Virtual Realidade

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Friday, April 18, 2008

Virtual Realidade Parte 132




Ao som de uma música suave, Miguel, sem dizer uma palavra, conduziu Sandrine até à pista de dança. Durante meia hora rodopiaram numa dança de sensações, envolvidos pelo som de sucessivas músicas românticas. Flutuaram sintonizados naquele momento de magia e sedução. Emília ficou a contemplá-los sonhadora, enquanto Rita e Francisco encontravam um no outro, razão suficiente para não quererem saber de mais nada.
─ Vocês não vão dançar? ─ perguntou Emília a certa altura.
─ O meu curso não me deu tréguas para aprender. ─ respondeu Francisco a sorrir.
─ Devias ter tirado medicina! ─ exclamou Rita! ─ Vê como o Miguel dança bem. Mas não te preocupes que eu também sei pouco. E tu? ─ perguntou dirigindo-se à amiga.
─ Não sou uma profissional, mas danço menos mal. Só falta cá o meu par senão mostrava-vos.
─ Danças o tango? Gosto muito de ver quando bem dançado.
─ Dou um jeito.
A musica começou a ser mais agitada e os bailadores regressaram à mesa para uma pausa. Já todos juntos, Francisco mandou vir champanhe.
Rita bebeu apenas um gole. Os seus olhos encontraram os do namorado, mas desviou-os quase de imediato. Começava a sentir desejo de fugir dali e estar a sós com ele.
─ Estás bem? ─ perguntou Francisco preocupado.
─ Estou bem sim amor. Só não queria que esta noite maravilhosa acabasse.
─ Está nas nossas mãos não deixar que isso aconteça.
Rita entendeu perfeitamente a mensagem do namorado.

Enquanto os jovens se divertiam, Luísa tinha acabado de tomar um banho de imersão para relaxar das emoções do dia. Espalhou um creme hidratante pelo corpo e vestiu algo confortável. Queria estar bem cheirosa para receber o namorado. Precisavam ambos de uns momentos só para eles. Deitou-se, pegou num livro, que tinha sempre na mesa-de-cabeceira, e começou a ler.
Eduardo fora levar Sara a casa, não devia demorar.

Rui deixou Cristina em casa e partiu ainda para Aveiro. No momento da despedida, disse-lhe:
─ Amor, tem cuidado com o Victor. Tenta não estares com ele muito tempo sozinha. Não confio nele.
─ Não te preocupes comigo, querido. Eu prometo cuidar-me.
Rui envolveu a amada nos braços e sorriu.
─ És maravilhosa!
Ao fechar lentamente a porta, enquanto se descalçava, Cristina só conseguia pensar na felicidade que era ter um namorado como o Rui. Passou pelo quarto do filho, mas ele já dormia e beijou-o docemente saindo de mansinho.
Já deitada, reviveu o dia e a surpresa que teve em ter conhecido a mulher que iria colocar o marido na prisão. Seria de grande ajuda para a sua liberdade. Mas porque razão não confiava inteiramente nela?
E, com estes pensamentos, acabou por adormecer.

Luísa não conseguiu manter-se acordada, o cansaço físico e emocional acabou por levar a melhor.

Quando os jovens deixaram a discoteca estava muito frio e o dia amanhecia.
Ao entrarem no carro, Miguel, numa voz sumida, ainda de mão dada com Sandrine, disse:
─ Nem quero acreditar que amanhã já te vais embora.
─ Pode ser que não vá. Estou a tentar que um colega vá no meu lugar ─ e sorria abertamente.
Miguel beijou-lhe a mão como sinal de reconhecimento.
Chegados a casa, todos se despediram do médico menos Sandrine.
─ Vão indo que eu já vou.

Emília foi a primeira a entrar em casa e Sandrine, pouco depois, também se despediu de Miguel prometendo que logo que tivesse notícias lhe telefonaria. Mas, antes, a boca dele apossou-se da dela, arrebatando-a num beijo intenso e demorado.
Sandrine passou pelo jovem casal a correr e nem reparou neles. Entrou no quarto ofegante. Emília, entretida a vestir o pijama, lembrou:
─ Não feches a porta da rua. A Rita ainda lá está fora com o Francisco, embora duvide que venha tão cedo.
─ Eu sei! ─ respondeu Sandrine, trocando com a argentina um sorriso de entendimento.

Francisco e a namorada ficaram sozinhos no jardim deserto, onde as sombras da noite já se afastavam, suavemente empurradas pela claridade do dia, frio mas sem nuvens, que iria permanecer para sempre no coração dos dois apaixonados.
─ Não tens sono, fofinha? Não queres ficar um pouco mais comigo?
─ Eu quero ficar contigo para sempre, permanecer acordada nos teus braços e que este dia nunca acabe! ─ respondeu Rita, apertando-se contra o namorado.
─ Vamos até á praia, a um cantinho sossegado? ─ sugeriu Francisco um pouco timidamente.
Mas ela, tremendo de frio, pegou-lhe na mão e disse:
─ Vem, eu sei de um sítio muito melhor onde ninguém nos perturbará.
Entraram na pequena cabana que havia ao fundo do jardim onde Luísa guardava as velharias. O interior da cabana estava muito bem arranjado. Entre várias coisas, tinha uma boa lareira e um sofá-cama muito confortável.
─ Vamos fazer uma fogueira, amor? Está frio e não te quero constipada outra vez!
─ Sim, tens tudo ali o que precisas. ─ informou Rita, apontando para uma cesta de verga cheia de lenha.
Enquanto o namorado acendia a lareira, vasculhou o baú e encontrou uma manta, cobrindo-se com ela.
─ Oh, estou a tremer!
─ Aguenta mais um bocadinho, que daqui a pouco já temos isto quente. Também estou gelado.
─ Vem aqui para ao pé de mim que o cobertor dá para os dois e pertinho um do outro ficaremos mais aconchegados. E podemos aproveitar para namorar mais um bocadinho. Ainda namorámos tão pouco! ─ convidou ela com um lindo sorriso cheio de sugestões.
─ Tens razão, então eu vou! ─ sorriu ele, apercebendo-se das promessas encerradas naquele convite cheio de ternura.
─ Sim, anda!
─ Primeiro deixa-me carregar bem a lareira de lenha.

─ Luísa acordou em sobressalto, toda transpirada. Tinha tido um pesadelo. Olhou para o outro lado da cama e estava vazia.
─ Eduardo! ─ Gritou, desesperada, o nome do namorado.


continua