Virtual Realidade Parte 08
Durante muitos dias, que para ela pareceram uma eternidade, o Eduardo não apareceu no IRC. Quando chegou a sexta-feira à noite, Luísa estava ansiosa. Mal viu o nick do Eduardo no monitor começou logo por dizer que lhe queria contar um episódio da vida dela.
─ Olá, fofinho, tudo bem contigo?
─ Olá, Princesa! Comigo tudo bem, e contigo?
─ Toma beijinhos********** passei a semana com saudades tuas.
─ Não era preciso ter saudades, ainda falamos há pouco tempo.
─ Já sabes quase tudo sobre mim, mas gostaria de te contar uma outra coisa.
─ Sou todo ouvidos. Conta!
─ Nem sei por onde hei-de começar.
─ Pelo princípio, ora!
─ Eu fui uma adolescente muito tímida e com pouca confiança em mim própria. Sempre tive medo de tudo, talvez devido à minha infância atribulada e reprimida!
Eduardo respondeu:
─ Nunca se deve reprimir uma criança. Desculpa! Continua.
─ Conheci o Paulo numa festa de amigos:
─ Boa noite!
Senti-me uma Cinderela. Ninguém na festa tinha reparado em mim; ele olhou-me com um olhar tão terno. Ficamos a olhar um para o outro intensamente. Por fim convidou-me para dançar. Fiquei nas nuvens. Fechei os olhos e imaginei que estava nos braços dum príncipe encantado. Deixei-me embalar pelo som da música suave. Sentia-me
feliz e segura naqueles braços fortes. A noite foi maravilhosa. Paulo foi muito engraçado e delicado. Quando a festa acabou, trocamos contactos. Víamo-nos todas as semanas. Passados três meses, começámos a namorar. Ao fim de um ano casámos. Passados dois anos, tive a minha filha, a quem demos o nome de Rita. A vida decorria normalmente sem grandes sobressaltos, quando um dia Paulo chegou a casa e disse que queria tentar a sua sorte no Canadá.
─ Há quanto tempo foi isso?
─ Foi há dez anos atrás.
─ Não concordei com a ideia. Teria que deixar a família, e ir sozinho uma temporada. Mas ele levou a sua decisão avante. As cartas, a princípio regulares, foram-se tornando cada vez mais raras, até que chegou o dia em que me apercebi de que não tinha notícias dele havia mais de três semanas. Liguei para a casa onde vivia, várias vezes e a várias horas. Até que ao fim do dia consegui. Atendeu-me uma mulher, em francês; perguntei-lhe pelo Paulo.” Mon mari n’est pas ici”─ respondeu-me ela. Desliguei assustada, horrorizada. Não sabia o que pensar, a voz ainda me soava aos ouvidos. Não havia dúvidas: existia outra mulher na vida de Paulo. Passados uns dias e já refeita do susto, liguei novamente na esperança que fosse ele atender o telefone. Consegui falar com ele. Inventou muitas histórias, mas por fim conseguiu dizer a verdade. Tinha escolhido uma outra vida. Passado pouco tempo estávamos divorciados. Chorei muito, mas consegui ultrapassar a crise. Tinha a minha filha comigo, era o meu maior tesouro. Pronto, só faltava contar-te isto.
mds respondeu:
─ Todos nós temos as nossas histórias. E eu também tenho uma história triste. Quem sabe, um dia possa dizer-te e tirar esta dor que tenho dentro de mim.
─ Gostaria muito!... Tu falaste que não se deve reprimir as crianças…percebes de crianças?
─ Acho que posso dizer que sim; nunca me esqueci da criança que fui, do modo como fui tratado, dos maus efeitos que isso causou em mim; e sei como deveria ter sido para evitar esses efeitos maus. Porque há em mim muitas coisas que estão mal e cuja origem remonta à minha infância, mas que não consigo modificar.
─ Tiveste uma infância atribulada?
─ Sim, bastante. Mas, se não te importas, não queria falar disso agora.
─ Mas vais contar-me isso tudo um dia destes, ok?
─ Não gosto muito de recordar essas coisas, embora elas estejam sempre presentes na minha vida, mas pode ser que te conte um dia.
─ Ficarei à espera desse dia.
─ Nem demos pelo tempo passar. É tardíssimo! Dorme bem! Até amanhã. Beijo.
─ Quando voltas?
─ Um dia destes apareço. Au revoir!
─ Até sempre! Beijinhos. ─ Mas mds já tinha desligado.“Que saída mais apressada! O que será que lhe dói tanto que nem quer relembrar?”─ Ficou Luísa a pensar com os seus botões.
Continua...
─ Olá, fofinho, tudo bem contigo?
─ Olá, Princesa! Comigo tudo bem, e contigo?
─ Toma beijinhos********** passei a semana com saudades tuas.
─ Não era preciso ter saudades, ainda falamos há pouco tempo.
─ Já sabes quase tudo sobre mim, mas gostaria de te contar uma outra coisa.
─ Sou todo ouvidos. Conta!
─ Nem sei por onde hei-de começar.
─ Pelo princípio, ora!
─ Eu fui uma adolescente muito tímida e com pouca confiança em mim própria. Sempre tive medo de tudo, talvez devido à minha infância atribulada e reprimida!
Eduardo respondeu:
─ Nunca se deve reprimir uma criança. Desculpa! Continua.
─ Conheci o Paulo numa festa de amigos:
─ Boa noite!
Senti-me uma Cinderela. Ninguém na festa tinha reparado em mim; ele olhou-me com um olhar tão terno. Ficamos a olhar um para o outro intensamente. Por fim convidou-me para dançar. Fiquei nas nuvens. Fechei os olhos e imaginei que estava nos braços dum príncipe encantado. Deixei-me embalar pelo som da música suave. Sentia-me
feliz e segura naqueles braços fortes. A noite foi maravilhosa. Paulo foi muito engraçado e delicado. Quando a festa acabou, trocamos contactos. Víamo-nos todas as semanas. Passados três meses, começámos a namorar. Ao fim de um ano casámos. Passados dois anos, tive a minha filha, a quem demos o nome de Rita. A vida decorria normalmente sem grandes sobressaltos, quando um dia Paulo chegou a casa e disse que queria tentar a sua sorte no Canadá.
─ Há quanto tempo foi isso?
─ Foi há dez anos atrás.
─ Não concordei com a ideia. Teria que deixar a família, e ir sozinho uma temporada. Mas ele levou a sua decisão avante. As cartas, a princípio regulares, foram-se tornando cada vez mais raras, até que chegou o dia em que me apercebi de que não tinha notícias dele havia mais de três semanas. Liguei para a casa onde vivia, várias vezes e a várias horas. Até que ao fim do dia consegui. Atendeu-me uma mulher, em francês; perguntei-lhe pelo Paulo.” Mon mari n’est pas ici”─ respondeu-me ela. Desliguei assustada, horrorizada. Não sabia o que pensar, a voz ainda me soava aos ouvidos. Não havia dúvidas: existia outra mulher na vida de Paulo. Passados uns dias e já refeita do susto, liguei novamente na esperança que fosse ele atender o telefone. Consegui falar com ele. Inventou muitas histórias, mas por fim conseguiu dizer a verdade. Tinha escolhido uma outra vida. Passado pouco tempo estávamos divorciados. Chorei muito, mas consegui ultrapassar a crise. Tinha a minha filha comigo, era o meu maior tesouro. Pronto, só faltava contar-te isto.
mds respondeu:
─ Todos nós temos as nossas histórias. E eu também tenho uma história triste. Quem sabe, um dia possa dizer-te e tirar esta dor que tenho dentro de mim.
─ Gostaria muito!... Tu falaste que não se deve reprimir as crianças…percebes de crianças?
─ Acho que posso dizer que sim; nunca me esqueci da criança que fui, do modo como fui tratado, dos maus efeitos que isso causou em mim; e sei como deveria ter sido para evitar esses efeitos maus. Porque há em mim muitas coisas que estão mal e cuja origem remonta à minha infância, mas que não consigo modificar.
─ Tiveste uma infância atribulada?
─ Sim, bastante. Mas, se não te importas, não queria falar disso agora.
─ Mas vais contar-me isso tudo um dia destes, ok?
─ Não gosto muito de recordar essas coisas, embora elas estejam sempre presentes na minha vida, mas pode ser que te conte um dia.
─ Ficarei à espera desse dia.
─ Nem demos pelo tempo passar. É tardíssimo! Dorme bem! Até amanhã. Beijo.
─ Quando voltas?
─ Um dia destes apareço. Au revoir!
─ Até sempre! Beijinhos. ─ Mas mds já tinha desligado.“Que saída mais apressada! O que será que lhe dói tanto que nem quer relembrar?”─ Ficou Luísa a pensar com os seus botões.
Continua...
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