Virtual Realidade

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Location: Portugal

Friday, August 04, 2006

Virtual Realidade Parte 47


Vestiram-se com esmero e desceram para jantar. Ao passarem pelos computadores repararam que estavam sem ninguém e aproveitaram para dar uma olhadela. Luísa, ficou muito triste porque não tinha nenhuma notícia de Eduardo, ele era muito mais preguiçoso do que ela para escrever. Mandou um e-mail muito entusiástico contando tudo o que tinha conhecido até aquele momento na cidade basca.
Luísa tinha consciência de que todos os olhares se fixavam nelas enquanto o maitre as conduzia à mesa. Uma música lenta envolvia o ambiente.
─ Vou comer algo simples de preferência peixe ─ disse Luísa olhando para o menu. Decidiram-se por salmão grelhado e salada, um vinho branco da região (Justino) e uma gelatina para sobremesa.
O jantar decorreu num ambiente animado. Olhando à sua volta alguns pares dançavam. Falaram sobre o que tinham visitado e o itinerário para o dia seguinte; tinham comboio para Pamplona ás três horas da tarde.
─ Estou realmente muito cansada. Quero ir para a cama cedo. Temos que voltar; a cidade tem muito que ver e é digna de ser visitada com tempo. Amanhã gostaria de comprar umas pequenas lembranças.
─ Sabes que horas são mãezinha? Dez horas! Podíamos dar uma voltinha a pé para apreciar a cidade á noite.
─ Tens razão, ainda é cedo mas eu não sei se aguentarei. Têm sido muitas coisas novas em tão pouco tempo, dormir pouco e caminhar muito. As minhas pobres pernas pedem cama. Mas vai tu dar uma volta por aí!
─ Sozinha não sei…
─ A cidade parece sossegada. Vai e não te afastes muito do hotel.
─ Se calhar o melhor é ir dormir também.
─ Pensando melhor…
─ O quê mãezinha?
─ É que temos de aproveitar o mais possível; vamos só dar uma voltinha aqui pelo quarteirão e depois regressamos.
─ Tens a certeza?
─ Se tu ainda quiseres ir…
─ Claro, vamos!
─ Amanhã sairemos por volta do meio-dia do hotel. Deixaremos as malas a guardar e iremos depois directas para a estação.
Saíram para a rua, a noite estava amena. Caminhando foram até ao centro da cidade admirando as montras, a iluminação e os transeuntes. Quando chegaram ao hotel, subiram ao quarto, deitaram-se e adormeceram rapidamente; tinham sido muitas emoções para um dia só.
─ Rita, são horas de levantar querida! O tempo passa a correr, depressa chega a hora da partida.
Rita levantou-se, esfregando os olhos. Sentia-se muito cansada e a perspectiva de um dia bastante activo fê-la desejar continuar a dormir. Mas levantou-se a cambalear.
─ Sim ─ respondeu entrando na casa de banho.
Depois do pequeno-almoço foram comprar umas lembranças e voltaram apressadamente; tinham que deixar o quarto até ao meio-dia.
Perto do hotel comeram algo muito simples (picar) e voltaram a buscar as malas. Um táxi as levaria à estação de Vitória. Quando se dirigiam á bilheteira o telemóvel da Luísa soou; olhou para o visor e não conhecia aquele número, mas parou e atendeu:
─ Sim, quem fala?
─ Não advinhas? Olá fofinha! Estás boa? E a Rita? Ainda em Vitória?
Luísa reconheceu aquela voz querida e com um inesperado movimento agarrou-se à filha.
─ Meu Deus, ─ exclamou Luísa para a Rita tapando o bocal do telefone ─ é o Eduardo!
─ Estamos bem! Defronte da estação Vitória; dentro de minutos vamos partir no comboio regional para Pamplona. A que se deve esta grande e fantástica surpresa? Tu queres-me matar do coração ─ dizia ela ainda surpreendida e alegremente recriminadora, mas muito feliz por aquela atitude inesperada do Eduardo.
─ Saudades de ti minha querida e remorsos de não ter ido convosco. Espero que tudo corra bem. Beijinhos para as duas, Adoro-te.
─ Eu também te adoro! Contigo está tudo bem?
─ Sim, está tudo. Recebi o teu e-mail e fiquei feliz. Tenho duas novidades para te dar.
─ Sim, quais? ─ Perguntou Luísa ansiosa
─ O Rui está realmente apaixonado pela tua amiga Cristina. Nunca o vi assim, falar do modo que falou, por isso é mesmo verdade. Eu conheço-o bem e podes ficar tranquila.
─ Ah, que bom! E a outra novidade?
─ Fica para quando regressares a Portugal.
─ Assim deixas-me em pulgas! Vá lá conta…
─ Só te digo que é muito boa e que vais adorar.
─ Não contas mesmo? És mau! Não gosto mais de ti! Diz-me só se tem a ver connosco.
─ Sim, tem. Tenho de ir ao trabalho. Jinhos doces, amor! ─ e desligou.
─ Muitos também para ti!
Eduardo já não a ouviu.
Rita reprimia o desejo de rir ao ver as faces da mãe vermelhas como uma adolescente enamorada que tivesse recebido a primeira declaração de amor do seu apaixonado.
─ Então mamã, o Eduardo finalmente declarou-se?
─ Não me parece que seja do género de o fazer por telefone. Quem sabe se não está a preparar-me para me dizer que me quer conhecer pessoalmente? ─ Luísa ficou pensativa ─ É a primeira vez que me telefona! O que terá acontecido para o ter feito?
─ Sim, deves ter razão: vai querer conhecer-te em breve e isso pode querer dizer muito, mas tem cuidado para não sofreres uma desilusão.
─ És uma filha amorosa, obrigada pelo teu cuidado, mas não te parece que já sou crescidinha, filhota? Vamos aos bilhetes e deixemo-nos de sonhar acordadas.
─ Eu vou tirá-los!
Luísa sentia uma vontade enorme de gritar e dizer que amava aquele homem. Amava a sua alma, a sua coragem, gostava de tudo nele.

Rita apareceu já com os bilhetes na mão e encontrou a mãe pensativa.
─ Já tenho os bilhetes. A sonhar acordada com o teu Eduardo?
─ Não, mas estava a pensar no que ele me disse a respeito do amigo Rui.
─ Conta…
─ Garantiu-me que é verdade ele estar apaixonado pela Cristina, não é maravilhoso? Estou tão feliz por ela!
Luísa já tinha contado à filha toda a história dos amores clandestinos da Cristina com o Rui. Rita tinha-a escutado estarrecida, não porque desaprovasse esse tipo de coisas, mas porque estava longe de adivinhar que o casamento dela com o Victor fosse o inferno que a mãe lhe ia revelando.
─ Confias assim tanto no Eduardo?
─ Já sabes que sim. Tanto como em mim própria.
─ Oxalá dê tudo certo. Só falta dar certo contigo também.
─ E contigo não?
─ Eu não tenho nenhum namorado on-line!
─ Tens o Francisco à tua espera algures em Pamplona.
─ Pois, pois!
Ouviu-se o apito do comboio a entrar na estação.
─ A caminho do futuro, vamos! ─ Disse Rita
─ Boa sorte para nós! ─ Respondeu Luísa.
O comboio tinha acabado de chegar e as duas seguiram em direcção ao cais de embarque entrando no comboio para Pamplona!

Continua...