Virtual Realidade

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Friday, April 11, 2008

Virtual Realidade Parte 131


─ Boa noite! Desculpem a demora.─ disseram Sandrine e Miguel, de regresso a casa, quando entraram na sala.
Luisa sorriu, lendo nos olhos da filha do coração que ela estava apaixonada. O amor é mesmo assim, inexplicável! Gostou dela desde que a viu no aeropoto com a mala na mão, decorridos já alguns anos. Aventureira e determinada, tinha nascido ao primeiro olhar uma empatia entre elas.
─ Não faz mal querida, o jantar também ainda não está pronto.
─ Espero não ter feito falta para ajudar.
─ Claro que não! A Cristina fez questão de ser ela a fazer o manjar.
─ E eu ajudei, ora essa! ─ disse o Rui, que surgia da cozinha, todo emproado no seu papel de ajudante.
─ Não sei se ajudaste ou se estiveste a perturbar a cozinheira! ─ exclamou Luisa a rir-se, trocando um olhar com Sandrine, divertida do ar convencido que o namorado de Cristina havia tomado.
─ Pois fiquem a saber que se está tão bom é também graças a mim!
─ Já estiveste a comer, meu malandro!
─ Só provar. Um bom cozinheiro tem de provar a comida antes de a mandar servir aos comensais.
─ E já está pronta?
─ Está quase.
─ É que já cá estamos todos e parece que com fome, a avaliar pelas carinhas de fome…
─ Podem sentar-se à mesa que vou servindo a entrada.
─ És tu que nos vais servir? ─ perguntou Sandrine.
─ Faço questão, só precisava de um voluntário para ajudar. ─ respondeu Rui, olhando para Sandrine.
─ Eu ajudo! ─ ofereceu-se Miguel.
─ Eu também ajudo. ─ disse Francisco.
─ Mal parece eu não ajudar também! ─ riu Eduardo.
─ Vamos a isso. Luísa pede às senhoras para se sentarem e faz o mesmo. Desta vez as damas ficam de folga.
─ O que será que deu aos homens que estão tão amorosos hoje?! ─ estranhou Luísa, olhando a filha torta com um sorriso de compreensão.
─ Por certo querem alguma coisa de nós no fim. ─ preveniu Sara a sorrir.
Rita aconchegou-se ao namorado, olhando-o nos olhos sorridente. Francisco pôs-lhe o braço sobre os ombros e apoiou a cabeça na dela.
─ Pois não adianta quererem que daqui não levam nada! ─ avisou Luisa peremptória.
─ Nem eu, doçura? ─ perguntou Eduardo.
─ Bom, se eu gostar do teu serviço…
No meio da risada geral as mulheres sentaram-se à mesa e foram servidas pelos homens, tendo cada um tratado da sua dama, excepto Eduardo que serviu primeiro Sara e depois Luísa, a pedido desta. Depois sentaram-se eles e serviram-se.
Para entrada, salmão com espargos selvagens e ervas aromáticas, seguido de um bacalhau com natas regado com um delicioso vinho branco de Palmela.
Da responsabilidade da Cristina e do Rui, que não quiseram mais ninguém na cozinha, todos elogiaram efusivamente o cardápio. Haviam recusado até a ajuda de Luisa. Cristina dissera-lhe:
─ Amiga, eu e o Rui preparamos o jantar, não precisamos de ti. Faz companhia à Sara e
tenta aproveitar para a conheceres um pouco melhor.
Luisa sorriu e disse: ─ Seja feita a tua vontade, sei que não nos deixarás ficar mal!
Eduardo aproveitara para tirar uma soneca e as duas novas amigas tiveram assim oportunidade de conversar a sós.
Durante o jantar, Rita travava uma luta intima, entre o desejo de Francisco e a dúvida sobre se tinha chegado o momento certo. Ainda sentia nos seus lábios o doce prazer que ele lhe tinha deixado momentos atrás no quarto.
O namorado olhava para ela a sorrir com tanta doçura que o seu coração parecia que ia explodir de felicidade. Rita corou ao retribuir o sorriso, sentia-se envergonhada. Ele ficara a saber que seria o primeiro homem na vida dela. Os homens, hoje em dia, não ligam à virgindade das mulheres. Esse tabu é do passado. Mas ela estava feliz por ser ele o escolhido porque o amava intensamente.

Todos demasiado animados, não se apercebiam de que os jovens namorados estavam ansiosos por que o jantar terminasse.
Após o jantar, as jovens pediram licença para se levantarem da mesa. Queriam arranjar-se para irem à discoteca.
Quando se encontraram completamente sozinhas no quarto, Rita perguntou frontalmente a Sandrine:
─ Chegaste tarde para o jantar, será que se passou algo entre ti e o doutor?
─ Não se passou nada daquilo que estás a pensar, minha linda, mas foi muito bom.
─ E em que é que eu estou a pensar? ─ perguntou Rita a sorrir.
─ Não sejas má, ambas sabemos muito bem! ─ respondeu Sandrine com ar sério mas deixando transparecer o prazer que havia sentido ─ Só estivemos no meu sítio preferido que, afinal, também é o dele. Descemos à praia de mãos dadas e não resistimos à atracção que sentimos um pelo outro e beijámo-nos… apenas isso. Mas ele é muito amoroso e confesso que não sei como consegui resistir.
─ E porque resististe?
─ Talvez por sentir que ainda não era o momento certo.
Enquanto falavam, excepto Emilia que se limitava a ouvir sem deixar que se notasse a mágoa de ter o namorado ausente, iam-se arranjando para sair. Sandrine notou pelo rosto de Rita que algo se passava com ela, mas continuou:
─ Adoro quando ele me abraça, gosto cada momento passado com ele….Adoro o seu sorriso e o seu olhar desperta em mim mil sensaçoes. Acho que estou apaixonada.
As amigas sorriram perante a confissão da mulher moderna e independente que afirmava ultimamente que o melhor era curtir sem compromisso.
─ O que se está a passar debaixo dessa linda cabeleira? ─ perguntou Sandrine ao ver que a irmã continuava pensativa.
─ Aquilo do momento certo. Como é que sabemos qual é altura certa para ser a nossa primeira vez?
─ Espera com calma, sem pressa nem ansiedade. Tudo acontecerá naturalmente e quando chegar o momento saberás por ti mesma. Nessa altura apenas tens de te deixar levar ao sabor da corrente pondo de lado os medos, as inibições, apagando a consciência. ─ disse Sandrine olhando para Rita emocionada.
─ Não tiveste receio na tua primeira vez?
─ De inicio sim, mas falámos disso e foi tão meigo que correu tudo bem. Entre ti e o teu namorado não deve haver segredos sobre o que cada um sente em relação à intimidade total. O conhecimento sexual é um processo lento que exige preparação e uma relação sexual só dá satisfação total quando os dois corpos se conhecem bem e se entregam um ao outro no meio da maior tranquilidade. Não esperes demasiado da primeira relação. Aliás não esperes nada à partida. Se os vossos corpos se entenderem bem, isto é, vibrarem ao mesmo ritmo, subirão os dois ao céu ao mesmo tempo. Mas isso nem sempre acontece no primeiro acto.
Emilia que tinha estado calada a ouvir a conversa respondeu prontamente.
─ No fundo, não há uma hora certa. Apenas a certeza dos sentimentos de parte a parte. A hora certa é quando sentires confiança e intimidade suficiente, para te entregares àquela nova pessoa na tua vida. E amar é tão bonito! Não há nada melhor do que acordar nos braços da pessoa amada, sorrir e voltar a cair nos seus braços.
Ele faz-me sentir viva, mulher, amada e com a certeza de que é com ele que vou ficar.
Emília refugiou-se na casa de banho marejada de lágrimas. As amigas respeitaram a sua dor e ficaram em silêncio.
Sandrine compreendia a batalha que Rita travava com ela própria. Ela também tinha passado por aquele momento há alguns anos. O seu coração tinha-a enganado, mas crescera e hoje era uma mulher com maturidade.
Naquele momento, Luísa batia à porta do quarto.
─ Posso entrar?
─ Sim, mãezinha, disse Rita.
─ Que bonitas as minhas filhotas. Os cavalheiros estão desesperados à vossa espera.
─ Já vamos, só mais uns minutos.
Emília reapareceu e as duas amigas abraçaram-na com muito carinho.
As jovens juntaram-se ao grupo que as olhavam com admiração pela beleza e sensualidade que cada uma deixava transparecer.
─ Vamos? ─ perguntou Sandrine, aproximando-se de Miguel que não tirava os olhos dela.
─ Espera só um pouco, por favor, que vou perguntar à minha tia quem a levará a casa ou se quer ir agora.
Eduardo estava por perto e, ouvindo a conversa, abeirou-se e disse:
─ Não se preocupem que nós trataremos dela. Vão-se embora!
─ Obrigado! Vamos então.
No momento em que saíam para a grande a grande noitada, o telefone tocou e Rita, que estava mais perto, atendeu:
─ Buenas noches! Ela mesma.
─ Parabéns minha querida, não podia esquecer o acontecimento, mas o telefone sempre que chamava estava ocupado ─ disse a mãe de Franscisco do outro lado da linha.
─ Ah, obrigada!
Ainda falaram mais uns minutos e despediram-se.
Os outros já a esperavam no carro de Miguel.
Discretamente, de vez em quando durante o trajecto, Miguel pegava a mão de Sandrine.
No banco detrás, Rita ia abraçada e aninhada em Francisco.
Emília sorria!
Passaram primeiro pelo café Bambi e, quando chegou a altura, foram para a discoteca.
Nessa noite havia muita gente no Império Romano. Emília, Francisco e Miguel que não conheciam o local, ficaram admirados pela grandeza do espaço e espectacularidade da decoração. Com vários bares e zonas para dançar, dirigiram-se para onde havia música ao vivo e escolheram uma mesa ao pé da pista de dança.

Continua...