Virtual Realidade Parte 49
Pelas seis horas da manhã, Francisco chegou a casa onde a mãe já o esperava levantada, carinhosa e dedicada. Mãe e filho abraçaram-se ternamente.
─ Olá mamã! Bom dia! Já acordada?
─ Olá, meu filho! Estava cheia de saudades tuas e queria ver-te antes de ires para o estúdio. Dormiste alguma coisa no comboio?
─ Muito pouco. ─ Respondeu Francisco com ar sonhador que a mãe logo notou.
─ Pela tua cara aconteceu alguma coisa! Senta-te aqui ao pé de mim e conta-me tudo, vá! Dizendo isto, Mariana sentou-se no sofá. Francisco sentou-se ao lado da mãe.
─ Mãezinha, acabo de chegar de uma viagem longa, dormi pouco, estou cansado e daqui a nada tenho de ir trabalhar. Depois conto-te tudo. Quero saber é da tua saúde…as consultas, os exames, as análises. Está tudo bem contigo?
─ Até já me esquecia de que tinha isso para te dizer! ─ Exclamou Mariana suspirando feliz.
─ Era por aí que devias ter começado. Sabes que tenho andado muito preocupado contigo!
─ Pois é, filhote! Desculpa. Mas fica tranquilo: está tudo bem comigo. Exames, análises, etc., deu tudo normal. Apenas um grande cansaço físico e da alma.
─ Que bom, mãezinha! Não me estás a enganar, pois não?
─ Não, Francisco, não! Tenho aí os papéis todos que comprovam que não tenho nada de preocupante.
─ Toma um grande beijo. Hoje o dia começa muito bem para mim. Já não estou cansado nem tenho sono.
E Francisco agarrou nas mãos da mãe, puxou-a suavemente para si, e pôs-se a dançar com ela ao som da música que ambos ouviam no interior dos seus corações felizes.
─ Mãezinha, existe isso de amor à primeira vista? ─ Perguntou sorrindo e olhando a mãe nos olhos.
Os olhos de Mariana brilharam e pela sua mente perpassaram gratas recordações antigas de um amor ainda não esquecido de todo. E respondeu:
─ Sim Francisco, foi o que aconteceu entre mim e o teu pai.
─ Pois, já me tinhas contado.
─ Mas porque perguntas isso? Já sei, encontraste alguém nesse comboio que te fez sonhar.
─ Talvez, quem sabe?!
─ Vi logo quando entraste, pelo teu ar sonhador, que se tinha passado alguma coisa.
Marina não fez perguntas e esperou que Francisco começasse a contar. Os dois largaram-se e sentaram-se de novo no sofá.
─ Não foi nada de especial, mas a verdade é que não consigo deixar de pensar nela. ─ Francisco continuou pensativo.
─ Ela mora aqui em Pamplona?
─ Vem para cá morar. É portuguesa e vem estudar medicina cá na faculdade.
─ Para ter produzido em ti esse efeito deve ser muito bonita!
─ Quase tão bonita como tu!
─ Não digas isso. Eu já não sou bonita, passaram os anos…
─ Claro que és! És e serás sempre!
─ Assim deixas-me vaidosa. ─ Mariana sorria. ─ Mas continua…
─ Vou contar-te tudo: chama-se Rita, é de perto de Leiria, decidiu vir estudar para Espanha porque não conseguiu atingir a nota necessária para entrar numa universidade portuguesa no curso de medicina, estava a viajar pela primeira vez para cá e vinha com a mãe. Não cheguei a conhecer a mãe. Havia duas senhoras com ela no bar do comboio, onde a encontrei, e não sei qual delas seria. As duas regressaram aos lugares na carruagem e eu retive a Rita para conversarmos um pouco.
─ Tu tiveste a ousadia de meter conversa com ela?
─ Porque não?! Não fiz mal nenhum.
─ Pois não, filhote. Mas assim sem a conheceres de lado nenhum…
─ Se fossemos a pensar assim nunca conheceríamos ninguém.
─ E agora como vai ser? Nessa curta entrevista que tiveste com a tal Rita já combinaram voltar a encontrar-se?
─ Eu dei-lhe um cartão meu para ela me ligar quando estivesse instalada. Ofereci-lhe apoio para o que precisasse.
─ Estou ver que o meu filhão não perdeu tempo na viagem! Por isso nem dormiu! Agora percebo tudo. ─ Mariana sorria tomando nas suas as mãos do filho.
─ Sabes que eu sou um bom trabalhador. Lá no estúdio o chefe até quer que eu fique lá sempre. ─ Retorquiu Francisco a sorrir também.
─ Então ficas a aguardar que ela entre em contacto contigo. E se não o fizer? Se ela não se impressionou tanto contigo como tu com ela?
─ A gente encontra-se por aí. Pamplona não é tão grande assim.
─ Pois não.
De repente o telemóvel espanhol de Francisco tocou. Trocou um olhar com a mãe e foi atender. Um pouco desiludido, quando viu que era o número do Juan, exclamou:
─ Ah! Estou! Sim, sou eu, diz…
─ …
─ Eu sei, antes das nove estou no estúdio. Até já.
Francisco desligou e, virando-se para a mãe, explicou:
─ Era o José, para eu não adormecer. Estamos apertados com o projecto do pavilhão de Espanha para a expo de Saragoça em 2008.
─ Pensavas que era a Rita.
─ Como estávamos a falar nela, de repente pensei. Mas não podia ser: elas iam ficar dois dias em Vitória, só depois de amanhã virão para cá. Segundo a Rita me contou.
─ Parece que essa rapariga mexeu mesmo contigo de um modo muito intenso. Oxalá tenhas aquilo que desejas.
─ Obrigado mamã! E também obrigado por me teres dado a felicidade de estares bem de saúde. Mas aquele abatimento todo que sentias…
─ Apenas um grande desânimo. Aquilo que aconteceu, naquele inqualificável acto terrorista, deixou-me muito abalada.
─ Eu também gostava muito deles! Como se fossem meus avós de verdade. Trataram-me como a um neto, eram meus avós do coração. Afinal os únicos que tive, a única família além de ti, mãe! Eram pessoas fantásticas. Quando penso neles ainda me pergunto como é que naquela idade se pode ter uma mente tão arejada como eles tinham, tendo sido criados num tempo certamente menos aberto que o de hoje.
─ E grandes corações. Foi uma sorte, terem cruzado o nosso caminho. ─ Sim foi.
─ Bom, tu tens mais família: eu tenho irmãos; só não sei onde eles param nem eles sabem de mim.
O tempo passava e aproximava-se a hora de Francisco ir trabalhar.
─ Mamã, fazes-me um favor?
─ Diz, amor!
─ Faz-me duas torradas e uma chávena de café com leite, enquanto me barbeio. Daqui a pouco tenho de ir. Depois acabas de me contar isso tudo sobre a tua família.
─ Claro, tudo o que quiseres. Vou já fazer.
Daí a pouco Francisco saía para o trabalho depois de uma noite sem dormir. Chegado ao estúdio encontrou uma colega aflita porque tinha estado parte da noite a adiantar um trabalho e tinha perdido tudo. Ao ver Francisco chegar pediu-lhe para tentar recuperar o ficheiro perdido, caso contrário teria de começar tudo do zero.
Ele era o único naquela sala que sabia alguma coisa de computadores. Habitualmente para todos os problemas informáticos que surgiam era chamado um técnico de fora.Ao fim de alguns minutos o ficheiro foi recuperado.
Continua...
22 Comments:
Ah...quem me dera ter um filho como o Francisco...preocupado com o meu estado de saúde...
Passo para desejar um óptimo fim de semana.
Beijokas.
mais uma narrativa interessante do fio que se desenrola para nos animar a semana.
Um belo pedaço de amor muito bem narrado.
Beijinhos e bom fim de semana.
Hoje li dois capitulos.
Gostei de ambos. Neste último foi descrito de maneira simples e bela o amor de filho, por acaso sentimento quem nem sempre vemos nas historias retractado. gostei.
Só um aparte lol.
"Estou ver que o meu filhão não perdeu tempo na viagem! Por isso nem dormiu! Agora percebo tudo. ─ Luísa sorria tomando nas suas as mãos do filho."
Pois. seria amãe Mariana a tomar as mãos do filho e não a Luísa.
Sei que foi distracção. eu certamente mais distracções teria, sabes que sou perita nisso.)
Fico a aguardar os proximos episódios para saber que caminho o destino vai encontrar para unir os novos laços de amor que se estão a desenhar na historia.
Fiquem bem e até à semana aqui no conto, que entretanto vamo-nos encontrando neste mundo virtual.
Beijos
soli
Ola, finalmente consigo por a leitura em dia... a História continua interessante...aguardo pelo encontro do Francisco com a Rita, assim como o do Eduardo e a Luísa...beijinhos
Mãe é sempre mãe... :):)
Isa&Luís
É tão bom ter um filho assim!
Felizmente a Mariana tem... não é a única privilegiada, também eu o sou.
Amor à primeira vista!...
Rita e Francisco... acredito que terão muitos momentos de felicidade, espero por eles.
~*Um beijo*~
Olá!!
Que bonito!!
Filhos sempre prontos a ajudar, como eu!! :)
Luis,
li o teu comentário e não levei a mal!! Tens a tua opinião, e é muito bom que o expresses...senão...hehe!!
Para ti pode não ser um poema, para mim o é!!
POdes ler da maneira que achares melhor, boa!!???
Beijossss
Aos dois, claro!!
:))
Bom fim-de-semana
Ola Luis, vim agradecer a visita, e saber claro está, da continuação da história tão bem contada...
No olharindiscreto tem meu comentário ao Ps... e o pensamento desta semana...
Fiquem bem, beijo e meu
rasto...
Cõllybry
Já estava a pensar onde estaria Francisco...quem sabe o destino propicia um reencontro...tudo é possivel...fico a torcer..
beijos mil pra vcs Isa & Luis
A sempre doce e eterna ternura nos reencontros entre mãe e filho está bem espelhada aqui! E é claro, o amor-paixão... sente-se, cheira-se, no sobe e desce no coração de Francisco! Outro bom capítulo suave e bom! Beijo Isa, abraço Luis
Como o amor é lindo, mas a beleza da mamã será eterna. Mais um capítulo, que cada vez entusiasma mais. Abraços e resto de bom domingo.
OLá Amigos!
Tudo bem com vocês?
Vim deixar meu carinho e desejar
que tenham uma semana abençoada e com muitas alegrias.
Beijos no coração.
Regina
Continuo a gostar do que leio.
Beijinhos para a Isa e um abraço para o Luís.
Voltei! As férias acabaram e já coloquei a leitura em dia...
Esta história ainda tá aqui linda e com muito espaço de manobra! Vocês conseguem manter-nos aqui agarrados a esta trama de uma maneira incrível!
Continuem
Beijinhos enormes e votos de um bom começo de semana!
:)
consegues sempre manter os leitores interresados, em cada trecho fica a vontade de voltar para saber o que vai acontecer a seguir... será que temos amor a pairar nos céus de pamplona?...
Beijos
Será que a mãe está mesmo bem? será que lá mais para o final não será a Rita a salvar a mãe, uma vez que anda em medicina?? um conto ainda com muito pano para mangas. Claro nas entrelinhas penso encontrar outras mensagens que subtilmente apelam à reflexão do nosso quotidiano...
Beijinho aos dois :)
Ai ai ai um amor á primeira vista? Começo a a imaginar o fim disto tudo e acho q ela ser estudante de medicina e a mãe dele estar doente nao é só cuincidencia... até eu estava á espera, quando o telefone tocou, que fosse a Rita rss. Já estou aqui em pulgas, tão em pulgas que nem dei um olá antes de começar a a falar. Olá, espero q continue tudo bem, já voltates de perto do mar Isa? Eu tenho imensa sorte pois o mar não sei de perto de mim, acho que nao saberia viver longe dele...ele transmitenos tantas sensações ao mesmo tempo... Um beijinho a cada um ;)
Olá, estou de volta, por aqui continua tudo bem já deu para ler, deixo um abraço...
Passei aqui para deixar um grande beijinho e desejar continuaçao de boas ferias.
Cheguei de férias e vim deixar um beijinho. A leitura terá que ficar para o fds. Jokitas ternas aos dois padrinhos lindos.
Que as Bênçãos Divinas
desçam sobre seu coração
e que nossos laços de amizade
se tornem cada dia mais fortes.
Amiga desculpe minha ausencia
não estava muito bem ,mas estou
aqui para deixar meu bj no seu coração.
Regressada de férias já pus em dia a leitura. Claro que esta história tem-me prendido desde o seu início. Grata pelas visitas ao campo na minha ausência. Beijos
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