Virtual Realidade

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Friday, July 07, 2006

Virtual Realidade Parte 43


O Rui não aparecia e precisava de falar com ele, embora houvesse tempo. Só que hoje estava com disposição para isso. Resolveu ligar-lhe para o telemóvel; “o mais certo seria estar enfiado em alguma cama não habitual, em companhia de uma deusa mais linda do que Vénus. Certamente iria interromper alguma coisa, mas que se lixasse!” ─ Pensou.
Marcou o número e do outro lado começou a chamar; “Pelo menos está ligado”
O Rui atendeu:
─ Olá Edu! Tás bom pá?
─ Olá Rui! Um abraço. Estás em casa?
─ Sim.
─ Vai ao IRC, queria falar contigo. Ou estás ocupado?
─ Não, não estou. Não pode ser aqui?
─ Podia mas lá é mais barato; não temos de estar preocupados com os minutos.
─ Ok, espera um pouco!
─ Eu espero.
Desligaram os telemóveis e daí a pouco Rui aparecia no IRC.
─ Ora cá estamos!... ─ Entrou o Rui.
─ Não tens nada para me contar?
─ Por acaso até tenho, mas diz primeiro o que querias falar comigo.
─ Começa tu! Pode ser que venhas ao meu encontro. ─ Riu o Eduardo.
─ OK! Então lá vai…mas segura-te bem que vais ter uma surpresa.
─ Ai é?!!!!! Estou preparado; podes começar. Deve ser coisa de mulheres…
─ Mulheres não, mulher! Estou apaixonado. Ando há dias para te contar tudo mas não te tenho encontrado.
─ Tu e as tuas paixões! Estou mesmo a imaginar que deste esperanças a mais uma. O amor é eterno enquanto dura e contigo costuma durar muito pouco. ─ Eduardo ria.
─ Não, desta vez é a sério, acredita!
─ OK! Conta tudo então a ver se eu acredito!
─ Acredites ou não é verdade! Que diabo, não te conto nada.
─ Desculpa, já cá não está quem falou! Diz-me só uma coisa: ela por acaso não se chama Cristina?
─ Por acaso é! ─ Respondeu Rui muito admirado. ─ Mas como sabes?
─ Digamos que já um vento me trouxe qualquer coisa. Mas contas tudo ou não?
─ Conto, mas não faças comentários.

Assim em alguns minutos Rui contou ao amigo o seu relacionamento com Cristina: como se conheceram, os encontros na Figueira da Foz, o facto de ela ser casada e ter um filho…E falou com tanto ardor e convicção que Eduardo sentiu que o amigo estava a abrir-lhe o coração. Aquele não era o Rui que ele conhecia, sempre irresponsavelmente alegre em busca de aventuras efémeras. Era inacreditável que o Rui se tivesse apaixonado. Eduardo estava estupefacto. Nunca antes ele tinha dito isso a respeito de nenhuma outra mulher.
Eduardo ficou calado durante algum tempo depois de o Rui ter acabado.
─ Então não dizes nada? ─ Perguntou o Rui algo ansioso pela opinião do amigo.
─ Pois, mas o que posso eu dizer? Custa-me a crer que tenhas sido «apanhado». Pareces tão entusiasmado que deve ser mesmo verdade.
─ É sim! E digo-te mais: já não me interessa nenhuma outra mulher. Até eu me estranho mas é assim.
─ Naturalmente!
─ Mas como é que sabias que eu andava com uma Cristina? Afinal era disso que me querias falar?
─ Sim era. Eu explico-te tudo: A tua Cristina é amiga da minha Luísa. Aí tens!
─ Ah, então é isso! E a tua Luísa sabia de tudo e contou-te. Agora entendo. E pediu-te para saberes de mim se eu era sincero, e tu vais contar-lhe o que te disse.
─ Não o nego. Ela estava muito preocupada com a amiga e pediu-me para saber.
─ Grande amigo me saíste!
─ Oh pá, desculpa mas não se trata de traição para contigo. Afinal tu sempre foste honesto nos teus relacionamentos femininos, sempre lhes dizias o que pretendias. Pelo que nos contavas não enganaste nenhuma. Agora se te entregaste à Cristina é porque o que sentes por ela é algo mais profundo. Aliás ela, ao que sei, confia plenamente em ti e eu também. Se conto à Luísa é apenas para lhe dar sossego porque ela se preocupa muito com a felicidade da amiga. Isso não te prejudica em nada nem eu seria capaz de o fazer; somos amigos há muito tempo e conhecemo-nos bem.
─ Eu estava a brincar contigo. Estás à vontade. Estou a pensar que há uma coisa que ainda não foi bem explicada: como é que a tua Luísa descobriu que nós éramos amigos?
─ Porque teve a brilhante ideia de perguntar à Cristina qual era o teu nick e depois perguntou-me se eu conhecia o nick «Quando»
─ Ah! Agora tudo faz sentido. Estou a ver…─ Rui ficou pensativo por momentos. ─ Tu disseste «a minha Luísa» …Hum!
─ Disse?!
─ Já agora também quero saber; conta tudo!
─ Tudo o quê?
─ Eu contei-te agora é a tua vez! Estás finalmente caído pela Luísa? Prevejo que vamos ser duplamente amigos. ─ Sorriu Rui.
Eduardo hesitou um pouco, o bastante para que o amigo percebesse que lhe tinha tocado num ponto sensível.
─ Vá lá, confessa tudo! ─ Insistiu o Rui. ─ Afinal somos amigos…
─ Sim, é verdade, acho que estou apaixonado por ela mas só o descobri há pouco por lhe sentir a falta.
─ Como assim?!
─ Há uns dias que não falo com ela porque foi levar a filha a Espanha.
─ Espanha?!
─ Sim.
Eduardo contou ao Rui em poucas palavras a viagem da Luísa para terras de Espanha.
─ Ah! Ok. Diz que lhes desejo boa sorte.
─ Sim, direi.
─ E quando voltam?
─ Assim que a Rita estiver alojada. O dia certo não sabem ainda nem se voltam as duas. Isso vai depender do início das aulas.
─ Pois. Sabes o que me está a passar pela cabeça neste instante?
─ Não! Como queres que saiba?
─ Seria giro iniciarmos oficialmente as nossas vidas de casados no mesmo dia e fazermos uma comemoração conjunta: Tu e a Luísa, eu e a Cristina. O que achas?
─ Acho que estás a ir depressa demais! Tu e a Cristina ainda têm de ultrapassar o obstáculo do marido dela e do meu lado a Luísa ainda não me aceitou, nem nos conhecemos pessoalmente sequer.
─ Pois tens razão, mas fica a ideia no ar, ok?
─ Ok!
─ De qualquer modo as coisas estão muito mais fáceis para ti do que para mim. Quando pensas conhecê-la ao vivo?
─ Assim que ela regressar de Espanha.
─ Fazes bem.
─ Ok. Olha outra coisa: não contes nada daquilo que te disse à Cristina porque ela vai contar à Luísa, são muito amigas, e a Luísa deve saber por mim primeiro.─ Prometo! ─ Enquanto fazia a promessa Rui tinha dois dedos cruzados.

Continua...