Virtual Realidade

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Location: Portugal

Friday, August 25, 2006

Virtual Realidade Parte 50


Enquanto as duas novas amigas trocavam os contactos Luísa passava os olhos pelos anúncios afixados no quadro da parede. Um deles despertou-lhe a curiosidade e começou a ler:

Consciente de ello, la Universidad de Pamplona ha desarrollado contactos con otras instituciones internacionales mediante el establecimiento de convenios de colaboración en el ámbito académico, docente e investigativo. En tal sentido, las iniciativas han dado lugar, en el marco de un proceso de internacionalización, a la formación de redes de cooperación de carácter multilateral. Con países de Europa, América del Norte y Sur América, se han establecido políticas de cooperación internacional que conducen a una más estrecha colaboración entre los responsables de las mismas. Las relaciones que se mantienen con universidades en España, Suiza, Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Argentina y Brasil, entre otros, han llevado a nuestros profesores a participar con ponencias en seminarios y congresos internacionales, además, han abierto sus puertas para que cursen estudios de posgrado.

Luísa estava a ficar preocupada com a demora de Rita. Havia hora e meia que tinha entrado por aquela porta… Por fim Rita apareceu.
─ Desculpa a demora mãezinha, mas tive que preencher vários papéis.
─ Não te preocupes! Viemos cá para fazer o que fosse preciso e demorar o tempo necessário. Correu tudo bem?
─ Tudo. Sabes, conheci uma rapariga portuguesa e trocámos contactos; pareceu-me muito simpática. Daqui a dois dias já poderei ir para a residência. Livra que foi por um triz que escapei de ser praxada, mas amanhã certamente não escaparei.
─ Foi bom teres conhecido essa moça! Uma compatriota num país desconhecido, é sempre bom. Fico mais descansada.
─ Mãezinha, isso não quer dizer nada: nem sempre os que são da mesma nacionalidade são os mais sinceros e de mais confiança.
─ Pois não filhota, mas talvez tenhas sorte. E agora vamos dar um passeio? ─ Perguntou Luísa.
A noite ainda não tinha caído quando regressaram ao hotel.
Os dias seguintes foram agitados para Rita que não escapou das praxes universitárias. Nada de difícil nem de humilhante. Aceitou tudo com espírito desportivo tendo colaborado em todas as brincadeiras. Quando a mãe a viu aparecer toda pintada, qual guerreira índia, desatou a rir e disse:
─ Ah, ah! Que bonita que estás, tu que odeias pinturas…! Espera, não laves a cara. Quero tirar-te uma foto. Será uma recordação. Há momentos que ficarão para sempre marcados na nossa vida. Um dia vais querer recordar, mesmo que agora não aches muita graça agora.
─ Está bem mãezinha!
Os dias passaram mais depressa do que mãe e filha desejavam. Rita ia para a residência e Luísa voltava a Portugal, desta vez de avião. Iria de autocarro até Bilbao onde apanharia o avião para Lisboa.
De malas prontas deixaram o hotel e apanharam um táxi, que levaria a Rita à universidade, e Luísa à paragem do autocarro para Bilbao.
Ainda no quarto mãe e filha com os olhos rasos de lágrimas abraçaram-se, recomendando uma à outra que procurassem ser felizes.
Luísa naquele momento abraçada à filha, recordou-se de que havia uns pares de anos também ela se tinha despedido da mãe e da avó no aeroporto de Lisboa. Ia para o Estados Unidos a convite dos tios maternos para ser babysister de um primito que tinha um ano. A mãe deu-lhe um beijo e recomendou-lhe que se portasse bem, fosse amiga dos tios e não fizesse nada que os envergonhasse. A avó apenas disse:
─ Vais ser uma grande mulher, minha querida.
E Luísa partiu com 15 anos de idade naquele enorme pássaro que, ao fim de dois anos de desilusão, a trouxe de volta a Portugal.
Rita ia dividir o quarto com mais uma colega, mas ainda não a conhecia.
O táxi parou na residência que ficava nas traseiras da Universidade. Mãe e filha abraçaram-se novamente dizendo ao mesmo tempo “até breve”. Comunicar-se-iam através da Internet.
O táxi rodou depois em direcção à paragem de autocarro prevista para deixar Luísa e foram acenando até deixarem de se ver.
Quando deixaram de se ver Luísa sentiu um aperto no coração: metade dela ficava ali naquela cidade espanhola. Tentou distrair-se olhando a paisagem, mas o seu pensamento estava no olhar límpido de Rita cheia de confiança.
Quando entrou no avião e sentiu a máquina a elevar-se no ar, Luísa pensou que suas vidas seriam diferentes a partir daquele momento.
Quando aterrou no aeroporto da Portela e pôs os pés em terra, Luísa suspirou aliviada; detestava andar de avião. Na sala de espera encontrava-se Cristina à sua espera.
As amigas caíram nos braços uma da outra.
─ Olá amiga querida! Que saudades eu tinha de ti. O tempo nunca mais passava. Tenho novidades para te contar.
─ És uma exagerada! Não passaram assim tantos dias. ─ Diz Luísa com o seu sorriso matreiro. ─ Conta-me todas as novidades já!
─ Primeiro a menina, eu tenho tempo!
A viagem decorreu muito animada: as amigas foram a tagarelar durante todo o trajecto.
─ Sabes que já conheço o teu Eduardo, costumamos falar pelo MSN, eu, o Rui, e ás vezes o Eduardo aparece e junta-se a nós. Acho-o uma pessoa fantástica. Compreendo agora como te deixaste envolver emocionalmente. Vais ter uma grande surpresa brevemente.
─ Parece que sabes mais do que eu! Conta lá!
─ Mas ele não te disse nada?
─ O Eduardo telefonou-me, eu ia caindo de susto. Foi uma grande surpresa. Nunca tínhamos falado ao telefone. Reconheci logo a voz dele, é inconfundível. Diz que tem uma surpresa para mim, mas não me disse qual e tu parece que a conheces já.
─ Se nunca tinham falado ao telefone, como reconheceste a voz dele? O Rui contou-me que ele está verdadeiramente apaixonado por ti.
─ Amiga, esqueceste que através do MSN podemos falar? Nós não temos câmara, mas podemos falar, basta ter micro.
─ Tens razão amiga, ultimamente tenho encontrado mais o Rui ao vivo do que no MSN. Logo que o Victor regresse da Bósnia, irei ter uma conversa muito frontal com ele, quero o divórcio. O meu filho acabou com a namorada e eu gostava tanto da pequena!
A viagem chegou ao fim, e as amigas despediram-se prometendo muito em breve irem beber café.
Chegada a casa, nenhuma novidade se registava a não ser uma mensagem da mãe, a saber se já tinha chegado. Depois de um duche reconfortante, quando abriu a mala para procurar alguma roupa interior, deparou-se com um pequeno presente que a Rita lhe tinha oferecido, quando visitaram Vitória. Pegou nele com carinho e colocou-o na cómoda do seu quarto.
Dormiu repousada e calma, embora sonhando com Rita e Eduardo.

Continua...