Virtual Realidade

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Saturday, July 28, 2007

Virtual Realidade Parte 96


Chegou a casa e teve de tocar à campainha porque havia uma chave por dentro: a mãe e Juan tinham chegado enquanto ele estava no apartamento da vizinha.
─ Olá, filhote! ─ Mariana abriu a porta e deu um beijo no filho.
─ Olá mamã! Então, tiveram um bom fim-de-semana?
─ Não podia ter sido melhor! E tu parece que também.
─ Sim, foi!
─ Vem contar-me tudo! ─ pediu Mariana, tomando-lhe a mão e levando-o para o sofá da sala, onde Juan se encontrava sentado.
─ Hola, Juan!
─ Hola, amigo!
Francisco começou por contar que acabava de vir do apartamento de Maria porque ela o tinha apanhado à entrada do prédio e lhe tinha pedido para ir dar um jeito no computador.
­─ E era mesmo o computador? ─ perguntou Juan a sorrir.
─ E como é que ela soube que entendias do assunto? Ela quer, é pescar-te. ─ Acrescentou a mãe.
─ Pois, também me pareceu, mas daqui não leva nada!
Francisco contou, então, os pormenores daquele encontro.
─ Ah, ah, ah! ─ riu Juan, ao ouvir a descrição do amigo.
─ Essa aí ainda te vai arranjar problemas!
─ Só se eu deixar!
─ Só digo isto para teres cuidado, meu filho. Por vezes não está nas nossas mãos evitar o mal que os outros nos causam. ─ avisou Mariana lembrando-se do que outrora uma mulher lhe tinha feito, impedindo-a de viver o grande amor da sua vida. ─ Tem muito cuidado!
─ Mas que poderá ela tentar fazer-me que eu não possa evitar?
─ Ela parece ter um plano e há mulheres capazes de tudo para conseguirem o que pretendem.
─ E homens também. ─ lembrou Juan que, dada a sua profissão, conhecia homens em altos cargos e sabia como alguns tinham lá chegado.
─ Pois eu sei. ─ anuiu Francisco.
─ Mas isto é a mamã galinha a proteger o seu pintainho. ─ satirizou o amigo, sorrindo para Mariana.
─ Oxalá seja apenas isso. ─ respondeu ela, também a sorrir.
─ Afinal, se uma mulher simpatiza com um homem, não lhe será lícito fazer alguma coisa para tentar… como é que vocês dizem? ─ perguntou Juan, que, sabendo já um pouco de português, lhe faltava a palavra para terminar a questão.
─ Engatar. ─ acudiu Francisco.
─ …tentar engatar um homem?
─ Existem pessoas para as quais os fins justificam os meios… Eu não a conheço e não quero fazer juízos precipitados, mas tu próprio dizes que lhe achas um ar suspeito. Pode ser que não seja nada, mas fica alerta, filhote.
─ Não te preocupes, mãezinha!
─ Já jantaste, amor? ─ perguntou Mariana ao filho, mudando de assunto.
─ Ainda não, mas tenho aí o almoço que não comi porque fui almoçar fora com a Rita e a colega.
─ É verdade, conta como foi com a Rita. ─ pediu Mariana.
─ Fui fazer o meu treino no parque e ela andava lá com uma amiga.
E, olhando para Juan, acrescentou:
─ Emília.
─ A Emília que eu conheço?
─ Sim, falámos e descobrimos que estávamos mais perto do que imaginaríamos. Pareceu-me boa rapariga.
─ E é! Sabes, amor, ─ disse Juan, virando-se para Mariana ─ é aquela com quem fui almoçar no dia em que nos declarámos.
─ Pois, mas nesse dia devias ter almoçado comigo. ─ respondeu a mãe de Francisco, fingindo uma pontinha de ciúme.
─ Mas eu expliquei-te que já tinha combinado com ela antes e não iria adivinhar que esse dia seria o primeiro da nossa felicidade.
─ Eu sei, amor! Estava a brincar contigo.
─ Querem que eu conte ou não? ─ interveio Francisco com um ar de zangado muito pouco convincente
─ Claro que queremos! ─ responderam os dois.
─ Então cá vai…
Francisco descreveu, com todos os pormenores, o reencontro com a Rita e, quando acabou, a mãe perguntou:
─ Estás muito feliz, não é meu filho?
─ Muito, mamã! Não sei como foi, mas aquela mulher colou-se-me ao coração, desde que a vi pela primeira vez, como nunca aconteceu com nenhuma outra.
─ Então estamos todos! ─ declarou Juan. ─ Devíamos comemorar.
─ Mas eu estou sem… ─ lembrou Francisco que gostaria de ter Rita junto de si naquela comemoração proposta por Juan.
─ Sem a tua namorada? Não seja por isso: telefona-lhe e vai buscá-la. Podes levar o meu carro.
─ Tenho o do estúdio, mas acham que faça isso?
─ Estou ansiosa por conhecer a mulher que vem disputar comigo o coração do meu filho! ─ respondeu Mariana a sorrir.
─ Não tenhas ciúmes, Mariana! No meu coração há lugar para as duas e ela não vem roubar o teu.
─ Estava a brincar, amor!
─ E eu não sei isso muito bem? Bom, em que ficamos?
─ A decisão é tua. ─ respondeu Juan.
Francisco, sem hesitar mais, pegou no telemóvel e ligou a Rita.
─ Rita?
─ Sim…
─ Francisco.
─ Desculpa! Ainda não reconheço a tua voz ao telefone.
─ Pois. É para te dizer que tenho muitas saudades tuas.
─ E eu tuas.
─ Interrompi alguma coisa importante?
─ Estudava, enquanto a Emília faz alguma coisa para comermos.
─ Então desculpa. Eu pensei se não gostarias de vir até aqui um pouco.
─ Gostaria, mas…
─ Tens de estudar. É que estamos muito felizes aqui em casa e surgiu a ideia de comemorarmos, mas contigo é que seria perfeito.
─ Colocas muita responsabilidade nos meus ombros, mas ok! Se a perfeição depende de mim então será perfeito.
─ Também queremos cá a Emília. Vou já para aí buscar-vos. E não se preocupem com o jantar.
─ Elas vêm. ─ informou Francisco, desligando o telefone.

Continua...