Name:
Location: Portugal

Saturday, March 11, 2006

Virtual Realidade Parte 17

E a verdade sobre a Ana apareceu finalmente em toda a sua crua evidência: quando a Júlia chegou a casa nem Ana nem cheque de 25000 euros. Tinham-se evaporado como que por encanto!
─ Livra! E a Júlia como ficou?
─ Incrédula, primeiro, perplexa depois! Mas reagiu logo e entregou o caso à judiciária. Agora espera pelo resultado.
Não te esqueças de tirar disto as ilações necessárias. Sê muito prudente em tudo o que diz respeito a essas conversas com gente que pode ser tudo menos aquilo que diz ser.
─ Até estou arrepiada! Isso foi mesmo verdade?
─ Posso-te provar que sim!
─ E agora?
─ Agora a Júlia diz que vai continuar no IRC, sim, mas que não vai mais querer conhecer ninguém pessoalmente. Continuará a dar apoio, amizade, mas que jamais voltará a misturar o virtual com o real. Não deixou da gostar daquelas conversas, em que apesar de tudo, diz ela, se aprende sempre algo de útil e ajudam a passar algum do tempo disponível. Acho que lhe serviu de lição e espero que a polícia recupere o dinheiro roubado.
Imagina se ela se tinha apaixonado por alguém que depois a traía desse modo!
─ Pois, seria muito mais complicado!
─ Cuidado, minha amiga, com os príncipes encantados! Percebeste agora porque te falei daquele modo a respeito do tal Eduardo?
─ Sim, sim, mas também não existe nada entre nós a não ser uma boa camaradagem virtual.
─ Mas confessa que te andavas a entusiasmar!...
─ É verdade! Tenho de admitir isso! Obrigada por me teres contado!
─ De nada. Se é verdade que precisas de um homem na tua vida, também é verdade que tens de ter imenso cuidado com esses encontros da Net. O que pensas fazer agora?
─ Acho que a Júlia está certa e vou fazer como ela: jamais querer conhecer alguém pessoalmente depois de ter conhecido no mirc. Acreditarei em toda a gente por princípio, mas se algum dia vier a descobrir que me mentiram isso não me afectará nada. Saberei manter o distanciamento afectivo necessário. Vou continuar a tratar o Eduardo do mesmo modo e talvez até nem lhe conte nada disto.
─ Por outro lado ele está sempre a avisar-me de que tenha cuidado e não acredite em ninguém. Será que ele também me mente e esse aviso é contra ele mesmo?
Será isso possível? Alguém alertar outro contra si mesmo?
─ Isso não te sei responder. Mas digo-te que há gente capaz de tudo e que aqueles de que menos se suspeita podem ser os piores. Já não és uma criança e sabes muito bem que isso também acontece na vida real.
─ Pois sei.
─ Mas também não é assim, não quereres conhecer ninguém pessoalmente. Agora, só depois de algum tempo de conhecimento pessoal deves decidir se o Eduardo serve para ti ou não. Isto é, se ele também te quiser. O segredo é não te precipitares nem num sentido nem no outro, não entregares já o teu coração.
─ E como se manda no coração?
─ Não se manda. Mas muitas vezes é a nossa imaginação alimentada pelas nossas carências que nos faz amar alguém que julgamos conhecer de verdade.
─ Pois é, e basta umas palavras do outro lado virem ao encontro das nossas esperanças para desencadear tudo. Eu também sei isso, conheço-me bem e ainda não entreguei o meu coração.
─ Tens a certeza? Eu conheço-te e noto um brilho especial no teu olhar quando se fala no Eduardo.
─ Tenho a certeza. O tal brilho que tu dizes notar, só pode ser porque temos uma bela amizade.
─ Ele que idade diz que tem?
─ Não dissemos a idade um ao outro
─ E o que faz na vida? Ou o que te diz que faz?
─ Delegado de Informação Médica.
─ Hum! Isso é gente que deve saber falar bem para falarem aos médicos; devem ter treino nesse sentido. Certamente sabem muito bem o que dizer e como o dizer para atingirem os seus fins.
─ Achas isso?
─ Tenho a certeza disso, mas não quero dizer que esse teu Eduardo use o que sabe para fazer mal a alguém. Só quero dizer que tenhas o máximo cuidado. Tudo é possível.
─ Pois bem, graças a ti acho que amadureci com esta conversa; fez-me bem saber isso, sinto-me mais segura e experiente. Ficas para almoçar?
─ Se não te der muita maçada!....
─ Claro que não, mas vais é ter que ajudar a fazê-lo. A seguir ao almoço conto-te todas as conversas que tenho tido com o Eduardo e como ele se me tem apresentado para veres porque penso bem dele e para que possas avaliar também o que eu sinto.
─ Acho que vai ser uma tarde bem passada! Se eu achar que tens razão quanto ao Eduardo, terás todo o meu apoio. Quero saber tudo para te poder fazer uma ideia sobre o misterioso personagem. Vamos analisar as duas juntas, essas conversas.
─ Menina, ao trabalho senão não almoçaremos hoje!─ Vamos a ele!

Continua...

0 Comments:

Post a Comment

<< Home