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Saturday, March 11, 2006

Virtual Realidade Parte 22


Cristina estava nervosa demais para ir para casa. Tomou rumo a uma pequena praia deserta que ficava ali perto. Lutava contra si todos os dias para terminar a relação
com o Rui. Confiava na Luísa mas não tinha coragem para lhe contar. Queria acabar com tudo e encerrar aquele episódio da sua vida.
Cristina era ainda uma linda mulher. Estatura mediana, olhos verde-claros, cabelos levemente ondulados que caíam em cachos sobre os ombros bem torneados.
Sentada no areal com o sol a mergulhar na água, acendeu um cigarro e pôs-se a recordar a doçura do primeiro encontro entre ela e o Rui.
Tinha-o conhecido através do Mirc, ponto de referência para passar o tempo e, em muitos casos, tornar a solidão menos insuportável. Falaram meia dúzia de vezes, trocaram fotos e palavras de confiança.
Em pouco tempo passaram a encontrar-se no MSN onde podiam ver-se enquanto dialogavam através de mensagens faladas.
A atracção entre ambos tornou-se irresistível ao ponto de acabarem por marcar um encontro pessoal sem pensarem muito nas suas consequências futuras.
Para o Rui seria apenas mais uma aventura a juntar à colecção daquelas em que se envolvia com mulheres que conhecia online. Ele adorava esse tipo de coisas e nunca se prendia. Mas era de índole honesta: jamais prometia algo que não tivesse a intenção de cumprir.
Cristina era casada, o marido longe havia meses, a solidão e a biologia a falarem mais alto do que a prudência.
Disse ao filho que iria visitar uma amiga, e não saberia se viria dormir a casa. O filho achou bem que ela fosse, que era bom a mãe sair e divertir-se com as amigas; assim não sentiria tão intensamente o tédio dos dias vazios.
Era sexta-feira, o dia estava ameno, o céu de um azul intenso. Cristina estava ansiosa mas entusiasmada. Como moravam longe um do outro, cada um percorreria mais ou menos metade da distância. A cidade escolhida foi a Figueira da Foz. Cristina estava com receio de encontrar alguém conhecido. Combinaram encontra-se ao meio da tarde, num sitio que ambos conheciam; nada poderia falhar.
Cristina tinha ido ao cabeleireiro, e estava lindíssima no seu vestido branco sem mangas sobre a sua pele dourada. Aromatizada pelo seu perfume favorito (Amarige) tomou o rumo da Figueira da Foz, cidade encantadora, pelas suas praias de areia dourada, ááfamosa pelas provas internacionais de surf e de futebol de praia.
Rui, chegou á Figueira da Foz por volta das seis horas da tarde. Olhou para o relógio e viu que ainda faltava meia hora para o ansioso encontro. Saiu do carro vagarosamente, dirigiu-se para a esplanada que tinham combinado. Pediu um café, tirou um cigarro da cigarreira dourada, e deixou divagar o pensamento admirando o entardecer. “Como será realmente Cristina? A mulher bela, apaixonada, fogosa, que deixa transparecer no MSN e ao telefone? Tem cuidado rapaz, nada de sentimentalismos, pensa na tua liberdade!” Rui, estava tão absorvido nos seus pensamentos que nem dá pela chegada da bela mulher. Cristina estava na sua frente.
─ Cristina?
─ Rui?
Olharam-se...ela sentiu-se observada, acariciada pelo olhar dele, como se uma leve brisa morna percorresse seu corpo sensual.
Sentiu a mão dele na dela...beijaram-se....abraçaram-se...
─ Estás linda! Senta-te! O que queres tomar? Reconhecia-te onde quer que fosse. As fotos não enganam ─ Disse Rui com um sorriso franco e acolhedor.
─ O mesmo digo de ti. ─ Respondeu Cristina ainda um pouco receosa.
Rui possuía uma figura máscula e muito atraente. Era alto, usava uma barba preta, espessa, rebelde e tinha um ar misterioso.
Cristina, acabou por pedir também um café, e o Rui ofereceu-lhe um cigarro que ela aceitou com todo o agrado. Falaram sobre temas banais, mas depressa passaram a debater opiniões e gostos pessoais. Enquanto se mantiveram na esplanada o Sol foi descendo no horizonte, até que o céu tomou uma pouco convidativa cor acinzentada. A conversa estava animadíssima, quando Rui perguntou carinhosamente:
─ Vamos? Tenho um programa fabuloso para esta noite memorável. Deixa-me conduzir-te minha Bela Desconhecida!
Cristina, empolgada pensava qual seria a surpresa da noite? Rui saiu do circuito da costa, dirigindo-se para o interior da cidade. Estacionou em frente ao Casino. Entraram de mãos dadas, indo directamente para o salão de espectáculos onde era servido o jantar acompanhado por um grupo de bailarinos. A sala estava repleta. Uma melodia romântica ecoava suavemente no ambiente, "crazy". O chefe de mesa veio ter com eles, cumprimentando-os e indicando-lhes a mesa onde se deviam sentar. O jantar era composto de um menu muito requintado e variado. Apenas escolheram para entrada uma salada à mexicana e dourada ao sal acompanhada por legumes salteados. Acabando com uma deliciosa sobremesa, tarte de limão, café e digestivos. Enquanto serviam o jantar decorria o espectáculo. O ambiente estava harmonioso. Cristina estava radiante com a surpresa, roçando com o polegar na mão dele sussurrou:
─ Rui obrigada pela noite maravilhosa. És encantador!
─ Vamos dançar?
─ Aqui? Agora?
Sem mais uma palavra, Rui levantou-se, pegou na mão de Cristina, puxou-a suavemente para si fazendo-a levantar-se também, colocou os braços à volta da cintura dela, roçou a barba pelo seu belo rosto delicado fazendo as suas bocas aproximarem-se. Os lábios tocaram-se, no início apenas ao de leve, de forma quase imperceptível. Depois, como inundados por vontade própria, uniram-se bruscamente num beijo sôfrego de paixão.
Dançaram duas músicas, os corpos colados; não contendo mais o desejo Rui segreda-lhe ao ouvido: vamos amor?
O modo atencioso, delicado, carinhoso do Rui tinha feito Cristina perder os últimos receios.
Partiram rumo ao hotel. Iam entrelaçados e desejosos de estarem sós para saciarem a fome que a sua natureza reclamava.
Mal entraram no quarto tiraram as roupas até ficarem completamente nus. Colados, pele com pele, caíram sobre a cama. As áásuas bocas uniram-se num beijo ardente, as línguas enroscando-se uma na outra numa busca louca, desesperada. Os dois corpos fundiram-se num só. Aquele momento pareceu interminável!
Cristina tinha gravado no espírito cada pormenor daquele dia inesquecível: o quarto de hotel com vista para o mar, os móveis, a decoração, o cheiro do Rui, o modo como ele a fizera sentir-se mulher, levando-a a percorrer todo um caminho de experiências novas até ao êxtase final.
Ela apenas olhava nos olhos dele e sorria, o seu sorriso terno era como a aurora de um amanhecer. Quando se despediram, entre beijinhos e abraços vontade de ir e de ficar; prometeram que logo que possível se voltariam a encontrar.
Cristina, relembrava aquele dia, e o seu coração desejava muito mais. Mas a mente dizia-lhe para acabar com tudo enquanto havia tempo. Ela começava a apaixonar-se pelo charmoso galã.Regressou a casa já escuro dividida entre o dever e a felicidade. O que iria ser dela se acabasse a relação e o que aconteceria se continuasse a ver o Rui?...

Continua...

2 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

Ainda só vou aqui.
A história está interessantíssima e bem contada.
Beijo para a Isa
Abraço para o Luís.

8:04 pm  
Anonymous Anonymous said...

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