Virtual Realidade Parte 28
No dia seguinte levantaram-se tarde e saíram para comprar algumas recordações, água e sandes para a viagem.
Almoçaram no hotel e deitaram-se em espreguiçadeiras na beira da piscina, bronzeando-se ao sol ameno da bela tarde outonal.
Jantaram também no quarto de Luísa e foram cedo para a cama.
Pela manhã cedinho deixaram o hotel e rumaram a Évora. O dia estava magnífico para viajar. Iam muito divertidas a cantarolar as músicas que passavam na rádio.
─ Como vai ser o roteiro nesta linda cidade de Évora? Por onde começamos?
Luísa responde prontamente.
─ O distrito tem praticamente de tudo para se ver e visitar, a Catedral de Évora, Megalitos espectaculares como os Cromeleques de Almendra, Castelos medievais e fortalezas do Sec XVI, Arquitectura Moçarabe, vilas e cidades caiadas de branco, de geometria uniforme, barragens, e tudo acompanhado por uma gastronomia das mais ricas de Portugal, em sabor.
─ Não vamos ter tempo para visitar tudo, precisávamos de vários dias e de um guia.
─ Tens toda razão! Vamos apenas visitar o Templo de Diana e a Catedral. Quero chegar o mais depressa possível a casa. Estou ansiosa por falar com a Rita.
─ Acalma-te e aproveita o dia; tens tempo para te preocupares.
Visitaram a cidade, percorrendo as ruas mais típicas debaixo de um sol abrasador.
─ Vamos almoçar Sandrine? Estou esfomeada! O passeio abriu-me o apetite.
─ Tens razão! O tempo passou rápido! Esquecemo-nos das horas de almoço.
Andaram uns metros mais e encontraram um pequeno restaurante.
─ O que achas, entramos neste?
─ Sim, por mim tudo bem! ─ Anuiu Sandrine.
O empregado apareceu indicando-lhes uma mesa onde ficaram bem situadas.
Escolheram para almoçar uma sopa, chamada sopa”seca”, e ensopado de cação. Luísa curiosa perguntou como era a feita a sopa. O empregado explicou-lhes que se cozia os enchidos e, aproveitando a água, juntava-se pedaços de pão juntamente com um raminho de hortelã. O almoço estava delicioso, acompanhado por um bom vinho da região.
Durante o almoço falaram sobre o que tinham visitado e que precisavam de vários dias para visitar a histórica cidade.
─ Estou completamente satisfeita, quero apenas um café. E tu?
─ Eu quero doce! Já esqueceste como sou gulosa? ─ E para o empregado: Quero algo típico de Évora para sobremesa, o que recomenda?
─ Eu recomendaria as queijadas que são uma delícia.
─ Sim, traga uma. Depois quero um café também, se faz favor.
As duas começaram a rir e a recordar como Luísa era chata quando ensinava Sandrine e Rita a fazer os doces.
Sandrine gostou tanto da queijada que pediu a receita e guardou-a na malinha, escrita num guardanapo de papel.
Chegou o momento de terem que continuar a viagem até a casa, o que levaria ainda algumas horas. Luísa ia sempre a conversar, não fosse Sandrine pegar no sono depois do delicioso almoço que tiveram. Luísa por momentos cala-se e Sandrine olha para ela que dorme. Sorrindo pensa: “brevemente terei que te deixar, está no momento de regressar ao trabalho. Vou ter muitas saudades tua minha mãe “torta””.
Ao longe, à esquerda, avistava-se a imagem lindíssima do pôr-do-sol e o carro rodava a grande velocidade. Luísa continuava a dormir.
Por fim chegaram a casa e Rita veio abrir a porta. Luísa diz antes de entrar, dando-lhe um beijo:
─ Querida tive umas férias espectaculares, uns dias maravilhosos!
Mas quando olhou o rosto triste da filha viu que ela tinha chorado:
─ Filhinha o que se passa? Estiveste a chorar? Recebeste os resultados?
Rita não aguentando mais rompe num choro convulsivo abraçada á mãe e conta como está revoltada com os resultados, pois por uma décima não entrou para medicina.
─ Estou desapontada! Infelizmente vivemos num país que não tem universidades suficientes para todos os alunos. E depois vêm médicos e enfermeiros de fora para suprir as vagas.
As três mulheres discutiram revoltadas, os problemas que atingiam milhares de jovens tanto em medicina como em outras áreas, criticando os maus políticos que elas achavam que o país sempre tinha tido.
Por fim Sandrine disse, dirigindo-se à Rita e também para acalmar os espíritos de mãe e filha:
─ Eu no teu caso não me preocuparia muito. Como é que podes ter a certeza de que não é melhor para ti ires para uma universidade espanhola em vez de uma portuguesa?
─ Mas é mais longe e fica mais caro.
─ Não seja por isso! Se precisares de dinheiro eu ajudo. Ainda vais lá conhecer um guapo espanholês por quem te vais apaixonar e depois já não lamentarás não teres tido lugar cá.
─ És um anjo, Sandrine! ─ Mãe e filha abraçaram-na com lágrimas nos olhos.
─ Vamos crianças, enxuguem essas lágrimas! O momento é de alegria e amor! ─ Exclamou Sandrine a sorrir. ─ Rita, se a tua mãe não te contar conto eu!
─ Desculpa mamã! Vinhas tão feliz e eu estraguei a tua alegria! Contem-me tudo o que aconteceu.
─ Dizes tu ou digo eu? ─ Perguntou Sandrine a Luísa
─ Diz tu! Vejo nos teus olhos que estás mortinha por contar!
─ Então cá vai…Rita prepara-te! Em breve teremos casamento na família!
─ Com assim? ─ Pergunta Rita ansiosa.
─ Lá estás tu já a imaginar romances! Se não falas direito conto eu.
─ Ok, ok! Sabes que o Eduardo fez uma surpresa invulgaríssima à tua mãe?!
─ Conta logo tudo! Que suspense! Já estou com pulgas! Não me digam que o Eduardo apareceu?!
Rita sabia que isto não era verdade porque tinha falado com ele no mirc e pensava consigo o que poderia ser a tal surpresa.
─ Não, o Eduardo não apareceu, mandou flores á tua mãe.
─ E o que tem isso de invulgar?
─ É que, quando estávamos ausentes do hotel ele mandou entregar as flores no quarto da tua mãe, mas de um modo muito original. Quando a tua mãe entrou, viu quarto repleto de margaridas brancas e amarelas espalhadas por todo o lado.
─ Ah, realmente!...Isso é imaginação de artista ou…─ E pela cabeça da Rita passou o diálogo que tinha tido no irc com o Eduardo percebendo até que ponto tinha sido imprudente e como tinha estado tão perto de ter sido descoberta. Só esperava que ele não contasse nada à mãe.
─ Artista ou… ─ Inquiriram as outras duas.
─ Ou um grande amor anda no ar, quero dizer, no coração dele por ti mamã!
─ Também tu?! ─ Luísa dizia isto mas no fundo esperava que fosse verdade.
─ Também eu o quê? Acho que a conclusão é perfeitamente lógica: o que poderia ter inspirado um gesto desses senão uma grande admiração por ti, admiração que só pode ter um nome: amor?
Luísa corou como uma adolescente e não disse nada. Sandrine ajudou:
─ Eu também acho!
─ Ok, não adianta! Já vi que estão as duas contra mim! ─ Respondeu Luísa a sorrir e dirigindo-se a Rita: ─ Agora que já sabes tudo vamos mudar de assunto, está bem?
─ Rita, vamos deixar a tua mãe em paz que as coisas para ela estão bem encaminhadas.
─ Pois, para mim é que não. ─ Retorquiu Rita.
─ Tem calma! Não podemos ter a certeza de nada, mas tenho uma grande fé de que também para ti tudo irá correr bem. Vais ver que vais gostar de Espanha. Só falta conseguires entrar lá numa faculdade. E agora vamos jantar fora. ─ Convidou Sandrine.
─ Desculpa querida! Vão vocês. Eu preciso de tomar um banho e repousar. Divirtam-se e tenham uma boa noite.
─ Não jantas mamã?
─ Só me apetece um chá. Vão vocês.
Lá fora os pássaros chilreavam e o nevoeiro tinha começado a dissipar-se já. Luísa olhou para o relógio, eram apenas oito horas, demasiado cedo para falar com alguém, especialmente depois de passar a noite em claro. Como se fosse um eco, toda a conversa da véspera continuava a martelar-lhe a cabeça. Uma voz interior aconselhava-a a não se deixar dominar pelas emoções e a dar toda força e coragem à Rita na realização das suas expectativas. Mas não podia deixar de sentir que apesar de tudo estava muito feliz.Para Rita a escolha era evidente: iria concorrer a uma faculdade espanhola já que as alternativas seriam escolher outro curso ou esperar um ano e tentar de novo.
Continua...
31 Comments:
Pois... E assim nos vais mantendo na expectativa..... :((
Mas está a valer a pena :(
Beijos
Ora bem, já vi que me arranjaram um grande e bom problema. Gostei bastante desta 28ª parte de Virtual Realidade, e agora?! Agora vão-me dar um trabalhão do caraças ;), tou a sorrir! Vou ter de ler as 27 partes que faltam! Tá bem, embora o meu tempo não seja muito, vou lendo aos niquinhos!... Esta parte está bem escrita e gostei de a ler. Cumprimentos para ambos
Bom dia para os meus padrinhos amadinhos (sim pq já adoptei tb o Luis)! Qualquer dia vou pedir o livro autografado pela autora. Estou a gostar muito fofinha. Estamos todos na espectativa!Beijinhos e bom fds
Continua a ser muito interessante o desenrolar desta estória. Vamos continuar a segui-la.
Bom fim de semana.
Vou então iniciar-me na história. :)
Começa a espelhar-se neste conto a infeliz realidade do nosso país. E eu continuo a ler... :)
Beijos
Já estou dependente desta tua história muito bem narrada com muito movimento e com os diálogos que fascinam. Os problemas que nos atormentam também começam a fervilhar. parabéns Luísa. Beijo
vim de novo acompanhar mais um capítulo deste romance,
a dura realidade bem espelhada, a Rita ter que ir estudar para Espanha, pois Portugal continua e continuará sempre com estes problemas no ensino e não só,
uma boa descrição de Évora, que por acaso gosto
finalmente em casa depois das férias bem merecidas e o contar das aventuras a quem fica que é sempre agradável partilhar
continua a prender-me este romance e vou esperar por mais novidades, entre esta realidade e virtualidade ou vice versa, uma mistura bem descrita
parabéns, continuem. beijinhos meus
lena
Incrivel...não dá para perder uma só linha deste conto...apaixonei-me por ele...
beijos em vcs
Ok, pedias que não deixassemos ALI comentários, eu vim deixar AQUI:...(rs)
Bom domingo.e obrigada pela visita. Bjs da DoceRebelde.blogs.sapo.pt
Olá Isa
Está muito interessante a história. Bem narrada e com focagem actual. Tenho acompanhado com interesse.
Muito obrigada pela visita e por mais um poema!
Deixo beijinhos
Estou gostando mesmo da história.Será que a Rita não vai contar pra mãe o que fez?Bjos!
Boa semana ;)
Beijinhos aos dois*
Olá Isa&Luis. Obrigado pelas vossas compreensívas palavras no meu blog do sapo e pela oportunidade que me estão a dar em conhecer este vosso novo espaço. Verifico que cheguei bastante atrasada mas, dentros dos possíveis tentarei acompanhá-los.Pela vossa introdução deduzo que focam temas com muito interesse. Grata pela atenção vos deixo um bjo e uma flor.
Amita
Voltarei brevemente.
Vim aqui parar pela mão da Azoriana. O vosso blog é lindo. Já aqui entrei outras vezes e gostei dos lindos textos. Abraços
Gostei da viagem por Évora e da surpresa do Eduardo.
Gostei também de ver aqui focado mais um dos males do nosso país.A entrada em medicina.
Continuo a acompanhar com interesse.
beijocas gdes
Olá!!
Sem saber porque, não consegui comentar o post acima!!
Gostei muito de vos ler!! Interessante as estórias :)
Beijinhos
Tudo de bom
:)
Évora. Bela cidade. Guardo boas recordações :)
Um beijo grande e... continuem a história *
Bem amiga cá voltei como prometido.
A historia da Luisa ficou um pouco de lado para nos dares a conhecer ou a relembrar a riqueza do nosso País.
A descrição que fazes de Évora, o dares a conhecer parte da nossa riqueza gastronómica, quase que me leva a desejar ir ate lá e deliciar-me com tantas iguarias.
Obrigadapor este capitulo.
Engraçado como um conto onde querias dar a conhecer por assim dizer os meandros da net, os conhecimentos e as situações que como dizes são virtuais, mas muitas das vezes reais, conseguiste ser tão abrangente e levar-me (falo por mim) a outros assuntos tambem eles interessantes e algumas das vezes problemáticos.
O roteiro turistico que sempre que é possivel fazes por nos transmitir, é um dos pontos interessantes.
O caso da pretensa amiga que roubou a amiga é um problematico assim como este dos jovens que muitas das vezes para seguirem a sua vocação, t~eem de deixar o país e a família.
Mas nem todos teem capacidade ecoonomica para fazerem isso e ficam a meio do caminho
quem sabe perdendo-se optimos profissionais
A incognita do futuro dos nossos jovens é um problema grave que o nosso país está a atravessar e tambem não deixaste passar em branco este assunto .
mais uma vez amiga obrigada pela partilha do conto.
fico a aguardar a +proxima sexta feira.
beijos
soli
A história continua interessante. E que saudades e boas recordações que eu tenho de Évora, e da Pousada que aparece na foto que ilustra este capitúlo...
Bjs.
Hoje não li porque tenho o tempo um pouco atrapalhado mas prometo voltar. Beijinhos e continuação de boa semana
...venho agradecer e retribuir a vossa amável visita
Bem, a história promete... ;) fico ansiosamente à espera de novas "notícias".
1 beijo
Vim ler-te e acompanhar a estória...de uma realidade.. que muitos conhecem...
Um abraço e boa semana :)
Linda cidade de Évora com os seus muitos encantos !...
Isa:
Agradeço teres "assistido à aula no meu blog"... desta vez muito comprida...
Beijos.
Bem, vim para agradecer o post e o poema deixado no meu blog (k achei lindo) e deparei-me com um romance destas dimensões... é claro k me prendi``a narrativa e aki estou Há não sei kuanto tempo... até chegar a Évora. Fikei "compradora"!!!
jinhos e fico à espera dos próximos episódios.
Mar
Agardeço o incentivo deixado no meu blog e gostei da historia, das virtuais realidades que todos os frequentadores de chats e outros clubes se podem deparar...
Afinal sao pessoas reais escondidas atras de uma maquina que dao vida aos nicks...ate nos aqui nos blogs nos encondemos atras de um nick...
um abraço
pensadora
Vim por a leitura em dia...
Deixo-te beijos com carinho
pois é, faço minhas palavras escritas atrás:isto é um sério problema virtual, ler 27 partes virtuais porque o bichinho ficou a trás da lua rs ..abraço
pois enquanto houver
um toque de amizade,
haverá uma beleza subtil,
como a de uma perfeita
sinfonia inacabada...
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