como assim?!
─ Vou passar o Natal a casa.
─ Tens mesmo de ir?
─ Claro que tenho!
─ Pois, desculpa! Claro que tens. A tua mamã deve estar cheia de saudades. ─ respondeu Francisco afagando-lhe os cabelos. ─ Eu tenho a minha família toda cá, a minha mãe, não preciso de ir a Portugal.
─ Tens sorte!
─ Podes crer! E partes quando?
─ No inicio da próxima semana.
─ Temos uns dias ainda. E depois, não fiques triste porque estaremos sempre em contacto. Pior foi o não saber de ti este tempo todo. Queria pedir-te uma coisa para antes de partires.
─ Sim diz!
─ Gostaria que conhecesses a minha mãe.
Rita sorriu da ideia.
─ Mas com todo o prazer!
─ Já te disse que te amo?
─ Não. Parece-me que te esqueceste! ─ brincou Rita.
─ E achas que é preciso dizer?
─ Eu gostaria de ouvir.
─ Nunca senti por ninguém algo assim: amo-te! ─ disse, apertando-a contra o peito.
─ Também te amo muito! ─ exclamou ela entregando-se completamente àquele abraço.
Aquela tarde de Dezembro ia decorrendo serena e soalheira, os dois corações amenos de ternura. Enlaçados percorreram o resto do parque, Francisco explicando cada pormenor do que viam.
Passeavam vagarosamente, apreciando tudo em seu redor; viram crianças a brincar nos baloiços, outras a correr em direcção ao lago; onde os patos ensinavam os filhotes a mergulhar.
Ela contou-lhe que estudara em Leiria, mas que morava em S. Pedro de Moel, jogava ténis, falava francês e adorava crianças.
Tarde curta, de Inverno, que logo se aproximou do fim anunciando uma noite fria. Tomando a cabeça dela nas suas mãos, e mostrando-lhe um vasto relvado inundado de penumbra e silencioso que se estendia até um horizonte limitado pela linha avermelhada dos prédios circunvizinhos do parque, Francisco disse:
─ É tempo de irmos embora, mas havemos de cá voltar na Primavera. Vamos?
─ Sim, vamos. ─ respondeu Rita.
Continua...
15 Comments:
Tinha tantos capítulos em atraso mas soube-me tão bem estes quase 45 minutos a ler-vos...
Estas histórias continuam maravilhosas, cativantes e reais!
Parabéns pelo vosso trabalho!
Beijinhos enormes e um óptimo fim-de-semana
Lindo! Ternurento! Fiel às paixões fortes! Escrito de maneira fácil e simples, tal qual é o namoro e paixão entre os jovens apaixonados! E o que eu vou conhecendo por aqui, não sabia que Pamplona é irmanada com Iamaguchi!
Beijinho e abraço...
Continuam bem, gosto imenso de vos ler.
Bom fim-de-semana.
Beijinhos e abraços-.
Que inveja destes dois pombinhos;)
Bom fds
Beijokas 1000
Meus Queridos Amigos:
Conseguem transmitir para a escrita toda a ternura que Rita e Francisco sentem, a ternura e certeza inexplicável de um amor que cresceu para lá da distância. A vida é engraçada... Lindo!
Beijos
De facto, nada é deixado ao acaso na nossa vida. Quantas vezes pensamos que perdemos tudo, e lá em cima, Alguém se encarrega de nos presentear com inúmeras possibilidades e experiências... Resta-nos saber aproveitar cada uma delas, ou não! Isso fica ao encargo de cada Ser.
Gostei deste jardim.
Aguardo mais novidades. ;)
Bjs coloridos
Há roda de uma fogueira
Rodopiando sem dó
Toda a gente é companheira
Pois ninguém se sente só
Perdemos, quando nos alhea-mos...
Meu doce beijito para Vós lindos amigos...
E assim, sem sair desta janela, continuo a viajar pelo mundo fora...
Oi lindos, sinto não ter tempo de passar por cá mais vezes, ando tão ocupada, mas não esqueço desse cantinho de tantas emoções.
Muitos beijinhos e boa semana.
Olá amigos. Tinha saudades de vos ver. passei por aqui e fiquei, sentado neste banco que me ofereceram. gostei do café forte e dos bolos, mas as palavras estavam demais, sempre deliciosas.
próxima vez, espero-vos em minha casa.
um beijo
JB
será que é hoje que consigo colocar comentario?Bem amiga continuo a gostar de vos ler.
O Conto está a compor-se, a tomar o rumo que eu acho, todo o pessoal que aqui vem para vos ler, deseja.
Obrigada por este bocadinho de leitura
Beijos
Soli
Olá querido amigos,
que ternura de capitulo..
só que agora é só trabalho, estou a deitar pelas costuras e por isso ando em falta com os meus amigos.. sorry, sempre que puder dou um saltinho. Bjhs
ps: Isa obrigado pelo poema, és um amor
Olá Amigos:
O Virtual Realidade foi por mim nomeado para as 7 Maravilhas da Blogosfera.
beiojos
Continua apaixonante... Lindo mesmo!
Um beijo
Olá meus amigos!
Aqui vos deixo um grande beijinho com carinho.
Post a Comment
<< Home