Virtual Realidade Parte 87
Sentados no banco, o rosto ainda afogueado e transpirado do esforço dispendido na corrida, Francisco, com as mãos dela nas suas, pousava em Rita um olhar acariciador e interrogativo. Emília, ainda não refeita da surpresa, resolveu manter-se calada, aguardando o desenvolvimento da situação.
Esgotaram-se vários minutos de ansiedade naquele transe de estupefacção em que ambos se sentiam envolvidos. Por fim Rita falou:
─ Desculpa, mas ainda não acredito que te reencontrei!
─ O mesmo se passa comigo. E queria tanto que isto acontecesse!
─ Não me perguntes porquê, mas eu também.
─ Mas vocês dois já se conheciam? ─ perguntou Emília, percebendo que estava a assistir a um episódio daqueles que ela pensava só acontecerem na imaginação de romancistas sonhadores.
─ Sim, viajámos no mesmo comboio quando eu vim para esta cidade pela primeira vez.
─ Ah! Entendo… ─ disse Emília. E dirigindo-se a Francisco: ─ Desculpa! És arquitecto e tens um colega de trabalho que se chama Juan Montoya, que é teu amigo, e trabalham ambos no Patxi?
─ Es verdad! Conhece-lo?
─ Parece incrível o que está a acontecer aqui! O Juan é meu amigo e compatriota.
─ Sim, ele já me contou que tinha, aqui na cidade, uma conterrânea amiga que estudava medicina e que havia de ma apresentar. Então eras tu!
─ Es verdad!
─ Quer dizer que foi contigo que ele foi almoçar no outro dia…
─ Sim, claro. Mas olha que não existe nada entre nós além de uma grande amizade. Eu sei que ele gosta da tua madre. ─ respondeu Emília, justificando-se, porque notou que havia naquela pergunta de Francisco uma segunda intenção.
─ Si. E foram os dois para San Sebastian este fim-de-semana.
─ Mas eu tenho uma pergunta para ti. ─ continuou Francisco, com um sorriso amistoso, dirigindo-se a Rita.
─ Calculava que sim. Queres saber porque nunca te liguei.
─ É isso mesmo.
─ Porque, ainda no comboio, quando regressei ao lugar, a minha mãe pediu-me para abrir a janela e como tinha o teu cartão na mão deixei-o escapar sem querer.
─ E eu a pensar que me tinhas esquecido! Foi um erro muito grande não ter ficado com o teu número.
─ E, afinal, estavas tão perto. ─ disse Rita, lembrando-se que já se podiam ter encontrado, porque a Emília conhecia o Juan. ─ Mas como poderia adivinhar?
─ Mas agora que aqui estamos, finalmente, há alguma coisa a separar-nos?
─ Há alguma coisa a unir-nos?
─ Tu o que achas? Eu sinto-me atraído por ti desde aquele comboio.
Francisco esperava ansioso uma resposta favorável e o olhar de Rita foi mais eloquente do que as palavras que proferiu:
─ Eu também simpatizo contigo. ─ respondeu ela, cautelosa.
─ Bom, vocês devem ter muito que dizer…eu vou indo. Preciso de um banho.
─ Espera! ─ pediu Rita. ─ Também preciso de um banho. Já vou contigo.
─ Temos de combinar qualquer coisa para o resto do dia. O que acham? ─ Inquiriu Francisco.
Ambas ficaram caladas olhando uma para a outra a ver qual responderia.
─ Eu decido por vocês. ─ interveio ele, num registo terno, simpático e descontraído, contrariando a evidente autoridade das palavras. ─ Sem protestos, dêem-me o prazer da vossa companhia para almoçar. Vamos ao banho, encontramo-nos num sítio que vos dê jeito e levo-vos a um bom restaurante. O que dizem?
─ Isso é para vocês os dois; eu não. ─ respondeu a argentina.
─ Não sei porque não hás-de ir connosco. ─ disse Francisco.
─ Porque vocês é que são namorados e eu estarei a mais.
─ Quem falou aqui em namorados? E se vamos ser todos amigos, porque não começamos já? ─ insistiu ele.
Perante o argumento, muito próprio de Francisco, e a sinceridade e delicadeza naturais com que disse aquelas palavras, Emília não foi capaz de recusar.
─ Onde querem que vos vá buscar?
─ Onde moras? ─ perguntou Rita.
─ Num piso da Sancho el Fuerte.
─ Nós nos alojamentos da universidade.
─ Sei onde é. Daqui a uma hora estou lá. ─ disse, olhando as horas no LCD do telemóvel. Valle?
─ Uma rapariga demora a arranjar-se, mas valle. ─ respondeu Rita a rir..
─ Bom, vamos então.
Beijaram-se numa breve despedida de hasta luego.
Pelo caminho Emília disse:
─ Mas que bela surpresa tu tiveste!
─ É verdade! ─ respondeu Rita, com uma expressão de felicidade no olhar.
─ Mas vocês namoravam-se em Portugal?
─ Nem nos conhecíamos!
─ Não entendo…
Rita explicou à amiga como tinha encontrado o Francisco e se tinham falado numa viagem de comboio de Portugal para Espanha.
─ Mas isso parece coisa de romance! Já vi que se apaixonaram logo um pelo outro.
─ Não sei. ─ respondeu Rita, evasiva e sonhadora.
─ Menina, pareceu-me evidente que ele gosta de ti. Aquele modo de te olhar não me enganou. Tu também gostas dele?
─ Penso que sim.
─ Pensas ou tens a certeza?
─ Gosto.
─ Sabes que o Juan mo queria apresentar com a intenção de que pudéssemos chegar a namorar?
─ Ah foi?
─ Pois foi. Se eu não tivesse namorado, roubava-to. ─ brincou Emília. ─ olha que é muy guapo.
─ Ah, ah, ah! Eu matava-te! ─ ameaçou Rita a brincar também.
─ Ainda estou a pensar no modo como nos encontrámos. Que coisa rara e estranha aconteceu!
─ É verdade! Tinhas acabado de pronunciar o nome dele e eis que surge, caído das nuvens, como Ícaro depois de as asas de cera se terem derretido com o sol.
As duas amigas tinham chegado à residência.
Esgotaram-se vários minutos de ansiedade naquele transe de estupefacção em que ambos se sentiam envolvidos. Por fim Rita falou:
─ Desculpa, mas ainda não acredito que te reencontrei!
─ O mesmo se passa comigo. E queria tanto que isto acontecesse!
─ Não me perguntes porquê, mas eu também.
─ Mas vocês dois já se conheciam? ─ perguntou Emília, percebendo que estava a assistir a um episódio daqueles que ela pensava só acontecerem na imaginação de romancistas sonhadores.
─ Sim, viajámos no mesmo comboio quando eu vim para esta cidade pela primeira vez.
─ Ah! Entendo… ─ disse Emília. E dirigindo-se a Francisco: ─ Desculpa! És arquitecto e tens um colega de trabalho que se chama Juan Montoya, que é teu amigo, e trabalham ambos no Patxi?
─ Es verdad! Conhece-lo?
─ Parece incrível o que está a acontecer aqui! O Juan é meu amigo e compatriota.
─ Sim, ele já me contou que tinha, aqui na cidade, uma conterrânea amiga que estudava medicina e que havia de ma apresentar. Então eras tu!
─ Es verdad!
─ Quer dizer que foi contigo que ele foi almoçar no outro dia…
─ Sim, claro. Mas olha que não existe nada entre nós além de uma grande amizade. Eu sei que ele gosta da tua madre. ─ respondeu Emília, justificando-se, porque notou que havia naquela pergunta de Francisco uma segunda intenção.
─ Si. E foram os dois para San Sebastian este fim-de-semana.
─ Mas eu tenho uma pergunta para ti. ─ continuou Francisco, com um sorriso amistoso, dirigindo-se a Rita.
─ Calculava que sim. Queres saber porque nunca te liguei.
─ É isso mesmo.
─ Porque, ainda no comboio, quando regressei ao lugar, a minha mãe pediu-me para abrir a janela e como tinha o teu cartão na mão deixei-o escapar sem querer.
─ E eu a pensar que me tinhas esquecido! Foi um erro muito grande não ter ficado com o teu número.
─ E, afinal, estavas tão perto. ─ disse Rita, lembrando-se que já se podiam ter encontrado, porque a Emília conhecia o Juan. ─ Mas como poderia adivinhar?
─ Mas agora que aqui estamos, finalmente, há alguma coisa a separar-nos?
─ Há alguma coisa a unir-nos?
─ Tu o que achas? Eu sinto-me atraído por ti desde aquele comboio.
Francisco esperava ansioso uma resposta favorável e o olhar de Rita foi mais eloquente do que as palavras que proferiu:
─ Eu também simpatizo contigo. ─ respondeu ela, cautelosa.
─ Bom, vocês devem ter muito que dizer…eu vou indo. Preciso de um banho.
─ Espera! ─ pediu Rita. ─ Também preciso de um banho. Já vou contigo.
─ Temos de combinar qualquer coisa para o resto do dia. O que acham? ─ Inquiriu Francisco.
Ambas ficaram caladas olhando uma para a outra a ver qual responderia.
─ Eu decido por vocês. ─ interveio ele, num registo terno, simpático e descontraído, contrariando a evidente autoridade das palavras. ─ Sem protestos, dêem-me o prazer da vossa companhia para almoçar. Vamos ao banho, encontramo-nos num sítio que vos dê jeito e levo-vos a um bom restaurante. O que dizem?
─ Isso é para vocês os dois; eu não. ─ respondeu a argentina.
─ Não sei porque não hás-de ir connosco. ─ disse Francisco.
─ Porque vocês é que são namorados e eu estarei a mais.
─ Quem falou aqui em namorados? E se vamos ser todos amigos, porque não começamos já? ─ insistiu ele.
Perante o argumento, muito próprio de Francisco, e a sinceridade e delicadeza naturais com que disse aquelas palavras, Emília não foi capaz de recusar.
─ Onde querem que vos vá buscar?
─ Onde moras? ─ perguntou Rita.
─ Num piso da Sancho el Fuerte.
─ Nós nos alojamentos da universidade.
─ Sei onde é. Daqui a uma hora estou lá. ─ disse, olhando as horas no LCD do telemóvel. Valle?
─ Uma rapariga demora a arranjar-se, mas valle. ─ respondeu Rita a rir..
─ Bom, vamos então.
Beijaram-se numa breve despedida de hasta luego.
Pelo caminho Emília disse:
─ Mas que bela surpresa tu tiveste!
─ É verdade! ─ respondeu Rita, com uma expressão de felicidade no olhar.
─ Mas vocês namoravam-se em Portugal?
─ Nem nos conhecíamos!
─ Não entendo…
Rita explicou à amiga como tinha encontrado o Francisco e se tinham falado numa viagem de comboio de Portugal para Espanha.
─ Mas isso parece coisa de romance! Já vi que se apaixonaram logo um pelo outro.
─ Não sei. ─ respondeu Rita, evasiva e sonhadora.
─ Menina, pareceu-me evidente que ele gosta de ti. Aquele modo de te olhar não me enganou. Tu também gostas dele?
─ Penso que sim.
─ Pensas ou tens a certeza?
─ Gosto.
─ Sabes que o Juan mo queria apresentar com a intenção de que pudéssemos chegar a namorar?
─ Ah foi?
─ Pois foi. Se eu não tivesse namorado, roubava-to. ─ brincou Emília. ─ olha que é muy guapo.
─ Ah, ah, ah! Eu matava-te! ─ ameaçou Rita a brincar também.
─ Ainda estou a pensar no modo como nos encontrámos. Que coisa rara e estranha aconteceu!
─ É verdade! Tinhas acabado de pronunciar o nome dele e eis que surge, caído das nuvens, como Ícaro depois de as asas de cera se terem derretido com o sol.
As duas amigas tinham chegado à residência.
Continua...
25 Comments:
A vida reserva boas surpresas a quem a segue e a ama...
Mais um pedaço da história que vai unindo as pontas da vida de gente virtual que bem poderia ser real.
Beijinhos
Bom fim de semana!
Beijinhos embrulhados em abraços.
Hoje vou celebrar os dons da terra sem a tua companhia, misturar-me com os sons do mundo sem coisa alguma, ao partires abriste em meu coração um caminho...
Bom fim de semana
Doce beijo
O amor tem destas coisas, encontros, desencontros, mas sempre a doce e inebrianete emoção que faz o nosso coração disparar quando estamos perto da pessoa que amamos!
Que belo almoço vai ser este!
Fantástico!
Vou esperar mais uma semana, para ler de novo... Será que desta vez vamos ter novidades do Victor????
O que quer que seja, será bom! Isso eu sei!
Beijos grandes e força. É delicioso vir aqui!
Bjs
Espero ansiosa pelo almoço;)
Bom fds:)
Beijokas 1000
Belo capítulo, não há qualquer dúvida.
Bom fim-de-semana.
Beijinhos e abraços.
Vim aqui para encontrar algo de bom e, mais uma vez, parto esperando pela próxima oportunidade para, pelo menos, sonhar!
Mesmo ficção é um prazer ler.
Beijos e Bom fim de semana para os dois.
Venho deixar-Vos um enorme beijinho, e Votos de um bom Domingo!...
Muito bem contado este inesperado encontro há tanto eperado e desejado... a impossibilidade de esconder o que se sente quando os gestos falam...
Grande beijo!
Queridos Isa e Luis
Finalmente o encontro__________aconteceu_________são as surpresas maravilhosas da vida. que vocês descrevem com mestria
Beijinhos com carinho
BomRDomingo
Encanta-me esses reencontros que o destino nos ajeita...
"Carinho, que delícia, dar ou receber.
A carência é a distância de si próprio.
Não pense em receber e sim em dar.
Dar a si, presentear-se, permitir que seu sorriso alegre um jardim de poucas flores.
Permita seu amor.
O Carinho dado a si mesmo é o que será dado ao outro.
É o que receberá de todos.
É seu passaporte para o país da harmonia e da gratidão.
Seu passaporte é seu documento e seu documento é sua identidade.
Sua identidade é sua essência."
DIAS DE ALEGRIA E PAZ PRA VOCÊS
BJS MIL
Uau!Estou super contente porque finalmente Rita e Francisco se encontraram!Agora o namoro tem que engrenar!Bjocas!
Meus queridos amigos e padrinhos, vim agradecer o vosso carinho e dizer que vos adoro de coração.
Deixo o meu endereço e fico a aguardar o vosso mail.
beijinho terno
bitu2@sapo.pt
Lindo! adorei! Não podia ser melhor! aliás o conto cada vez está mais rico, com muito conteúdo, tens mesmo que publicar o conto... finalmente o reencontro da Rita com o Francisco, beijinhos
Olá meus queridos,
o amor está novamente no ar.. o destino é mesmo assim, o inesperado por vezes acontece... o romance está mesmo num ponto que nos deixa ansiosos pelo próximo capítulo!
Bjhs e boa semana
Um encontro inesperado!!! Estava a ler e em pulgas para saber se o Francisco a iria reconhecer ou não. E já estou ansiosa por mais!
Beijinhos
Isa&Luiz, beijos para os dois. Culpo o tempo por não me deixar vir cá, as vezes que desejo. A vontade é de ler, reler e deliciar-me com esses encontros e desencontros, sempre cercados de grandes emoções. Ler-te é sentir com sentimento. Beijo meu e obrigada pela partilha.
Um belo encontro num belo conto!
bj
Às vezes é tudo tão simples, ou pelo menos parece, os caminhos é que complicam, que raio de coisa! E agora com este encontro inesperado (e esperado no tempo), a paixão vai acontecer repentina... não quero dizer mais nada, aguardo pela inspiração da autora (Isa) :). Beijinho e abraço...
Olá meus amiguitos.
Venho aqui deixar um grande beijinho com dedicação e ternura.
Grande encontro!!! :))))
Sempre com vir cá ler-vos!! :)
Beijinhos grandes:)))))
****
Esta fase do romance está ao rubro, conseguiram-me transportar ao local, parece que até ouvi os passarinhos a cantar no cimo das árvores. Romantismo puro. Abraços
Ainda não está pronto o próxima capítulo...?
Já vi que cheguei adiantado...
Bom fim de semana.
Isa e luis meninos lindos
uma vez mais sentada aqui neste vosso espaço, onde já é impossível deixar de vir ler
o encontro esperado
o almoço que se aguarda
o alegria bem patente em todas as personagens
gostei de me envolver de novo
um abraço meu aos dois, um abraço carinhoso e forte
beijinhos muitos
lena
Post a Comment
<< Home