Virtual Realidade

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Location: Portugal

Friday, November 03, 2006

Virtual Realidade Parte 59


O par continuava a descer o trilho, abraçado e feliz. Os raios de sol muito tímidos, filtrados pelos pinheiros, pareciam envergonhados de os ter surpreendido naquela cumplicidade ainda não explicitada, mas que adivinhavam já existir entre Eduardo e Luísa.
Os dois mal apreciavam a linda paisagem que se ia desenrolando ante os seus olhos à medida que avançavam em direcção à praia. Para Luísa aquela era uma paisagem muito familiar, já a conhecia de olhos fechados, e só tinha atenção para ele. Eduardo, achava o momento demasiado belo e mal se detinha na realidade que envolvia aquele sonho. Por intermitências lamentava não ter levado a sua inseparável SLR para fixar o momento. Luísa eufórica fazia de guia explicando tudo o que sabia sobre aquela praia, agora tão deserta, de um modo automático, quase sem pensar, para disfarçar o desejo que sentia por ele. Cada olhar, cada toque entre eles, era o aflorar do ardor da paixão intensa que nutriam um pelo outro. Luísa pensava que a manhã tinha sido fugaz, mas regada de esperanças e sonhos. Tinha uma vontade enorme de abraçar o mundo. Sentia-se infinitamente feliz.
─ Olha este arbusto conheces? ─ Pergunta Luísa radiante. ─ Em Agosto dá umas bolinhas brancas, a que chamamos camarinhas.
─ Conheço perfeitamente! Para os meus lados também há disso. Obrigado, amor por me teres trazido por aqui; a paisagem é simplesmente espectacular. ─ E reparando num banco isolado numa clareira sobre o declive: ─ Que banco engraçado e convidativo está ali!
─ É neste banco que me sento muitas vezes a falar com o mar, a apreciar o pôr-do-sol, a olhar o horizonte e a perder-me em sonhos. Chamo-lhe «o meu banco».
Eduardo olha o rosto de Luísa que deixa transparecer todo o encanto e amor que sente por ele.
Eduardo, lentamente, aproxima-se dos lábios de Luísa, cor de cereja carnudos e sensuais, e beija-os ao de leve, sentindo-os reagir como um botão de flor que se abre para a visita do insecto polinizador, agente inconsciente da criação da vida. E aquele beijo cada vez se torna mais envolvente, intenso e apaixonado.
Entrelaçados finalmente, desceram à praia. O tempo estava ligeiramente enevoado, o mar um pouco agitado e as gaivotas pousadas sobre o areal dourado.
Ambos sentiam que o mundo estava a ser criado de novo, para além dos limites da imaginação, e que isso seria pintado na abóbada celeste para testemunho e exemplo da humanidade do futuro.
Caminharam pela beira do mar, a água molhando-lhes os pés. Ambos tinham tirado os sapatos e Eduardo arregaçara as calças. Luísa divertida ria e brincava com a água, chapinhando e atirando a Eduardo alguns salpicos. Ele olhava para ela sorrindo, imensamente feliz por ter ganho coragem de a conhecer.
─ És uma adorável tentação! ─ Disse
O bando de gaivotas voou assustado na frente deles em direcção ao horizonte, numa nuvem de asas pretas e brancas emitindo os seus gritos peculiares.
Eduardo contagiado pelo momento participa na brincadeira correndo atrás dela, derruba-a e ambos caiem na areia rindo muito. Impulsivamente vira-se para Eduardo e beija-o; foi um beijo demorado, sôfrego, com sabor a sal, a boca dela pegada à dele como uma lapa. Ardia-lhe a boca e sentia formigueiros na pele.
Aninhada e embalada pelos braços de Eduardo, os seus dedos deslizam e exploram os segredos mais ocultos, pulsa a excitação; um pouco atordoado, sem se poder controlar por mais tempo Eduardo olha-a nos olhos e sussurra:
─ Os nossos corpos ficarão para sempre desenhados no crepúsculo em tons de vermelho e ouro. Será que tens coragem de me acompanhar até ao infinito?
─ Experimenta-me! ─ Exclamou Luísa, completamente rendida.
Embalada pela magia das palavras ela deixa-se conduzir ao sabor dos beijos quentes e inebriantes. E as roupas de ambos voaram num instante. Ela procura o corpo já nu de Eduardo com a urgência que só o desejo mais louco pode desencadear. Sentia-se húmida ao simples contacto daquela língua quente que suavemente percorria o seu corpo fazendo-a soltar leves gemidos. Luísa enlouquecia de prazer enquanto sentia a boca sôfrega de Eduardo deslizando junto ás suas coxas, pelo seu ventre… Ele entrou dentro dela, louco de desejo. Ela deixou-se penetrar, sentindo cada segundo de prazer a levá-la ao êxtase, tendo por companhia o pôr-do-sol que já se deitava sobre o mar. Saboreava cada momento arrebatadamente, como se fosse a primeira vez que se entregava a um homem, embora fosse ela a verdadeira responsável pela surpreendente entrega.
Ficaram largos minutos abraçados naquele amplexo amoroso como se quisessem ficar fundidos num só corpo.
Por fim levantaram-se, vestiram-se, entre beijos e sorrisos, mas o desejo continuava latente como não tivesse sido completamente saciado.
De mãos dadas percorriam o areal, olhavam para o crepúsculo completamente rendidos pela aura dourada que flutuava nas suas vidas. Quando Eduardo repentinamente pára: e na areia molhada desenha um coração. Luísa escreve dentro do coração «Amo» e Eduardo finaliza «te», «Amo-te».
As gaivotas regressaram e, planando sobre eles em voos apaixonados, era como se quisessem dizer que aprovavam aquele amor que eles sentiam um pelo outro.

Ele pegou-lhe nas mãos e beijou-as suavemente olhando-a com os olhos cheios doçura.
Ela olhava-o enternecida.
─ Amor, tu sabes que eu tenho dificuldade nas palavras, mas o que acabamos de viver, foi muito intenso, belíssimo, inexplicável, inesquecível; ali está tudo o que eu sinto por ti.
─ Amo-te muito! ─ Respondeu Luísa.
─ Queres ser minha namorada a partir de hoje?
Luísa, emocionada perante o pedido inesperado de Eduardo, balbuciou:
─ Sim, claro que quero meu amor! Sou a mulher mais feliz ao cimo da terra.
Encaminharam-se para casa fazendo projectos para um futuro próximo. Quando chegaram Luísa perguntou:
─ Queres ficar cá esta noite amor lindo? Gostava muito.
─ Minha querida, teria todo o gosto, mas amanhã tenho que estar em Braga bem cedo. Mas prometo que muito em breve estaremos juntos novamente.
Naquele momento o telemóvel de Luísa tocou:
─ Olá filhota, estás bem?
─ Estou bem, mas com muitas saudades tuas. Já me estou habituar a este clima tão diferente do nosso. Mãezinha, quero-te feliz.
─ Minha querida, eu estou felicíssima! E sabes quem é a pessoa que me faz feliz, que está aqui hoje comigo e me presenteou com um dia maravilhoso repleto de emoções?
─ Será que eu adivinho?
─ Sim, é o Eduardo! Mais tarde ligo-te a contar tudo. Beijinhos querida! Até logo.
─ Era a Rita. Mais logo ligo-lhe a contar sobre nós.
─ Ela está a dar-se bem?
─ Sim, está. A minha felicidade é completa. Tens mesmo de ir?
─ Tenho mesmo.
─ Quando chegares liga.
─ Certamente que o farei, amor. ─ E fixando-lhe o olhar: ─ És tão linda! Obrigado, doçura por este dia que ficará gravado eternamente no meu coração como o princípio das nossas vidas. Mas agora tenho de ir.
Despedem-se num longo beijo apaixonado.
Até breve!

Continua...