Virtual Realidade

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Location: Portugal

Friday, April 13, 2007

Virtual Realidade Parte 81


Luísa regressou ao MSN:
─ Afinal parece que vou assegurar os serviços do cozinheiro.
─ Eu tinha a certeza disso. ─ respondeu Rita.
─ Já sabias que ele era bom cozinheiro?
─ Isso não, mas sabia que o ias contratar mesmo que não fosse.
Mãe e filha riam cada uma do seu lado.
─ Pois, tens razão, filhota. Mesmo que ele não soubesse nada de cozinha, eu continuaria a adorá-lo.
─ E tu?
─ Eu o quê, mamã?
─ Não sentes a falta de alguém?
─ Às vezes sinto, mas não tenho tido muito tempo para pensar nisso.
─ Viver sem amor não faz muito sentido.
─ Pois não, mas o amor foge quando me aproximo dele.
─ Como?!
─ Aquele rapaz do comboio…
─ Não me digas que ainda pensas nele!
─ Às vezes sinto-o cá dentro.
─ Tens de o esquecer. Só por um extraordinário acaso o voltarás a encontrar.
─ Eu sei. Falemos de outra coisa.
─ Madame, o nosso jantar fica pronto em cinco minutos. ─ avisou Eduardo vindo da cozinha.
─ Está bem. Dá tempo para me ir despedindo da minha filha.
─ Dá recomendações minhas à Rita e um beijo. ─ Pediu Eduardo.
─ Filhota, o Eduardo manda-te um beijo e deseja-te só coisas boas.
─ Obrigada! Um beijo para ele também.
─ E diz-lhe que fique tranquila que eu cuido de ti. ─ acrescentou Eduardo a rir.
─ O Eduardo agradece e diz que fiques sossegada que ele toma conta de mim.
─ E como é que eu posso confiar nele se não o conheço? ─ respondeu Rita, a brincar.
─ Ela diz que não confia em ti porque não te conhece. ─ disse Luísa, a sorrir, para o Eduardo.
─ Diz-lhe que no Natal lhe darei todas as provas de que ela precisa para passar a confiar. ─ respondeu Eduardo, retirando-se.

Luísa acabava de explicar à filha que tinha convidado o Eduardo e o pai a passarem o Natal com elas e que, nessa altura, ela o iria conhecer, quando foi surpreendida pelo contacto de duas mãos nos seus ombros e por uma voz que dizia:
─ Amor o jantar está pronto!
Luísa deu um salto na cadeira.
─ Mas que susto me pregaste, meu maroto! Isso não se faz!
─ Perdoa, doçura, mas a mesa está posta. Vim chamar-te para comer.
─ Querida, o meu cozinheiro chama-me para jantar! Estou para ver como é que ele se saiu! E tu já jantaste?
─ Ainda não, mamã. A minha colega está a começar a fazê-lo e tenho de a ir ajudar. Hasta la vista, mamã, e um grande beijo!
─ Outro para ti. Hasta la vista, filhota!
Entraram na sala de jantar enlaçados. O fogo crepitava na lareira, que Eduardo tinha acendido, e a neblina esvoaçava fora das janelas. Ele perguntou-se se alguma vez já se sentira tão feliz e a resposta veio, interior, instantânea e esbatida, com a imagem de Mariana dissipada na névoa do tempo que passou. E, por um segundo, uma saudade enorme desse tempo obrigou Eduardo a ficar parado, pensativo, absorto em terrenos longínquos aonde não mais voltaria. Mas, rapidamente, reagiu transportando o pensamento para o momento actual, onde verificou que se sentia feliz ao lado de Luísa, achando que aquele momento marcava o início de uma relação muito especial.
A atmosfera era aconchegante. Num gesto de carinho, puxou a cadeira para ela se sentar e Luísa agradeceu com um sorriso aberto que permitiu o breve aparecimento de covinhas nas suas faces rosadas.
Então Luísa reparou que ele tinha posto a mesa na perfeição: nada faltava ali do necessário a um bom ambiente digestivo e romântico.
─ Não te importas de servir o vinho enquanto verifico a comida? – pediu ele.
Sumiu-se rapidamente em direcção à cozinha, deixando-a a apreciar por mais uns instantes o maravilhoso cenário à sua volta, em que tudo parecia perfeito.
Eduardo regressou transportando um pyrex redondo com arroz e depositando-o sobre a mesa coberta com uma toalha de linho bordada pela avó de Luísa.
─ Onde foste descobrir a garrafa de vinho, amor?
─ Olha, vasculhei a despensa toda e descobri-o; isso e outras coisas…e no frigorifico também…
─ Tinha-o comprado para uma ocasião muito especial!
─ Foi o que eu pensei, Quinta de Cabriz, e, como esta é muito especial, …Já volto!
Eduardo regressou com uma travessa de bifes com cogumelos e natas.
─ Estou surpreendida contigo! Afinal tenho mesmo cozinheiro!
─ Sabes que primeiro fui à descoberta da matéria-prima e depois tive a ideia!
─ Estou a ver, estou a ver…Arroz branco e salada para acompanhar. Muito bem!

O jantar decorreu numa partilha de afectos, romantismo, sedução e sensualidade. Um clima mágico enchia a sala, ambientada por uma luz suave e delicada, e uma música, intimista e sentimental, prolongava o amor que lhes enchia a alma de bondade e de ternura.
Eduardo levantou-se para atirar mais um pedaço de lenha para a lareira e espevitar o lume.
─ O jantar estava uma delícia amor, soubeste escolher a ementa certa, levezinha. Parabéns! És adorável! ─ disse Luísa, levantando-se da mesa e sentando-se no sofá grande, em frente do fogo.
─ Sobremesa é que não há! … Quem sabe… ─ informou ele, olhando para ela com um sorriso enigmático.
─ Tens a certeza amor? ─ perguntou ela, devolvendo-lhe o sorriso, adivinhando onde ele queria chegar.
Eduardo não respondeu e saiu da sala; voltou, segundos depois, com uma garrafa de champanhe e duas taças. Luísa olhou-o, mais uma vez admirada.
Eduardo abriu a garrafa com perícia, sem deixar saltar a rolha, porque sabia que ela detestava aquele estoiro, e estendeu uma taça à sua amada.
─ Vamos brindar á nossa felicidade!
─ Sim vamos!
─ Tchim …tchim….
─ Tchim …tchim….
Sentou-se no sofá ao lado dela e, pegando-lhe na mão, disse:
─ Obrigada amor por esta noite inesquecível, porque a Vida genuína é para ser vivida em toda a sua beleza e extensão. Ao dizer isto estendeu-lhe a palma da mão com um delicado estojo em veludo negro. O anel encaixava na perfeição no dedo dela, assim como eles encaixavam um no outro.
─ Querido estou felicíssima. Obrigada! Adoro-te muito. Sou a mulher mais feliz do mundo. ─ As lágrimas bailavam nos seus belos olhos cor de esmeralda.
Ela já conseguira agitar o sangue dele com aquele corpo de deusa do mar. Foi então que tudo se passou mais depressa do que eles podiam imaginar. Num movimento simultâneo, incontrolável, os lábios de ambos procuraram-se avidamente para um beijo que lhes roubou o fôlego: húmido, intenso e profundo. Deram por si no meio da sala abraçados, até que se deixaram cair no tapete felpudo e rebolaram um sobre o outro como dois adolescentes. Desta vez foi ela que iniciou o beijo, adorava a sensação do maxilar dele, que se misturava com a macieza da barba crescida. Gostava da espessura do seu cabelo ondulado. Adorava a força que emanava dele. Sentia-se inebriada pelo champanhe mas também por tudo o que estava a viver naquele momento.
Precisando de o sentir, enfiou os dedos por dentro da cintura das suas calças.
O desejo era tanto que as suas roupas ficaram num instante espalhadas pela sala.
Estavam completamente nus deitados sobre o tapete e viajavam num mapa ainda desconhecido.
Por fim, entregaram-se ambos às reverberações de uma volúpia sem limites, num poderoso orgasmo.
Interiormente renovada, Luísa reclinou-se sobre Eduardo e perguntou baixinho:
─ Vamos para a cama?
Ele olhou-a com paixão, ao mesmo tempo que aceitava o convite.
Depositou-a sobre o leito e beijou-lhe o corpo todo; depois deitou-se sobre ela e Luísa conheceu novas paisagens de desejo e sensualidade.
Acordou cheio de paz e, furtivamente, olhou para o rosto daquela mulher estendida a seu lado, ainda adormecido, mas cheio de uma suave serenidade, e recordou-se de como a tinha conhecido. O desejo regressou, irresistível, e, desafiando-a, deslizou docemente uma mão atrevida pelos seus seios. Com os olhos semicerrados Luísa sorria, deixando-se ir atrás daquela sensação de prazer que ele lhe estava a proporcionar. Ela desejava-o tanto e sobretudo o amava, que o seu coração rejubilava de alegria. Cheia de ternura e paixão virou-se para ele e beijou-o.
E de novo os seus corpos se uniram, como se não houvesse distâncias, e, mergulhando em ondas de energia cósmica, recriaram o universo.
Depois foram juntos para o banho.

Continua....