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Saturday, March 11, 2006

Virtual Realidade Parte 21


No dia seguinte de manhã Luísa recebeu um telefonema de Sandrine a confirmar a sua chegada para breve. Luísa estava eufórica. Finalmente, iriam passar uns dias ao Algarve. Deixou-se invadir pelas recordações. Parecia que estava a viver aquele dia em que foi buscar Sandrine ao aeroporto. Avistou-a ao longe, com um livro na mão, como tinham combinado. Morena, simpática, alegre, cheia de curvas, com um estilo muito próprio de se vestir, chamando a atenção por onde passasse. Sandrine vinha estudar para Portugal e Luísa ia ser a sua família de acolhimento. Apesar de Sandrine não falar quase nada de português, para Luísa não iria ser difícil pois falava francês fluentemente. Era uns anos mais velha do que a Rita. Logo nasceu uma empatia entre as três.
Sandrine estava em Portugal havia dois anos, quando um dia chegou a triste notícia de que os pais tinham falecido num trágico acidente de aviação. A jovem ficou desolada; não estava preparada para o embate. Era filha única. Luísa depois de consultar a filha tomou a resolução de ficar com ela. Deu todo o apoio a Sandrine e foi com ela ao funeral dos pais. Trouxe-a para casa. Iria fazer parte da sua família. Sandrine ficou muito comovida e um grande carinho nasceu entre elas.
Apesar do acidente dos pais, Sandrine não deixou de tirar o desejado curso de piloto. Agora viajava muito e regressava sempre a casa com um sorriso nos lábios, para junto da sua família adoptiva.
Rita entra na sala repentinamente. A mãe fica admirada, não esperava por ela; pensava que estivesse em Leiria, em casa da avó; ainda na véspera tinham falado e ela tinha confirmado que não viria a casa naquele fim-de-semana.
─ Um beijo por esses pensamentos! Namorado novo? Paixão no ar? Tinhas tudo aberto, assim como eu entrei, qualquer pessoa o fazia com facilidade. Por exemplo o teu Eduardo, que a esta hora já sabe os teus dados todos. Adivinhei mãezinha?
─ O Eduardo não faria tal coisa! Estava a recordar o dia que fui buscar a Sandrine ao aeroporto. Ela ligou a dizer que vai connosco para o Algarve. Conseguiu uma licença.
─ Tu e os teus projectos. Sabes que vai ser muito difícil para mim por causa dos exames.
Este é o ano do tudo por tudo; não posso perder tempo com férias nem com fins-de-semana. Tenho que entrar na universidade, cá ou em Espanha.
─ Eu sei, querida! Eu vou apoiar-te em tudo o que precisares.
─ Tenho que ir rever uma matéria para o próximo exame. Desculpa de não te ter avisado, mas apanhei boleia de uma amiga que vinha para S.Pedro de Muel. Deixou-me perto de casa. Tinha que vir buscar um livro de que precisava; aproveito e passo o domingo contigo. Sabes o que me apetecia agora? Era aquele bolo de chocolate, que tu fazes tão bem.
─ Vai então estudar, que eu vou fazer o bolo de que tanto gostas.
─ O bolo de chocolate mãezinha?
Mãe e filha separam-se e foram às suas tarefas.
Luísa foi para a cozinha e pensa em aproveitar o forno, e, além do bolo, fazer bacalhau com natas para o almoço. Rita adora esse prato, pensa a Luísa, que faz tudo para a filha se sentir feliz. Estava tão entretida com toda aquela elaboração que nem ouviu o telefone tocar.
─ Mãezinha, telefone para ti! Estás tão entretida que nem ouves nada! Que cheirinho que vai aqui nesta cozinha? Posso saber o que estás a fazer para o almoço?
─ Surpresa! Toca a andar daqui para fora! Dá-me o telefone!
─ Olá, Cristina! Tudo bem contigo? Estou a fazer bacalhau com natas, queres vir almoçar? A Rita chegou esta manhã.
─ Aceito sim, obrigada! Há muito que não vejo a tua filha nem me delicio com esse prato. A que horas é o almoço?
─ O almoço é há uma hora da tarde, caso queiras vir antes fica à vontade.
─ Combinado! Mas depois vais lanchar comigo?
─ Vou! A Rita também precisa de estudar. Está complicado: ela quer entrar este ano em medicina, nem que tenha que ir para Espanha.
As amigas despediram-se, e Luísa foi acabar de preparar o almoço.

Rita descia para almoçar quando a campainha tocou; foi abrir a porta e deparou-se com Cristina.
─ Olá, Cristina, por aqui? Estás bem? Vieste a boa hora: se ainda não almoçaste, almoças connosco.
─ É para isso que aqui estou! Querias o bacalhau com natas, todo para ti? A tua mãe convidou-me para almoçar convosco. ─ Respondeu Cristina a rir.
­─ Ah, então sabes mais do que eu que nem sabia qual era o prato. Vou zangar-me com a minha mãe; contou-te a ti e a mim não me disse nada! ─ Exclamou Rita no mesmo tom de brincadeira fazendo beicinho.
─ Desculpa ter-te estragado a surpresa!
─ Só lhe perdoo o não me ter dito nada por te ter convidado. Mas vamos entrando! Como está o Daniel? Há algum tempo que não me liga.
─ Ainda gostas dele? Liga-lhe tu!
─ Gosto dele como amigo. Isso está muito bem esclarecido entre nós.
─ Está bem, vocês é que sabem! A vida é a vossa, não me quero meter.
Dirigiram-se para o interior da casa e encontraram a Luísa a acabar de preparar tudo.
A mesa tinha sido posta na varanda. As três deliciaram-se com o almoço, terminando com o bolo de chocolate.
─ Rita, a tua mãe falou-te sobre o que aconteceu à minha prima Júlia?
─ Não, Cristina! Ainda não tivemos tempo para falar muito. Ando atrapalhada com os exames. Mas conta, o que aconteceu?
Cristina voltou a contar o episódio que se tinha passado com a prima Júlia.
Rita seguiu a história com toda a atenção. Luísa estava atenta à filha para ver a sua reacção.
─ Cristina é lamentável como as pessoas não têm escrúpulos nenhuns. Estão cada vez estão mais ambiciosas e não olham a meios para atingir os seus fins. Na Internet, encontra-se de tudo: mulheres que se fazem passar por homens e vice-versa, usam máscaras de todas as cores, porque desejam ser o que não são. Existem mesmo pessoas com problemas psicológicos que usam os chats para desabafar ou descarregar as suas frustrações. E não ficamos por aqui, também entram nas caixas de correio e no messenger, para assustar os outros e fazem ameaças.
Cristina e Luísa ficam de boca aberta com a história que Rita conta da Internet.
─ Estou sempre avisar a minha mãe para ter cuidado, para se manter virtual e nada de dar os seus dados. È perigoso!
─ Eu também já avisei! Mas ela anda muito entusiasmada com a amizade do tal Eduardo.
─ Meninas, eu confio no Eduardo! Nem tudo pode ser mau na Internet.
A conversa ficou por ali, Rita foi estudar e as duas amigas entretiveram-se a arrumar a cozinha.
Luísa dirigiu-se à sala pequena onde Rita está a estudar.
─ Filhota, vou sair com a Cristina. Mas não demoro muito. Precisas de alguma coisa?
─ Não mãezinha! Vai e diverte-te.
As duas amigas saíram e foram lanchar a uma bonita esplanada num pequeno jardim em que havia no ar um suave perfume de flores.
Encomendaram o lanche e Luísa, que andava desconfiada da amiga, perguntou:
─ Amiga, passa-se alguma coisa de menos bom contigo?
Cristina, apanhada e surpresa gaguejou:
─ Não, nada! Mas porque perguntas isso?
─ Sabes que te conheço muito bem e ultimamente tenho notado em ti indícios de que algo te preocupa. Sabes que me podes contar tudo e que eu se puder te ajudarei.
─ Impressão tua! ─ Cristina hesitou.De repente, apareceram dois amigos de Cristina que se sentaram ao pé delas. Conversas fúteis e logo a quererem combinar um jantar a quatro. Cristina achou a ideia esplêndida, enquanto Luísa deu mil e uma desculpas. Não estaria cá, iria para o Algarve. Quando se despediram Cristina segredou ao ouvido da amiga” não gostei nada da tua atitude, cheirou-me a Eduardo”. Luísa sorriu.

Continua...

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Keep up the good work » » »

6:51 pm  
Blogger lena said...

lembro-me de ter adorado este bolo de chocolate

não sei da receita...


beijinhos

lena

7:55 pm  

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