Virtual Realidade

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Saturday, June 30, 2007

Virtual Realidade Parte 92


Eduardo dirigia-se para casa e os seus pensamentos concentravam-se em Luísa que contava com ele no próximo fim-de-semana. Há duas semanas que não se viam e as saudades começavam a dar sinais de ansiedade. Tinha prometido acompanhá-la à festa do orfanato, onde, uma vez por semana, ela fazia voluntariado. Chegou a casa e ligou o computador. Luísa e Sara estavam no Mirc.
mds ─ Olá, amor? Estás bem?
reine ─ Sim e tu?
mds ─ Também!
reine ─ Estava a ver que não davas notícias!
mds ─ Vim agora de casa do Pedro. A Inês está adoentada, mas nada de grave. Querida não fiques triste, mas tenho más notícias para nós.
reine ─ Então amor?!
mds ─ No próximo fim-de-semana, a Sara vem conhecer a Inês e os pais para combinarmos a melhor maneira de apanhar o Victor. Desculpa amor, mas neste caso não posso ir ter contigo.
reine ─ Esqueceste que temos a festa no orfanato?
O rosto de Luísa sofre uma alteração, o sorriso que tinha, ao ver a janela de Eduardo, esfuma-se naquele momento. Frustrada com a situação responde:
reine ─ Contava contigo, mas se não pode ser eu compreendo. Estou cheia de saudades tuas, amor.
mds ─ E eu tuas. Porque não vens tu antes visitar-me? Assim conhecias a Inês que está ansiosa por te conhecer, os pais e a Sara. Aproveitávamos e matávamos as saudades todas.
reine ─ Não me tentes meu morango! Gostaria muito mas não posso faltar à festa de Natal das crianças. Seria uma tristeza para elas. E temos de organizar a nossa. Gostava que participasses.

Entretanto, já piscava a janela de Anjo_Selvagem, mas Eduardo demorou um pouco a atender.
mds ─ Olá, Sarita!
Anjo_Selvagem ─ Estava a ver que não me ligavas! Sarita?! Como te lembraste?! Gosto muito que me chamem desse modo, mas poucos o fazem! Fizeste-me recordar o tempo que passei no colégio.
mds ─ Ai sim?! Já podias ter dito! Olha, vim agora de casa da Inês.
Anjo_Selvagem ─ E…
mds ─ Está tudo tratado para vires então no próximo sábado. Eles fazem questão de que venhas para almoçar lá em casa. E se quiseres ficar para domingo também se arranja.
Anjo_Selvagem ─ E eu pensava que tu me ias convidar para almoçar e podermos trocar impressões à vontade! Afinal, ainda não nos conhecemos!
mds ─ Era essa a minha ideia inicial, mas eles convidaram-te e eu não podia recusar por ti.

Eduardo foi espreitar a janela de Luísa.
reine ─ Cucu! A namorar com outras…
mds ─ Sempre! Ah, ah, ah… Espera um pouco que estou a combinar com a Sara sobre a sua vinda.
reine ─ Fica á vontade amor! Estou a falar com a Rita no MSN.
mds ─ Sobre a organização do natal, deixo por tua conta. Sabes que para mim está sempre tudo bem. Dá um beijinho meu à Rita.
Luísa lutava consigo própria para não dar a perceber ao Eduardo em como tinha ficado decepcionada por ele não vir passar o fim-de-semana com ela. Ele tinha ficado entusiasmado com a festa das crianças, tinha sido ele próprio, que se tinha feito convidar, antes de ela o fazer. Já lhe tinha confessado, que acalentava dentro do seu coração um sonho ─ um dia, criar um espaço para receber crianças órfãs ou maltratadas pelos pais. Apesar de tudo tinha saudades dele, e gostaria de o ter presente na organização da sua própria festa de Natal, apesar de saber que Eduardo não ligava a festas religiosas. Ele diz que é natal sempre que nasce uma criança, que todas as crianças são Cristo e que é muita hipocrisia festejarmos qualquer natal, se sabemos que, pouco tempo depois, vamos assassinar Cristo de novo, crucificando essa criança numa educação que lentamente a asfixia.
De volta à janela de Sara:
Anjo_Selvagem ─ Poderíamos jantar fora?
mds ─ Isso vai depender do desenrolar dos acontecimentos, mas não te preocupes que não te deixarei passar fome!
Anjo_Selvagem ─ Assim fico mais descansada!
mds ─ Quando souberes a que horas chegas à estação de Aveiro, liga-me para o telemóvel para te ir buscar.
Anjo_Selvagem ─ Assim farei. Espero não vir a ter queixas do meu anfitrião! Ah, ah, ah…
mds ─ Claro que não, madame! Farei tudo para a servir o melhor que souber!
Anjo_Selvagem ─ Tudo mesmo?
Eduardo pressentiu que a conversa podia tomar outro rumo e decidiu que o melhor era não responder.
mds ─ Trazes o portátil contigo? Gostaria caso não te importes de saber mais acerca do Victor.
Anjo_Selvagem ─ Sim, levarei. Eu própria faço questão que leias os meus apontamentos sobre ele. Outra coisa: vou ter de regressar a casa no mesmo dia?
mds ─ Penso que isso dependerá mais de ti. Em Aveiro há bons hotéis. Ah, ah, ah… Posso-te reservar dormida num deles, se quiseres ficar para domingo. Só tens de me dizer qual.
Anjo_Selvagem ─ Se a tua casa é cinco estrelas reserva-me lá um quarto, se fazes favor! Espero que não seja demasiado caro…
mds ─ Lamento mas, neste momento, o meu hotel não dispõe de quartos vagos.
Sara do outro lado do ecrã sorria. O Eduardo era uma pessoa bem-disposta e tinha sentido de humor, o que lhe agradava imenso.
mds ─ Tenho quase a certeza de que a Teresa te convidará para dormires lá em casa. Eles estão muito agradecidos pelo que estás a fazer pela filha.
Anjo_Selvagem ─ Hum! Achas que iriam convidar uma estranha para passar uma noite em casa deles?
mds ─ Apesar de não te conhecerem, deixaste de ser uma estranha, logo que te ofereceste a tua ajuda para salvar a Inês das garras de um mau carácter.
De tão absorvido com aquela conversa, Eduardo esqueceu-se completamente de que estava a falar com a Luísa e naquele momento o telefone tocou.
─ Sim! ─ Reconhecendo a voz de Luísa.
─ Estás lembrado de mim? Isso agrada-me muito, mas deixaste-me há vinte minutos pendurada no Mirc, amor!
─ Perdoa, amor! Temos estado a resolver todos os detalhes para a estada de Sara. ─ explicou ele.
─ Ok, vou deixar-te à vontade! Eu preciso de dormir. Amanhã telefona-me se te lembrares. Jinhos!
─ Combinado, mas não vás zangada!
─ Eu não! Porquê, devia? Tens algo a pesar-te na consciência, amor?
─ Claro que não! Que ideia!
─ Bom, fica lá com a tua amiga, mas nada de te pores de namoro com ela, que eu vou nanar, ouviste? Adoro-te!
─ Claro que não fofinha! Sonhos lindos, amor!
Luísa desligou o computador. Levantou-se e começou andar de um lado para o outro, enquanto se preparava para se deitar; sentia-se enciumada pelo facto de ele ter ficado a teclar com Sara. Os olhos dela encheram-se de lágrimas.
Eduardo ficara perturbado ao perceber que a tinha magoado; conhecia muito bem Luísa, apesar de ela fazer um grande esforço para disfarçar.
mds ─ Desculpa a minha ausência, mas o telefone tocou e tive de atender. Não te preocupes que tudo faremos para te proporcionar um óptimo fim-de-semana. Mas agora tenho que ir dormir.
Anjo_Selvagem ─ Sim, eu também vou. Então está tudo combinado logo que saiba os horários eu ligo-te.
mds ─ OK! Estarei na estação à hora que chegares.
Anjo_Selvagem ─ Obrigada! Um beijo.
mds ─ De nada, Sarita. Outro.Depois de se despedir de Eduardo permanecia nela uma sensação de insatisfação. Não sabia exactamente o que queria, e queria-o imediatamente.

Continua...