Virtual Realidade

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Location: Portugal

Friday, March 17, 2006

Virtual Realidade Parte 27


Rita desligou o telefone e pensou fazer o que a mãe lhe tinha aconselhado: um intervalo para relaxar. Aonde iria? Não tinha pachorra para andar pelos centros comerciais, nem ir ao cinema sozinha. Ficaria por ali mesmo. De repente teve uma ideia que achou brilhante: ir ao IRC meter-se com o mds, se o encontrasse por lá, e tentar tirar dele algumas informações; queria saber com quem a mãe andava tão entusiasmada. “Será que faço mal? Mas também é por uma boa causa” ­─ Pensou.
Correu o Mirc e viu o nick de mds, sorriu e saiu. Voltou a entrar com o nick da mãe e, em poucos segundos mds foi ter com ela em pvt.
─ Olá Princesa! As férias estão a correr bem? Estou com muitas saudades tuas.
─ Olá, beijinhos! Muito bem mesmo, obrigada. Temos passeado muito. Não sei ainda quando voltarei.
─ Toma beijinhos também, para ti fofinha. Recebi a tua mensagem via telemóvel.
─ Porque não me ligaste? Esperei! Esperei…
─ Não estou a perceber. Eu nunca te liguei, como é que estavas à espera? Mandei-te um e-mail; não viste?
─ Sim, pois ─ «Gaguejou» Rita atrapalhada ─ mas preferia ouvir a tua voz. Pensei que poderias telefonar-me
─ Acho-te estranha! O que é que te aconteceu? Conheceste alguém nas férias?
─ Não, nada! Impressão tua. Conta-me o que tens feito.
─ O trabalho habitual. Nada de novo ou diferente. E tu, não tens nada para me dizer?
─ Só que tenho muitas saudades tuas.
─ Só isso? ─ Estranhou Eduardo. Sabia que Luísa tinha recebido as flores e não entendia porque não lhes fazia referência. Esteve tentado a falar nelas mas deixou andar para ver o que dava a continuação do diálogo.
─ E que mais podia ser? Sabes que eu te adoro! ─ Rita começava a ficar preocupada com o rumo que a conversa estava a tomar mas tinha de manter toda a coerência que pudesse. Recuperou a calma e arriscou: ─ Eu sei que tu não gostas de mim e que te chateia eu dizer isto…
─ Sabes muito bem que não é isso! Aliás, já te expliquei tudo. Será que esqueceste?!
Rita não conhecia a história do Eduardo e por essa razão, apesar de experiente no IRC, ficou atrapalhada. Geralmente sabia bem como lidar com as pessoas, mas aqui o caso era diferente: ela não sabia nada sobre as conversas que a mãe tinha tido com o Eduardo e, assim, tentar fazer-se passar por ela, era complicado. Teria de ter imenso cuidado ou seria apanhada em breve.
─ Não, não esqueci nada.
Eduardo não compreendia como Luísa estava tão distante, sendo ela tão emotiva quando falava com ele. Nem lhe falou da surpresa que ele lhe fez. Foi uma maneira de lhe pedir desculpas pelo comportamento dele. Sabendo ele que ela ia adorar aquela surpresa e que há muito esperava algo da parte dele.
─ Continuo a achar-te muito estranha! Estás bem? Aconteceu alguma coisa com vocês?
Rita mantinha a sua postura de não deixar cair a máscara, e assim estava a conhecer um pouco o misterioso Eduardo. Mas não conseguiu saber nada de interessante. Eduardo era uma pessoa correcta e não tinha deslizes.
─ Não, nada! Fica tranquilo. Está tudo bem connosco.
─ Hum! Não sei o que tens mas não te posso obrigar a dizer. Acredita que começo a ficar preocupado. Não pareces a mesma Luísa que eu conheço.
Rita achou que ele era correcto no modo de falar e talvez fosse uma pessoa honesta e pudesse a vir a ser um grande amigo da mãe. Resolveu despedir-se antes que perdesse o controle do que dizia.
─ Claro que sou a mesma! Desculpa Eduardo, mas tenho que desligar. Depois escrevo. Beijos xau.
E desligou precipitadamente.
Eduardo não teve tempo para se despedir. Tudo aquilo era muito estranho. Fez algumas pesquisas e verificou que o IP do computador era o mesmo que a Luísa usava habitualmente. Portanto aquela ligação era da casa da Luísa. Assim não podia ter sido ela nem a tal Sandrine que estavam ambas no Algarve.
“Que grande burro que eu fui!”, pensou.
Eduardo ficou a meditar naquela conversa meio estranha. “Quem teria sido? Alguém que sabe que nós falamos para usar o nick de Reine. Tem que ser uma pessoa muito próxima dela! Só pode ter sido a Rita então. É isso! Foi a Rita de certeza! Se foi para me testar também ficou a saber o mesmo. É melhor esquecer e não contar nada à Luísa”.
Rita depois de desligar o MIRC apressadamente ficou furiosa consigo própria de ter usado o nick da mãe e, afinal, não ter conseguido tirar da púcara os nabos que pretendia. Mas ela percebeu que não teria sido fácil porque viu que o Eduardo ou era sempre igual a si mesmo e, por isso, honesto e de confiança, ou era tão inteligente que conseguia manter uma coerência absolutamente inabalável, o que lhe parecia mais improvável.

Luísa e Sandrine estavam a jantar calmamente apreciando o belo manjar numa esplanada junto da praia: Lagosta suada e champanhe. O jantar estava divino. Um saxofone tocava jazz ao fundo, e o azul do mar e do céu juntavam-se no sol vermelho que se ia pondo, suavemente, no fim do horizonte. Sandrine, estava bonita e bem vestida como sempre, os cabelos soltos e impecáveis sobre a blusa decotada. Luísa tinha vestido um tailleur branco, com uma saia curta, e sandálias de verniz altas. Tinha umas pernas lindíssimas. Repentinamente Sandrine pergunta:
─ Onde vamos acabar a noite? Queres ir algum bar?
­­─ Acho uma óptima ideia. Apetece-me ouvir música e até dançar se possível. Adoro dançar!
─ Então vamo-nos divertir! Vamos á descoberta! Não conheço nada por aqui.
Saíram do restaurante bastante eufóricas, não estavam habituadas a beber e muito menos a fazerem misturas. Sandrine já cantarolava e Luísa não conseguiu conter o riso. Entraram num bar, um fundo musical fazia-se ouvir por todo o ambiente. Sentaram-se e o bichinho pela dança começou a despertar.
─ Já não danço há muito tempo, e o meu corpo já está a começar a serpentear (risos)
─ Estamos aqui para nos divertimos. A noite é nossa! Olha, olha parece que vais ter mesmo sorte.
Luísa olha em seu redor e bate com os olhos num sujeito que está sentado numa mesa defronte delas. Olhos lindos, penetrantes, que não se desviam dos dela. Luísa deixou-se momentaneamente envolver por aquele clima de sedução.
─ Olha, vem pedir-te para dançar e tu vai, diverte-te, não te faças rogada!
Carlos, assim se chama, dirigiu-se a Luísa, e pediu-lhe para dançar. Ela aceitou. Deixando-se ir naquele momento de sedução e prazer, envolvida pelo jogo do flirt que um desconhecido lhe proporciona. Envolvidos pela música suave e romântica, Luísa dá asas á imaginação. Sente o calor daquele corpo apesar da distância que existe. Olha para aquela boca, e desperta-lhe a vontade de beija-la. Aproxima-se cada vez mais, sentindo as mãos deslizando pelas costas nuas. Carlos sussurra: vamos sair daqui? Ela responde: «sim, sim Eduardo!».
─ Eduardo!?
Luísa desperta do transe em que se encontra e soltando-se bruscamente dos braços dele:
─ Desculpe, mas tenho que ir embora.
Luísa diz para Sandrine:
─ Vamos embora! Já dancei tudo.
Sandrine seguiu Luísa não percebendo o que aconteceu. De volta ao hotel Luísa conta tudo, dizendo que estava vendo Eduardo naquele sujeito. Sandrine ri com vontade dizendo:
─ Tu estás mesmo apanhada mulher!
─ Acho que foi realmente o efeito da bebida, que me fez agir daquela maneira.
─ Desculpas, desculpas. Desperta para a vida! Viver é mais do que existir.
Chegaram ao hotel já muito tarde e separam-se no corredor.
─ Boa noite querida! Dorme bem! Amanhã teremos de poupar energias para a viagem de regresso.
Luísa abriu a porta do quarto e entrou deixando-a fechar-se lentamente, encostou-se à ombreira e pensou como foi possível deixar-se envolver naquele clima de sedução. Ficou assim uns minutos revivendo mentalmente a situação. Depois atravessou o quarto a passos largos, dirigiu-se à casa de banho e pôs a água a correr na banheira. O dia fora longo e nada melhor do que um banho quente para descontrair. Verificou a temperatura da água, despiu-se e ficou a admirar o corpo nu no grande espelho: um corpo firme e bem proporcionado, os seios docemente arredondados, o estômago plano, e as pernas elegantes. Pegou nos sais de pêssego e deixou-se escorregar vagarosamente para dentro da banheira.Saiu do banho sentou-se na borda da cama e abriu o fecho da mala para pegar num frasco de loção. Aplicou alguma nas pernas e nos braços, acariciou com a mão húmida a parte superior do peito e ventre, a gozar o prazer que sentia na pele. Enfiou-se debaixo dos lençóis continuando a acariciar-se num sensação boa e pensando nas mãos doces e macias do Eduardo. Por fim acabou por adormecer com um sorriso nos lábios.

Continua...