Virtual Realidade

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Location: Portugal

Friday, March 24, 2006

Virtual Realidade Parte 28


No dia seguinte levantaram-se tarde e saíram para comprar algumas recordações, água e sandes para a viagem.
Almoçaram no hotel e deitaram-se em espreguiçadeiras na beira da piscina, bronzeando-se ao sol ameno da bela tarde outonal.
Jantaram também no quarto de Luísa e foram cedo para a cama.
Pela manhã cedinho deixaram o hotel e rumaram a Évora. O dia estava magnífico para viajar. Iam muito divertidas a cantarolar as músicas que passavam na rádio.
─ Como vai ser o roteiro nesta linda cidade de Évora? Por onde começamos?
Luísa responde prontamente.
─ O distrito tem praticamente de tudo para se ver e visitar, a Catedral de Évora, Megalitos espectaculares como os Cromeleques de Almendra, Castelos medievais e fortalezas do Sec XVI, Arquitectura Moçarabe, vilas e cidades caiadas de branco, de geometria uniforme, barragens, e tudo acompanhado por uma gastronomia das mais ricas de Portugal, em sabor.
─ Não vamos ter tempo para visitar tudo, precisávamos de vários dias e de um guia.
─ Tens toda razão! Vamos apenas visitar o Templo de Diana e a Catedral. Quero chegar o mais depressa possível a casa. Estou ansiosa por falar com a Rita.
─ Acalma-te e aproveita o dia; tens tempo para te preocupares.
Visitaram a cidade, percorrendo as ruas mais típicas debaixo de um sol abrasador.
­­­­­─ Vamos almoçar Sandrine? Estou esfomeada! O passeio abriu-me o apetite.
­­­─ Tens razão! O tempo passou rápido! Esquecemo-nos das horas de almoço.
Andaram uns metros mais e encontraram um pequeno restaurante.
─ O que achas, entramos neste?
─ Sim, por mim tudo bem! ─ Anuiu Sandrine.
O empregado apareceu indicando-lhes uma mesa onde ficaram bem situadas.
Escolheram para almoçar uma sopa, chamada sopa”seca”, e ensopado de cação. Luísa curiosa perguntou como era a feita a sopa. O empregado explicou-lhes que se cozia os enchidos e, aproveitando a água, juntava-se pedaços de pão juntamente com um raminho de hortelã. O almoço estava delicioso, acompanhado por um bom vinho da região.
Durante o almoço falaram sobre o que tinham visitado e que precisavam de vários dias para visitar a histórica cidade.
─ Estou completamente satisfeita, quero apenas um café. E tu?
─ Eu quero doce! Já esqueceste como sou gulosa? ─ E para o empregado: Quero algo típico de Évora para sobremesa, o que recomenda?
─ Eu recomendaria as queijadas que são uma delícia.
─ Sim, traga uma. Depois quero um café também, se faz favor.
As duas começaram a rir e a recordar como Luísa era chata quando ensinava Sandrine e Rita a fazer os doces.
Sandrine gostou tanto da queijada que pediu a receita e guardou-a na malinha, escrita num guardanapo de papel.
Chegou o momento de terem que continuar a viagem até a casa, o que levaria ainda algumas horas. Luísa ia sempre a conversar, não fosse Sandrine pegar no sono depois do delicioso almoço que tiveram. Luísa por momentos cala-se e Sandrine olha para ela que dorme. Sorrindo pensa: “brevemente terei que te deixar, está no momento de regressar ao trabalho. Vou ter muitas saudades tua minha mãe “torta””.
Ao longe, à esquerda, avistava-se a imagem lindíssima do pôr-do-sol e o carro rodava a grande velocidade. Luísa continuava a dormir.
Por fim chegaram a casa e Rita veio abrir a porta. Luísa diz antes de entrar, dando-lhe um beijo:
─ Querida tive umas férias espectaculares, uns dias maravilhosos!
Mas quando olhou o rosto triste da filha viu que ela tinha chorado:
─ Filhinha o que se passa? Estiveste a chorar? Recebeste os resultados?
Rita não aguentando mais rompe num choro convulsivo abraçada á mãe e conta como está revoltada com os resultados, pois por uma décima não entrou para medicina.
─ Estou desapontada! Infelizmente vivemos num país que não tem universidades suficientes para todos os alunos. E depois vêm médicos e enfermeiros de fora para suprir as vagas.
As três mulheres discutiram revoltadas, os problemas que atingiam milhares de jovens tanto em medicina como em outras áreas, criticando os maus políticos que elas achavam que o país sempre tinha tido.
Por fim Sandrine disse, dirigindo-se à Rita e também para acalmar os espíritos de mãe e filha:
─ Eu no teu caso não me preocuparia muito. Como é que podes ter a certeza de que não é melhor para ti ires para uma universidade espanhola em vez de uma portuguesa?
─ Mas é mais longe e fica mais caro.
─ Não seja por isso! Se precisares de dinheiro eu ajudo. Ainda vais lá conhecer um guapo espanholês por quem te vais apaixonar e depois já não lamentarás não teres tido lugar cá.
─ És um anjo, Sandrine! ─ Mãe e filha abraçaram-na com lágrimas nos olhos.
─ Vamos crianças, enxuguem essas lágrimas! O momento é de alegria e amor! ─ Exclamou Sandrine a sorrir. ─ Rita, se a tua mãe não te contar conto eu!
─ Desculpa mamã! Vinhas tão feliz e eu estraguei a tua alegria! Contem-me tudo o que aconteceu.
─ Dizes tu ou digo eu? ─ Perguntou Sandrine a Luísa
─ Diz tu! Vejo nos teus olhos que estás mortinha por contar!
─ Então cá vai…Rita prepara-te! Em breve teremos casamento na família!
─ Com assim? ─ Pergunta Rita ansiosa.
─ Lá estás tu já a imaginar romances! Se não falas direito conto eu.
─ Ok, ok! Sabes que o Eduardo fez uma surpresa invulgaríssima à tua mãe?!
─ Conta logo tudo! Que suspense! Já estou com pulgas! Não me digam que o Eduardo apareceu?!
Rita sabia que isto não era verdade porque tinha falado com ele no mirc e pensava consigo o que poderia ser a tal surpresa.
─ Não, o Eduardo não apareceu, mandou flores á tua mãe.
─ E o que tem isso de invulgar?
─ É que, quando estávamos ausentes do hotel ele mandou entregar as flores no quarto da tua mãe, mas de um modo muito original. Quando a tua mãe entrou, viu quarto repleto de margaridas brancas e amarelas espalhadas por todo o lado.
─ Ah, realmente!...Isso é imaginação de artista ou…─ E pela cabeça da Rita passou o diálogo que tinha tido no irc com o Eduardo percebendo até que ponto tinha sido imprudente e como tinha estado tão perto de ter sido descoberta. Só esperava que ele não contasse nada à mãe.
─ Artista ou… ─ Inquiriram as outras duas.
─ Ou um grande amor anda no ar, quero dizer, no coração dele por ti mamã!
─ Também tu?! ─ Luísa dizia isto mas no fundo esperava que fosse verdade.
─ Também eu o quê? Acho que a conclusão é perfeitamente lógica: o que poderia ter inspirado um gesto desses senão uma grande admiração por ti, admiração que só pode ter um nome: amor?
Luísa corou como uma adolescente e não disse nada. Sandrine ajudou:
─ Eu também acho!
─ Ok, não adianta! Já vi que estão as duas contra mim! ─ Respondeu Luísa a sorrir e dirigindo-se a Rita: ─ Agora que já sabes tudo vamos mudar de assunto, está bem?
─ Rita, vamos deixar a tua mãe em paz que as coisas para ela estão bem encaminhadas.
─ Pois, para mim é que não. ─ Retorquiu Rita.
─ Tem calma! Não podemos ter a certeza de nada, mas tenho uma grande fé de que também para ti tudo irá correr bem. Vais ver que vais gostar de Espanha. Só falta conseguires entrar lá numa faculdade. E agora vamos jantar fora. ─ Convidou Sandrine.
─ Desculpa querida! Vão vocês. Eu preciso de tomar um banho e repousar. Divirtam-se e tenham uma boa noite.
─ Não jantas mamã?
─ Só me apetece um chá. Vão vocês.
Lá fora os pássaros chilreavam e o nevoeiro tinha começado a dissipar-se já. Luísa olhou para o relógio, eram apenas oito horas, demasiado cedo para falar com alguém, especialmente depois de passar a noite em claro. Como se fosse um eco, toda a conversa da véspera continuava a martelar-lhe a cabeça. Uma voz interior aconselhava-a a não se deixar dominar pelas emoções e a dar toda força e coragem à Rita na realização das suas expectativas. Mas não podia deixar de sentir que apesar de tudo estava muito feliz.Para Rita a escolha era evidente: iria concorrer a uma faculdade espanhola já que as alternativas seriam escolher outro curso ou esperar um ano e tentar de novo.

Continua...